Igreja/Abusos: Organização da JMJ Lisboa 2023 aponta a «cultura de prevenção e cuidado»

«Os relatos chocam-nos e envergonham-nos», referem responsáveis

Lisboa, 15 fev 2023 (Ecclesia) – A organização da JMJ Lisboa 2023 reagiu “com dor e profunda tristeza” à divulgação do relatório da Comissão Independente (CI) para o Estudos dos Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja Católica em Portugal.

“Os relatos chocam-nos e envergonham-nos. Reafirmamos o nosso compromisso em ser parte ativa, promovendo uma cultura de prevenção e cuidado na organização da Jornada Mundial da Juventude de Lisboa 2023”, refere uma nota, divulgada online, pelo Comité Organizador Local.

Os responsáveis convidam a rezar “por todos aqueles que foram abusados física, emocional e sexualmente por membros da Igreja Católica”.

“Pedimos que sejam lembrados, respeitados e acompanhados em tudo o que necessitarem”, conclui a nota.

A organização da JMJ Lisboa 2023 e a APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima – estão a colaborar em procedimentos de prevenção, proteção e resposta a incidentes que possam envolver jovens participantes na jornada.

A CI validou um total 512 testemunhos de abuso sexual na Igreja Católica nas últimas décadas, com um “pico” entre as décadas de 60 e 90 do século passado, segundo o relatório final do organismo, divulgado esta segunda-feira.

O texto faz recomendações à Igreja e também à sociedade portuguesa, sugerindo que a prescrição dos crimes de abuso sexual aumente até aos 30 anos da vítima e propondo a realização de um “estudo nacional sobre abusos sexuais de crianças nos seus vários espaços de socialização”.

O primeiro-ministro português anunciou esta terça-feira que vão decorrer reuniões do Governo com membros da CI, considerando “chocante” o crime de abuso sexual de menores, nos vários setores da sociedade.

“Acho que é um problema que choca toda a sociedade, que nos perturba a todos, sobretudo porque não sinaliza só abusos sobre crianças no espaço da Igreja, mas de ser uma realidade mais transversal à sociedade”, disse aos jornalistas, à margem de uma visita à Escola do Porto da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa.

As reuniões vão envolver a ministra da Justiça e a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

“Há um conjunto de lições a retirar também para outros domínios, porque seguramente aquela realidade não aconteceu só naquele contexto específico”, precisou António Costa.

OC

 

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