Idosos: «O que nos move é o combate à solidão e ao isolamento», diz diretora-executiva do projeto «Pedalar Sem Idade»

Margarida Guedes Quinhones apresenta iniciativa que leva idosos a passear de «trishaw», promovendo momentos ao ar livre e conversas entre gerações

Lisboa, 21 abr 2023 (Ecclesia) – Margarida Guedes Quinhones, diretora-executiva do projeto ‘Pedalar Sem Idade’, apresentou à Agência ECCLESIA uma iniciativa que nasceu na Dinamarca e chegou a Portugal, em 2019, para “combater a solidão e o isolamento”. 

“O que nos move é o combate à solidão e ao isolamento, a possibilidade de as pessoas se sentirem integradas, de passearem, serem valorizadas, das suas histórias serem ouvidas, de beberem um café, e percebemos que isso não é só um problema das grandes cidades”, disse a responsável.

Anteriormente educadora de infância, Margarida Guedes Quinhones chegou ao “Pedalar Sem Idade” em 2020, em plena pandemia, um tempo “onde teve de haver readaptação da solução”. 

”Em 2021 recebemos a designação de capítulo nacional, assim designados pela Dinamarca ‘Pedalar Sem Idade Portugal’, e estamos em Castro Verde, Guimarães, Cascais e Lisboa”, conta.

Margarida Guedes Quinhones recorda que, quando o projeto surgiu, falavam com “lares e centros de dia, beneficiários diretos, e foi fácil ter passageiros regulares” para os passeios de trishaw, um dos objetivos da iniciativa que “quer criar laços”.

“A maior necessidade que vimos, ainda mais no tempo pós pandemia, é chegar a quem está verdadeiramente isolado, quem está só e tem poucas redes de apoio, e o desafio é chegar com esta proposta a estas pessoas que estão sós”, indica.

A responsável descreve que há já “rotas pré definidas” mas que, por vezes, fazem desvios para “passar pelo bairro onde viviam, pela casa, no caso da pessoa estar institucionalizada, ou até pararem no café onde sempre iam”.

No ambiente citadino de Lisboa, as “pessoas já vão conhecendo o conceito”, os voluntários seguem “identificados” e, como vão devagar, os condutores “quando veem que os passageiros do trishaw são pessoas mais velhas compreendem e até apitam”.

“Já nos começam a conhecer e gostaríamos que os trishaw fossem parte do cenário da cidade de Lisboa”, relata.

Os voluntários, de qualquer idade “que oferecem o seu tempo”, precisam de ter “força nas pernas” e recebem “formação para manusear o trishaw e sobre relações interpessoais”. 

Em Lisboa temos os trishaws disponíveis sete dias por semana, de segunda a domingo, com as instituições parceiras temos um calendário fixo e os fins de semana são reservados aos passeios particulares, para isso basta ir ao site e marcar”. 

Margarida Guedes Quinhones revela ainda que existe o projeto no Porto, “Pedalar Sem Idade Porto”, onde a “dinâmica é a mesma mas a gestão é diferente” e avança que há a “perspetiva de novos locais a implementar, em vista duas cidades”.

Sofia Alves Lucas é diretora técnica do Centro Social e Paroquial de São João de Brito, instituição parceira do “Pedalar Sem Idade”, e relata que tem sido uma experiência muito gratificante.

“Era um projeto novo e tínhamos de assegurar que tudo corria em segurança, eu própria fiz um passeio prévio e fiquei maravilhada, tem sido uma experiência muito positiva, o centro dá as suas respostas tipo, que tenta satisfazer as necessidades básicas da vida diária, e a “Pedalar Sem Idade” vai mais além”, recorda em declarações à Agência ECCLESIA.

Foto: Agência ECCLESIA/MC – Margarida Guedes Quinhones e Sofia Alves Lucas

A responsável descreve que a “Pedalar” tem uma equipa “que está focada em proporcionar momentos de lazer e prazer aos utentes” e considera “muito gratificante ver os utentes à hora marcada à espera do passeio”.

“Inicialmente cada utente ia com uma colaboradora, para se estabelecer a relação de confiança, aderiram muito bem e temos utentes que são habituais, alguns já vão sozinhos e que perguntam hoje é dia de passeio, ainda não chegaram?”, conta.

Sofia Alves Lucas entende que estes momentos dão aos idosos “um sentido para aqueles dia, memórias que guardam para a vida” e que depois, os faz acreditar que “vale a pena continuar”.

“Quando voltam vêm muito bem dispostos, nota-se muita diferença, é fantástico, há coisas que só vivenciando, estou a ver a dona Lurdes ou a dona Celeste a entrar no centro e até as próprias voluntárias vêm maravilhadas, é muito gratificante”, afirma. 

A entrevista integra o programa de rádio ECCLESIA, na Antena 1 da rádio pública, este sábado, 22 de abril, pelas 06h00, ficando depois disponível online e em podcast

SN

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Agência ECCLESIA

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