Humanização dos serviços nos 75 anos da instituição

Casa de Saúde do Bom Jesus já tratou mais de 29 mil doentes A Casa de Saúde do Bom Jesus, em Nogueiró, Braga, já tratou ao longo da sua história mais de 29 mil doentes. Este número foi avançado ontem pela instituição, no dia em que foram abertas as comemorações do seu 75.º aniversário. A humanização, qualidade e profissionalismo dos serviços que presta no campo do tratamento de doenças do foro psiquiátrico e saúde mental, são também reconhecidas por todos os que se relacionam com a instituição. Fundada em 1932, pelas Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, em terrenos da antiga Quinta da Veiga e de duas bouças da freguesia de Nogueiró, a Casa de Saúde do Bom Jesus foi destinada a doentes mentais e veio colmatar uma carência na região Norte de Portugal, que apenas dispunha, no Porto, de um hospital psiquiátrico – Hospital Conde de Ferreira – com poucas centenas de camas para internamento de doentes. Ao longo dos tempos a instituição foi-se alargando a nível de estruturas físicas e diversificando os serviços, chegando a acolher agora doentes dependentes e toxicodependentes. Na abertura das comemorações, a superiora da casa, irmã Lisete Curral, referiu que o lema escolhido para este ano de celebrações é “Humanização em Psiquiatria e Saúde Mental” e que o mesmo «serve de pano de fundo para o acolhimento que oferecemos à Igreja e ao mundo». Através deste lema, «a Casa de Saúde quer passar a mensagem de que a enérgica ousadia, o empenho, o espírito de iniciativa e o testemunho das cinco primeiras hospitaleiras continua a vigorar hoje», frisou a responsável. A superiora, que falava na sessão solene evocativa da efeméride, perante dezenas de participantes e convidados, destacou ainda que, se os métodos mudaram, «o projecto continua o mesmo», ou seja, curar e reabilitar as pessoas em sofrimento psíquico. Assim, «num esforço contínuo, competente e criativo, segundo as referências do modelo de atendimento integral, a obra que desenvolvemos nesta Casa de Saúde, é lugar de evangelização e anúncio da “Boa Notícia da Sanação de Deus”, através dos gestos concretos de proximidade, com qualidade humana, técnica e científica, atendendo a todas as dimensões da pessoa no seu todo», asseverou a irmã Lisete Curral. Por último, a superiora manifestou que a instituição quer «reforçar e continuar todo o trabalho de parceria com as várias entidades nacionais e locais». Instituição nunca negou um medicamento Habituado aos corredores da Casa de Saúde do Bom Jesus desde tenra idade, o actual director clínico da instituição – filho do médico António Alves Palha, clínico da isntituição a partir de 1942 – disse ser «testemunho vivo» da evolução e percurso da casa de saúde. O médico José Palha garantiu que, apesar das constantes dificuldades económicas, «nunca nenhum medicamento foi negado aos doentes por mais caro que fosse». Virando-se para o administrador do Hospital de S. Marcos (HSM), que esteve presente na cerimónia, o director clínico disse que aquela unidade hospitalar tem sido «um parceiro privilegiado» da Casa de Saúde do Bom Jesus, mas adiantou que gostaria que a mesma parceria pudesse «ir mais longe». José Palha especificou que o HSM poderia encaminhar os casos de internamento psiquiátrico para aquela casa de saúde ou para a de Barcelos. Por outro lado, a instituição poderia também dar mais acesso ao seu avançado equipamento aos clínicos do HSM. A rematar a sua intervenção, o director clínico não tem dúvidas que, ao longo destes 75 anos, foi construída «uma monumental obra de tratamento de psiquiatria», tratando «os doentes que mais ninguém quer». Conceituada imagem de hospital psiquiátrico A Casa de Saúde do Bom Jesus é um dos 13 centros da província portuguesa das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus. Dispõe de uma capacidade de 385 camas e conta com o serviço de 206 colaboradores – até 1978, não existiu pessoal auxiliar secular, apenas religiosas e uns operários esporádicos. Segundo o director-gerente, Pedro Menezes, a acompanhar as elevadas taxas de ocupação, a instituição goza de «conceituada imagem de hospital psiquiátrico». Aquele responsável relembrou que o objectivo da Casa de Saúde do Bom Jesus passa pela «prestação de cuidados de saúde, sem fins lucrativos, promovendo a medicina preventiva, curativa e de reabilitação, assistindo idosos, diminuídos físicos, mentais e toxicodependentes». Tudo isto, numa missão de «assistência integral», que abrange as dimensões social, psicológica, cultural, ética, relacional e espiritual. Ao longo da sua história, a instituição tem registado uma curva de constante crescimento no número de internamentos de doentes do foro psiquiátrico e mental, aos quais se juntam, desde 1992, os que sofrem de alcoolismo e toxicodependência. Em 2006, a Casa de Saúde do Bom Jesus internou 781 doentes psiquiátricos e 378 doentes para desabituação. No mesmo ano, as estatísticas apontavam que 23% dos pacientes tratados apresentavam transtornos neuróticos, seguidos dos dependentes do álcool (16%) e dos atingidos por psicoses esquizofrénicas (13%). Dez por cento dos tratados apresentavam reacção de ajustamento, uma percentagem igual à dos atingidos por psicoses afectivas. Em nove por cento surgem os transtornos depressivos. Capelães hospitalares humanizam serviços O administrador do Hospital de S. Marcos (HSM) defendeu ontem a presença dos capelães nos hospitais. Aos presentes na cerimónia do aniversário da Casa de Saúde do Bom Jesus, Lino Mesquita Machado disse que a missão dos sacerdotes católicos como capelães nos hospitais «é importante na humanização dos serviços». Salientando que o hospital ainda não fez «justa homenagem» aos capelães que passaram pela unidade, o administrador disse que «pôr em causa o que fazem os capelães hospitalares é não perceber nada do que é humanização dos serviços».

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