Agência do Vaticano destaca impacto de conflitos no Sudão do Sul e Mianmar sobre as comunidades católicas
Cidade do Vaticano, 30 dez 2021 (Ecclesia) – A Agência Fides, do Vaticano, informou hoje que 22 missionários foram assassinados em 2021, entre leigos, sacerdotes, religiosos, seminaristas e catequistas católicos.
O relatório anual sublinha que o ano ficou marcado ainda pelo impacto de vários conflitos, como no Sudão do Sul e Mianmar, na vida das comunidades cristãs.
A Fides fala de religiosas “mortas a sangue-frio por bandidos no Sudão do Sul e catequistas mortos em confrontos armados nas comunidades do país africano, além de jovens mortos por atiradores “enquanto tentavam levar ajuda aos deslocados que fugiam de confrontos entre o exército e guerrilheiros em Mianmar”.
No dia 24 de dezembro, véspera de Natal, mais de 35 civis, todos católicos, foram mortos pelos militares de Mianmar e os seus corpos queimados.
Já na Diocese de Tombura-Yambio, no Sudão do Sul, 16 pessoas, incluindo catequistas e agentes pastorais foram mortos em 2021 durante os confrontos armados.
Estes números não são incluídos na listagem, que aborda especificamente a morte de missionários, a “ponta do icebergue” dos que “sofrem e pagam com a vida a sua fé em Cristo”.
“As listas elaboradas anualmente pela Agência Fides são sempre provisórias, pois limitam-se a recolher os nomes de pessoas cuja informação é certa, embora escassa”, assinala um comunicado da instituição, enviado hoje à Agência ECCLESIA.
Em 2021, a África teve 11 casos de assassinatos e o continente americano registou sete mortes; na Ásia foram mortos três missionários e a Europa registou o homicídio de um sacerdote, na França.
A agência de notícias do Vaticano para o mundo missionário destaca o testemunho das 22 vítimas em contextos de violência, desigualdade social, “degradação moral e ambiental”.
“Da África à América, da Ásia à Europa, partilharam a vida quotidiana com os irmãos e irmãs, com os seus riscos e medos, as suas violências e as suas privações, trazendo em pequenos gestos o testemunho cristão todos os dias como semente de esperança”, pode ler-se.
O relatório apresenta casos de párocos assassinados nas suas comunidades, na África e na América, torturados e sequestrados.
“Padres mortos por aqueles que ajudavam, como na França, ou na Venezuela, onde um religioso foi morto por ladrões na mesma escola onde ensinou aos jovens a construir um futuro”, assinala a Fides.
A lista inclui o caso do padre Manuel Ubaldo Jáuregui Vega, colombiano, do Instituto de Missões Estrangeiras de Yarumal, que foi assassinado em Zango, município de Viana, Angola, em março de 2021.
Segundo a Fides, entre 1990 e 2000 houve registo de 604 missionários mortos, incluindo as vítimas do genocídio do Ruanda (1994) que causou pelo menos 248 vítimas entre o pessoal eclesiástico.
Já nos anos 2001 a 2020, o número total de agentes pastorais mortos foi de 505.
OC