Chefe de redação da Agência ECCLESIA antecipa que temas «da paz, da reconstrução e da reconciliação» marquem viagem do Papa à JMJ de Lisboa
Lisboa, 04 mai 2023 (Ecclesia) – O vaticanista Octávio Carmo, da Agência ECCLESIA, considera que o Papa Francisco aproveitou a recente visita à Hungria, “uma viagem em busca de equilíbrios”, com mensagem de paz, solidariedade e caridade, para também estar “o mais perto que é razoável da Ucrânia”.
“O Papa Francisco aproveitou esta deslocação até muito perto, o mais perto que é razoável estar, da Ucrânia, neste momento de guerra, para avaliar que forças é que existem entre aqueles que se opõem à guerra, que possam aliar-se à Santa Sé e à Comunidade Internacional, numa espécie de task-force, e avançar em planos de paz”, disse, em entrevista emitida hoje no Programa ECCLESIA (RTP2).
Com o lema ‘Cristo é a nossa esperança’, a visita do Papa à Hungria realizou-se entre sexta-feira e domingo, de 28 a 30 de abril.
Octávio Carmo recorda que no último dia, na oração final do ‘Regina Coeli’, na Praça Kossuth Lajos, junto edifício do Parlamento húngaro, nas margens do rio Danúbio, quando faz a consagração a Nossa Senhora refere-se ao povo ucraniano e também o povo russo, Francisco “tem tido o cuidado de ter as duas partes envolvidas”.
“Não colocando as duas, com o mesmo grau de responsabilidade, a preferência da Santa Sé é esta: não interessa ganhar a guerra, o que se espera é que ela acabe”, acrescentou.
Segundo o chefe de redação da Agência Ecclesia, a 41ª viagem internacional do pontificado foi realizada “em busca de equilíbrios”, no contexto do acolhimento de migrantes e refugiados; a chegada de ucranianos que fogem da guerra, e “que impressiona tanto”, tem sido feita “com algum cuidado, com algum carinho, com muita atenção”, em contraste, muitas vezes, com outros migrantes e refugiados, “sobretudo os que chegam através do Mediterrâneo, mas não só”.
Desde o início da guerra, que começou com a invasão russa, a 24 de fevereiro de 2022, cerca de um milhão de refugiados passaram pela Hungria, rumo a outros países europeus; Francisco que teve “sempre muito cuidado naquilo que foi dizendo”, valorizou “a tradição cristã na Hungria, o contributo histórico” das diversas comunidades.
Esta viagem de Francisco representou um regresso a Budapeste, onde presidiu, a 12 de setembro de 2021, à Missa conclusiva do 52.º Congresso Eucarístico Internacional, nestes dois anos “o mundo mudou muito”, e este regresso “também serviu para estruturar a mensagem com mais profundidade”.
O vaticanista Octávio Carmo destaca também alguns pormenores desta visita, nomeadamente o encontro com refugiados e pessoas pobres, na igreja de Santa Isabel da Hungria, “tia-avó de Santa Isabel Rainha de Portugal”, onde o Papa assinalou que as pessoas que estão em lugares de responsabilidade política “estiveram sempre atentas aos mais pobres, aos estrangeiros”, para além da visita à casa ‘Beato Lázló Batthyány-Strattmann’, para crianças com deficiência visual, onde mostrou o “trabalho concreto e real da solidariedade e da justiça social” da Igreja.
A viagem do Papa a Portugal, para a próxima edição internacional da Jornada Mundial da Juventude, de 1 a 6 de agosto, em Lisboa, também foi referida nesta deslocação ao leste da Europa, no voo de regresso Francisco disse que viria, e para Octávio Carmo “os sinais são todos de muita esperança, de muito compromisso no futuro”.
“Ele falou da intenção de estar em Lisboa com os jovens, falou de outras viagens que já estão marcadas, a Marselha, à Mongólia, há um compromisso do Papa Francisco com o futuro do seu pontificado”, observou o vaticanista.
“Diz também uma coisa muito interessante, que me parece um sinal de esperança, que se está a trabalhar um gesto simbólico entre jovens da Rússia e da Ucrânia, e isso pode ser um dos grandes momentos da Jornada. Acredito que o tema da paz, da reconstrução e da reconciliação sejam centrais no nosso encontro em Lisboa”, acrescentou.
PR/CB/OC
JMJ 2023: «Espero por vocês em Lisboa» – Papa Francisco (c/vídeo)