“Nesta época dessacralizada, as igrejas conservam um significado arquitetónico e urbanístico reconhecido”, padre Giuseppe Midili.
Fátima, 09 nov 2024 (Ecclesia) – O professor do Pontifício Instituto Litúrgico do Ateneu Sant’Anselmo (Roma), padre Giuseppe Midili, disse, este sábado, em Fátima, que a liturgia “é a obra das obras” e exprime-se “em muitas artes”.
“A liturgia é uma arte que existe (isto é, postula, necessita, exige) e se exprime em muitas artes: arquitetura, pintura, mosaico, escultura, fundição de metais, música, canto, bordado, alfaiataria”, e “sem estas artes, não há liturgia” porque ela “é a obra das obras”, sublinhou o orador na primeira Jornada Nacional de Arquitetura e Artes para a Liturgia que decorreu Domus Carmeli (Carmelitas Descalços), em Fátima.
Na sua preleção, o orador afirmou também que “sem arquitetura, não há um espaço para apresentar a arte” porque a arte “exprime-se nos espaços da arquitetura”.
Na primeira jornada nacional dedicada à arquitetura e artes para a liturgia, sob o tema «Arquitetura e artes para a liturgia: que lugares?», o padre Giuseppe Midili realçou que “a criação artística para a liturgia não tem como objetivo a realização individual, mas compreende a obra unida aos seus destinatários”.
“Não visa descrever factos, fenómenos, atitudes religiosas, suscitando sentimentos religiosos que podem fazer parte de uma espécie de estética religiosa. Mas a arte espiritual não é isso. Não é a ilustração de temas ou sentimentos religiosos”, acrescentou
Na iniciativa que contou com cerca de 120 participantes, o professor do Pontifício Instituto Litúrgico do Ateneu Sant’Anselmo afirma que mesmo “nesta época dessacralizada, as igrejas conservam um significado arquitetónico e urbanístico reconhecido” e “são vistas como património comum”
“É por isso que até os não crentes criticam por vezes as igrejas que não reconhecem como evidentes no seu significado e na sua forma”, acrescentou.
A jornada pretendeu ser um espaço e um tempo formativo tão necessário e urgente a todos os intervenientes que estão envolvidos em projetos de novos complexos paroquiais ou monásticos ou de adequação litúrgica.
Para além do orador italiano, a iniciativa contou também a participação dos arquitetos António Jorge e André Cerejeira Fontes partilharam a experiência na remodelação da Igreja de Cedofeita (Porto).
A par deste programa, a iniciativa incluiu ainda uma feira do livro dedicada aos temas tratados na jornada, e que contou com a presença das editoras Brotéria, Paulinas, Paulus e Secretariado Nacional de Liturgia.
Esta atividade foi levada a cabo pelo recém-criado Serviço de Arquitetura e Artes para a Liturgia do Secretariado Nacional de Liturgia, coordenado por Isabel Maria Alçada Cardoso, e do qual faz parte padre Carlos Alexandre Alves Pinto, Dina Figueiredo, padre e arquiteto João Norton de Matos, padre Joaquim Félix de Carvalho, padre e arquiteto José Manuel de Oliveira Ribeiro, arquiteto Pedro Marques de Abreu e o arquiteto Pedro Salinas Calado.
LFS