Hungria: Papa denuncia antissemitismo na Europa

Encontro inter-religioso em Budapeste deixa apelo a superar «incompreensões do passado»

Foto: Lusa/EPA

Budapeste, 12 set 2021 (Ecclesia) – O Papa encontrou-se hoje com representantes do Conselho Ecuménico de Igrejas e comunidades judaicas da Hungria, denunciando atos de antissemitismo na Europa.

“Penso na ameaça do antissemitismo, que ainda serpeja na Europa e não só; é um rastilho que deve ser apagado. A melhor forma de o neutralizar é trabalhar juntos, de forma positiva, é promover a fraternidade”, disse, no Museu de Belas Artes de Budapeste.

Francisco chegou esta manhã à capital húngara, dando início à 34ª viagem internacional do seu pontificado, que inclui visitas a várias cidades da Eslováquia, até quarta-feira.

O Papa convidou todos os presentes no encontro inter-religioso a superar as “incompreensões do passado”, sublinhando que “Deus tem sempre projetos de paz”.

“Vós, judeus e cristãos, quereis ver no outro, já não um estranho mas um amigo, já não um adversário mas um irmão. Esta é a mudança de perspetiva abençoada por Deus, a conversão que abre novos começos, a purificação que renova a vida”, declarou.

Francisco alertou para a tentação de “absorver o outro”, em vez de construir pontes, desejando uma “educação para a fraternidade, a fim de que não prevaleçam os surtos de ódio que a querem destruir”.

O Papa questionou as “lógicas do isolamento” e pediu condições para que a liberdade religiosa seja “respeitada e promovida para todos”.

Que ninguém possa dizer que dos lábios dos homens de Deus saem palavras que dividem, mas apenas mensagens de abertura e de paz. Num mundo dilacerado por tantos conflitos, este é o melhor testemunho que deve oferecer quem recebeu a graça de conhecer o Deus da aliança e da paz”.

A reflexão destacou o simbolismo da Ponte das Correntes, a mais antiga e conhecida da capital húngara, que “convida a recordar o passado”.

“Aqui encontraremos sofrimentos e sombras, incompreensões e perseguições, mas, se formos às raízes, descobriremos um património espiritual comum ainda maior. Este é o tesouro que nos permite construir juntos um futuro diferente”, indicou.

Francisco citou, neste contexto, o poeta húngaro Miklós Radnóti, de origem judaica, que deixou uma obra sobre a experiência num campo de concentração nazi.

O encontro concluiu-se com a recitação de um Salmo, seguindo o Papa para a Praça dos Heróis, onde preside à Missa de encerramento do 52.º Congresso Eucarístico Internacional.

OC

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