Igreja: «A vida do padre não se resume à prática dos sacramentos» – Padre Ricardo Freire (c/ vídeo)

Sacerdote dehoniano lembra que fundador da congregação dizia que «o padre não pode ser alguém que fica na sacristia, que fica confinado ao culto»

Lisboa, 27 jun 2025 (Ecclesia) – O padre Ricardo Freire (Dehoniano) afirmou que os sacerdotes têm “uma vida desafiante”, no contexto da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, que a Igreja Católica celebra hoje, com um Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes.

“A vida do padre não se resume à prática dos sacramentos, que também é muito importante, mas depois é uma vida de estar com as pessoas, tal como Jesus também esteve com as pessoas, e de facto muita da sua mensagem no Evangelho vem desse encontro com as pessoas no mundo real, naquilo que as pessoas vivem, e não é algo que se possa prever, mas é algo que se vive a partir desta inspiração de uma vida de amizade com Jesus”, disse o padre Ricardo Freire, esta sexta-feira, dia 27 de junho, à Agência ECCLESIA.

O entrevistado da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) afirma que “a vida do padre é uma vida desafiante”, não é algo que aprendam na escola, onde podem “aprender muitas coisas, e é muito importante a formação académica”, mas o sacerdócio é uma vida de “uma constante aprendizagem” daquilo que são chamados a fazer.

O padre Ricardo Freire, ordenado presbítero em 2006, explica que é padre quem responde sim a uma vocação, e, ao longo da vida, compreendem mais daquilo que são chamados a fazer conforme vão crescendo na amizade com Jesus, “amizade com as pessoas, tal como Jesus também criou essa amizade”.

A Igreja Católica celebra hoje a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, na sexta-feira da semana seguinte à Solenidade do Corpo de Deus, e, desde 1995, o Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes, instituído pelo Papa São João Paulo II.

“É um movimento que na Igreja toda se presta a esta oração pela santificação dos sacerdotes, e este ano, com esta maravilhosa indicação também de o celebrarmos dentro do jubileu”, acrescentou, em referência ao Ano Santo 2025, o 27.º jubileu ordinário da Igreja Católica.

O Vaticano acolheu três eventos jubilares esta semana, desde segunda-feira, dia 23, dedicados aos seminaristas, aos bispos, e aos padres de todo o mundo, que terminou hoje com a ordenação de 32 sacerdotes, numa Missa presidida pelo Papa; Leão XIV que, no encontro com seminaristas, traçou o perfil do padre do futuro, em duas atitudes, uma “Igreja aberta e em saída missionária”.

O padre Ricardo Freire, a partir da sua “experiência espiritual, experiência carismática” do padre Leão Dehon (1843-1925), lembra que o fundador da Congregação religiosa dos Dehonianos teve a inspiração de dizer que “o padre não pode ser alguém que fica na sacristia, que fica confinado ao culto”, e essa ‘Igreja em saída’, expressão popularizada no pontificado de Francisco, é “uma Igreja que é capaz de ir ao encontro, uma Igreja que é capaz de lavar os pés, uma Igreja que é capaz de festejar”.

O entrevistado lembrou também o Ano Sacerdotal, em 2010, com o Papa Bento XVI, nos 150 anos da morte do Santo Cura d’Ars, o padroeiro dos sacerdotes, São João Maria Vianney, que dizia que “o sacerdote é o amor do Coração de Jesus”, no Programa ECCLESIA, transmitido esta sexta-feira, na RTP2, onde também comentou as leituras que vão ser escutadas nas Missas de domingo, com um apontamento de ‘esperança’ do Ano Santo 2025, destacado pelo padre João Lourenço.

O padre Ricardo Freire usou também “um chavão do Papa Francisco”, para pedir às comunidades que “não se esqueçam de rezar” pelos sacerdotes.

“Eu, de facto, gostaria hoje de confiar-me a mim, e aos meus colegas todos, à oração de todas as pessoas das nossas comunidades, e dizer-lhes que, assim como elas estão no nosso coração, porque o sacerdócio faz sentido também, e sobretudo para os outros, o sacerdócio vivido em missão, pedir que também nós estejamos no coração das pessoas, e que, de facto, nas suas orações rezem por nós.”

PR/CB

Foto: Vatican Media

Sobre a “alegria grande” de celebrar a Solenidade do Coração de Jesus, o padre Ricardo Freire começou por destacar a quarta encíclica do pontificado de Francisco, a ‘Dilexit nos’ (amou-nos), “quase um testamento espiritual sobre a espiritualidade do Coração de Jesus”, publicada a 24 de outubro de 2024.

“Chamava-nos, precisamente, a perceber que todo o amor humano que nós possamos conhecer, e que é talvez inalcançável ao nosso conhecimento, podemos conhecê-lo em Jesus. Eu penso que é de uma atualidade imensa, até para os tempos que vivemos, com as ameaças de guerras, daquilo que seja, e que nós podemos, de facto, encontrar em Jesus um desafio a viver a partir do amor”, desenvolveu o sacerdote Dehoniano.

O Papa Leão XIV fez hoje “um convite urgente” aos padres de todo, para serem construtores “de unidade e de paz”, numa mensagem pelo Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes.

 

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