Francisco lamenta vida fechada nos «telemóveis», sem tempo nem silêncio
Budapeste, 29 abr 2023 (Ecclesia) – O Papa convidou hoje os jovens da Hungria a participar na JMJ Lisboa 2023, de 1 a 6 de agosto, para fazer “comunidade” e sair da vida “virtual”, centrada nos telemóveis.
“Fazer equipa: nunca sozinhos, mas com os outros; na Igreja, na comunidade, juntos, vivendo experiências comuns. Penso, por exemplo, nas Jornadas Mundiais da Juventude, e aproveito a ocasião para vos convidar para a próxima, que será em Portugal, na cidade de Lisboa, nos primeiros dias de agosto”, disse, num encontro com milhares de jovens, em clima de festa, no pavilhão ‘Papp László’, de Budapeste.
Francisco alertou os participantes para a tentação de “contentar-se com um telemóvel e alguns amigos”.
“Embora seja isto o que muitos fazem e ainda que seja também o que te apetece fazer, isso não te fará feliz. Não te podes fechar num grupo de amigos”, apontou.
O Papa recomendou aos jovens que encontrem tempo para o silêncio, evitando ficar “presos ao telemóvel e às redes sociais.
“Isso não, por favor! A vida é real, não virtual; não acontece num ecrã, mas no mundo! Por favor, não virtualizem a vida, que é concreta”, recomendou.
Com o lema ‘Cristo é a nossa esperança’, a visita à Hungria é 41ª viagem internacional do pontificado e representa um regresso a Budapeste, onde Francisco presidiu, em 2021, à Missa de encerramento do 52.º Congresso Eucarístico Internacional.
O Papa percorreu o pavilhão num pequeno carro elétrico, tendo descido para cumprimentar alguns jovens com deficiência, antes de assistir a momentos musicais e de dança, com testemunhos de dois jovens, um membro da comunidade greco-católica e um universitário.
“Não tenhais medo de ir contracorrente, encontrando diariamente um tempo de silêncio a fim de parar e rezar”, pediu.
Francisco disse aos jovens que não tem de ser como “máquinas”, eficientes e perfeitos, sublinhando a importância da oração e da vida espiritual.
“Deus não quer condenar, mas perdoar. Ponham isto na cabeça: Deus perdoa sempre”, realçou.
A intervenção, em italiano, aparecei legendada nos ecrãs, mas o Papa pediu ao tradutor que colocasse a multidão a repetir a frase “Deus perdoa sempre”.
“Não se esqueçam, está bem?”, recomendou.
Francisco deixou ainda uma pergunta aos participantes, para que cada um respondesse, em silêncio: “O que procuras na vida, o que procuras no coração?”.
O discurso recorreu à linguagem do desporto para convidar as novas gerações a “apostar alto” nas suas qualidades, sem esquecer a necessidade de “treinar” constantemente.
“Em diálogo com Jesus, que é o melhor treinador possível: ouve-te, motiva-te, acredita em ti, sabe como tirar o melhor de ti”, acrescentou o pontífice.
O Papa recordou a guerra na Ucrânia, para destacar a necessidade de “ajudar o mundo a viver em paz”.
“É aqui que conduz a fé: à liberdade de dar, ao entusiasmo do dom, à superação dos medos, a pôr-se em jogo! Amigos, cada um de vós é precioso para Jesus, e também para mim”, concluiu.
No final do encontro, depois da recitação do Pai Nosso, da bênção e do cântico final, Francisco regressou à Nunciatura Apostólica de Budapeste, onde se encontra em privado com membros da Companhia de Jesus presentes na Hungria.
Este domingo, último dos três dias de visita, começa com a Missa, às 09h30 (menos uma em Lisboa), na Praça ‘Kossuth Lajos’, seguida da oração pascal do ‘Regina Coeli’.
De tarde, o Papa encontra-se com representantes do mundo da universidade e da cultura, na Faculdade de Tecnologia da Informação e Biónica da Universidade Católica de ‘Pázmány Péter’.
A cerimónia de despedida está marcada para as 17h30.
OC
Desde a sua eleição pontifícia, em 2013, Francisco visitou 60 países: Brasil, Jordânia, Israel, Palestina, Coreia do Sul, Turquia, Sri Lanka, Filipinas, Equador, Bolívia, Paraguai, Cuba, Estados Unidos da América, Quénia, Uganda, República Centro-Africana, México, Arménia, Polónia, Geórgia, Azerbaijão, Suécia, Egito, Portugal, Colômbia, Mianmar, Bangladesh, Chile, Perú, Bélgica, Irlanda, Lituânia, Estónia, Letónia, Panamá, Emirados Árabes Unidos, Marrocos, Bulgária, Macedónia do Norte, Roménia, Moçambique, Madagáscar, Maurícia, Tailândia, Japão, Iraque, Eslováquia, Chipre, Grécia (após ter estado anteriormente em Lesbos), Malta, Canadá, Cazaquistão, Barém, República Democrática do Congo, Sudão do Sul e Hungria; Estrasburgo (França) – onde esteve no Parlamento Europeu e o Conselho da Europa -, Tirana (Albânia), Sarajevo (Bósnia-Herzegovina) e Genebra (Suíça). |