IA/Media: «O humano vai ser sempre o fator decisivo na comunicação» – Octávio Carmo (c/vídeo)

Vaticanista português destaca «excelente mensagem» do Papa para as Comunicações Sociais «perante um certo clima de desesperança»

Lisboa, 30 jan 2025 (Ecclesia) – Octávio Carmo afirmou que “o humano vai ser sempre o fator decisivo na comunicação”, numa análise às mensagens, notas e discursos relacionadas com o setor da comunicação, e lembra os jornalistas que morreram a acompanhar “o sofrimento das populações”.

“Quando alguém olhar para este Jubileu da Comunicação é importante que possa haver este momento de lembrar os colegas que morreram ao serviço da verdade, sobretudo em contexto de guerra. Que não se limitaram aos discursos e aos comunicados, foram ver com os próprios olhos o sofrimento das populações, que não são aqueles que apertam os botões e que tomam as decisões nos palácios”, disse o chefe de redação da Agência ECCLESIA, esta quinta-feira, dia 30 de janeiro, sobre o discurso do Papa para o Jubileu do Mundo das Comunicações.

Octávio Carmo salienta que “esse custo, esse sacrifício” dos jornalistas, que o Papa escreve “assinaram o seu serviço com o próprio sangue”, é feito em nome de uma vocação, e destaca que Francisco faz também “um apelo à libertação dos jornalistas que estão presos”.

O vaticanista português salienta que o discurso de Francisco para o Jubileu do Mundo das Comunicações, “embora não tenha sido preferido de viva voz”, tem referências que são importantes “como jornalistas, enquanto católicos”, e para todos aqueles que na sociedade, “estando atentos aos vários fenómenos de violência e desinformação, querem saber que caminho é que é possível construir”.

Foto: Ricardo Perna/Diocese de Setúbal

Para este encontro, que reuniu jornalistas e comunicadores de 138 países, o Vaticano convidou a jornalista filipina Maria Ressa, prémio Nobel da Paz e diretora da plataforma ‘Rappler’, que esteve presa, e o escritor Colum McCann, cofundador da rede ‘Narrative 4’, que foi ao encontro da mensagem de Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2025.

“Da ideia de contar histórias, de ir ao encontro do outro, contar boas histórias, muitas vezes histórias que estão abafadas por uma agenda mediática, normalmente refém de dois ou três assuntos”, acrescentou Octávio Carmo.

A mensagem anual do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, divulgada na festa litúrgica de São Francisco de Sales (24 de janeiro), padroeiro dos jornalistas, tem como tema “Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações” (cf. 1 Pd 3, 15-16).

“É uma excelente mensagem perante um certo clima de desesperança que nós vivemos, porque estamos marcados por dificuldades de recursos humanos, de recursos financeiros, de interesses instalados. Um certo olhar de desconfiança generalizado também sobre a profissão. É justo reconhecer isso”, acrescentou o vaticanista.

Francisco insiste na “necessidade de ‘desarmar’ a comunicação, de a purificar da agressividade” e alerta para o “fenómeno preocupante” da ‘dispersão programada da atenção’, o chefe de redação da ECCLESIA lembra que as televisões, os jornais, as rádios, “procuram muitas vezes capitalizar conflito para ganhar audiência, e isso banaliza o mal”, e aleta para “uma ausência de silêncio no dia a dia que já deixa de ser coincidência”

“O silêncio é antissistema. Vamos usar essa expressão, essa capacidade de redescobrir a atenção, o foco, a concentração. Desenvolver os assuntos jornalisticamente é um desafio muito importante, não tratar de um assunto num dia, deixá-lo pela rama e nunca mais voltar. Há coisas que precisam de ser seguidas.”

O Vaticano divulgou ainda um novo documento sobre o desenvolvimento da inteligência artificial, a relação entre a IA e inteligência humana, na nota ‘Antiqua et nova’ (antiga e nova), publicada esta terça-feira, dia 28 de janeiro.

“Ter a esperança de que o nosso papel no futuro vai continuar a ser relevante, vai continuar a ser importante, e mesmo com o desenvolvimento da Inteligência Artificial o humano vai ser sempre o fator decisivo na comunicação”, disse o jornalista Octávio Carmo, esta quinta-feira, no Programa ECCLESIA, transmitido na RTP2.

O Dia Mundial das Comunicações Sociais, a única celebração do género estabelecida pelo Concílio Vaticano II, no decreto ‘Inter Mirifica’, em 1963; assinala-se, anualmente, no domingo antes do Pentecostes (1 de junho em 2025).

HM/CB

 

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