Leão XIV defende que inteligência artificial não pode limitar-se ao laboratórios de pesquisa ou carteiras de investimento
Cidade do Vaticano, 07 nov 2025 (Ecclesia) – O Papa exortou hoje à utilização da tecnologia como meio de evangelização, numa mensagem dirigida aos participantes do “Builders AI Forum 2025”, que se realiza na Universidade Pontifícia Gregoriana, em Roma (Itália).
“As vossas deliberações ao longo destes dois dias ilustram que este trabalho não pode limitar-se aos laboratórios de investigação ou às carteiras de investimento. Deve ser um esforço profundamente eclesial”, defendeu Leão XIV, num texto divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé.
Para o Papa, “seja na conceção de algoritmos para a educação católica, de ferramentas para cuidados de saúde compassivos ou de plataformas criativas que contam a história cristã com verdade e beleza, cada participante contribui para uma missão comum: colocar a tecnologia ao serviço da evangelização e do desenvolvimento integral de cada pessoa”.
Leão XIV salienta que esta “colaboração interdisciplinar encarna ‘o diálogo entre fé e razão’, renovado na era digital e afirmando que a inteligência — seja artificial ou humana — encontra o seu significado mais pleno no amor, na liberdade e na relação com Deus”.
O “Builders Al Forum 2025”, que termina hoje, tem como objetivo promover “uma nova comunidade interdisciplinar de prática dedicada a apoiar o desenvolvimento de produtos de IA [Inteligência Artificial] que sirvam a missão da Igreja”.
Esta finalidade “reflete uma questão importante do nosso tempo: não apenas o que a IA pode fazer, mas quem nos estamos a tornar através das tecnologias que construímos”, assinalou o pontífice.
“A este respeito, gostaria de salientar que a inteligência artificial, como todas as invenções humanas, brota da capacidade criativa que Deus nos confiou”, disse, citando o documento ‘Antiqua et nova’ (antiga e nova), sobre a relação entre a IA e inteligência humana.
O Papa ressalta que isto “significa que a inovação tecnológica pode ser uma forma de participação no ato divino da criação” e, “como tal, tem um peso ético e espiritual, pois cada escolha de design expressa uma visão da humanidade”.
“A Igreja exorta, portanto, todos os criadores de IA a cultivarem o discernimento moral como parte fundamental do seu trabalho — para desenvolverem sistemas que reflitam a justiça, a solidariedade e uma reverência genuína pela vida”, indicou.
Na mensagem, o Papa agradeceu aos “organizadores e a todos aqueles que, através da investigação, do empreendedorismo e da visão pastoral, procuram garantir que as tecnologias emergentes continuem orientadas para a dignidade da pessoa humana e o bem comum”.
“Que a vossa colaboração dê frutos numa IA que reflita o desígnio do Criador: inteligente, relacional e guiada pelo amor”, desejou.
LJ/PR
