D. Américo Aguiar destaca processo de «transparência total, de tolerância zero» na luta contra abusos sexuais
Lisboa, 21 out 2022 (Ecclesia) – A organização da JMJ Lisboa 2023 e a APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima – estão a colaborar para definir procedimentos de prevenção, proteção e resposta a incidentes que possam envolver jovens participantes na jornada.
D. Américo Aguiar, presidente da Fundação Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023 disse hoje aos jornalistas que o trabalho conjunto visa também a prevenção de casos de abusos sexuais, elogiando o compromisso da Igreja Católica neste campo.
“Para nós é uma riqueza, é muito importante, muito positivo, estarmos a viver um processo de transparência total, de tolerância zero, porque não poderia ser de outra maneira”, realçou.
O bispo auxiliar de Lisboa falou num “processo de transparência, de tolerância zero, de separador de águas” em relação ao passado e ao futuro.
Questionado sobre se a sucessão de notícias sobre abusos sexuais na Igreja pode condicionar a inscrição de jovens na JMJ 2023, D. Américo Aguiar declarou que, para a organização da jornada, “o que seria negativo seria não estar a fazer o que tem de ser feito”.
“Para a jornada, propriamente dita, é muito positivo que a Igreja portuguesa esteja a fazer o que está a fazer, com percalços, com ruídos, com incidentes, mas está a fazer. Isso é que é o importante, nada nos parará”, afirmou.
Estamos a percorrer o caminho certo. Todos temos consciência das dificuldades, dos sofrimentos que daí decorrem, mas não se comparam ao que são e ao que foram os sofrimentos das potenciais vítimas que viveram estas circunstâncias”.
A APAV vai intermediar o apoio a jovens participantes da JMJ Lisboa 2023 que sejam vítimas de eventuais incidentes, num trabalho “o mais transversal possível”.
“Quando chegamos ao dossier da proteção de menores e dos acidentes/incidentes que podem ocorrer, com centenas de milhares de pessoas reunidas no mesmo sítio, procuramos uma entidade que tivesse experiência no terreno”, precisou D. Américo Aguiar.
A APAV apresentou um guia com as melhores práticas em eventos internacionais, para acompanhar os dias em que vão acorrer a Lisboa centenas de milhares de pessoas, no próximo ano.
Uma das recomendações já aplicadas é que todos os voluntários e colaboradores do Comité Organizador Local (COL) tenham de apresentar o seu registo criminal.
“É um sinal”, apontou o presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023.
Os jovens que ficarem alojados em famílias de acolhimento irão fazê-lo sempre na companhia de, pelo menos, mais um peregrino – no caso dos menores de idade, serão acompanhados por um adulto.
O objetivo, precisou D. Américo Aguiar, é “diminuir a possibilidade de incidentes”.
Após um encontro com jornalistas na sede do COL da JMJ Lisboa 2023, o responsável confirmou que as inscrições para a jornada do próximo ano vão ser abertas até final de outubro.
O Papa Francisco será o primeiro peregrino a registar-se, ficando o sistema imediatamente aberto.
As inscrições dos participantes na JMJ Lisboa 2023 são feitas online, através do preenchimento de um formulário de inscrição, disponível em cinco idiomas (português, inglês, italiano, francês e espanhol).
OC
A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) foi instituída por João Paulo II, em 1985, e desde então tem-se evidenciado como um momento de encontro e partilha para milhões de pessoas por todo o mundo.
A primeira edição aconteceu em 1986, em Roma, e desde então a JMJ já passou pelas seguintes cidades: Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019). A próxima edição internacional vai decorrer na capital portuguesa de 1 a 6 de agosto de 2023, após ter sido adiada um ano por causa da pandemia de Covid-19. |
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