IA/Medicina: Leão XIV pede que dignidade humana prevaleça sobre «interesses económicos» no desenvolvimento da tecnologia

Papa envia mensagem a Congresso Internacional da Academia Pontifícia para a Vida

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 10 nov 2025 (Ecclesia)- Leão XIV apelou hoje a um desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA) e das inovações médicas que levem em consideração a dignidade humana, alertando para os “interesses económicos” que estão em causa.

“Não há dúvida de que o desenvolvimento tecnológico trouxe, e continua a trazer, benefícios significativos para a humanidade, particularmente nas áreas da medicina e da saúde. Para garantir um progresso genuíno, é imperativo que a dignidade humana e o bem comum continuem a ser prioridades inabaláveis para todos, tanto indivíduos como entidades públicas”, refere, num texto divulgado hoje pela sala de imprensa da Santa Sé.

A mensagem do Papa foi dirigida aos participantes do Congresso Internacional da Academia Pontifícia para a Vida, que decorre até quarta-feira, no Centro de Congressos Augustinianum, em Roma, sob o tema ‘Inteligência Artificial e Medicina: o desafio da dignidade humana’.

O documento salienta que “os vastos interesses económicos em jogo” no campo da tecnologia e da medicina exigem “uma ampla colaboração entre todos aqueles que trabalham na área da saúde e da política, que se estenda muito além das fronteiras nacionais”.

O Papa iniciou a sua intervenção expressando “sinceras felicitações a todos os participantes” e destacando a relevância do tema escolhido.

“A revolução digital está a desempenhar um papel central na configuração daquilo a que o Papa Francisco se referiu como uma ‘mudança de época’”, observou, reconhecendo que o impacto atual “é comparável à Revolução Industrial, mas mais abrangente”.

“Interagimos com as máquinas como se fossem interlocutores, tornando-nos quase uma extensão delas”, alertou Leão XIV, advertindo ainda para o risco de “perder de vista os rostos das pessoas ao nosso redor” e de “esquecer como reconhecer e valorizar tudo o que é verdadeiramente humano”.

Recordando os perigos de instrumentalizar a tecnologia para fins ideológicos, o Papa evocou o passado recente como “advertência”.

“Os instrumentos à nossa disposição hoje são ainda mais poderosos e podem produzir um efeito ainda mais devastador na vida dos indivíduos e dos povos”, indicou.

Leão XVI considerou de “grande importância” a exploração do potencial da IA na medicina, destacando que “os profissionais de saúde têm a vocação e a responsabilidade de serem guardiões e servidores da vida humana”.

“Quanto maior for a fragilidade da vida humana, maior será a nobreza exigida daqueles a quem é confiada a sua guarda”, acrescentou.

A mensagem papal insistiu ainda no valor das relações humanas na prática médica.

“O profissionalismo médico requer não só os conhecimentos específicos necessários, mas também a capacidade de comunicar e estar próximo dos outros. Nunca pode ser reduzido apenas à resolução de um problema”, escreveu o pontífice.

Leão XIV advertiu que “os dispositivos tecnológicos nunca devem prejudicar a relação pessoal entre os pacientes e os profissionais de saúde”, desejando que a IA “melhore tanto as relações interpessoais quanto os cuidados prestados”.

OC

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