“Procurais a Jesus de Nazaré, o Crucificado?” Todos procuramos alguma coisa: a vida; o sentido para a vida; a esperança; a alegria; a felicidade.
Esta noite é a noite das procuras, dos mistérios, dos segredos, das interrogações e, também, das respostas… De facto, alguém a quem se fazem as grandes e preocupantes perguntas, responde: “Ressuscitou: não está aqui”. E é esta resposta que nos abre à vida, à esperança, à alegria e à felicidade. Ele não está aqui porque ressuscitou. E não adianta procurar mais onde só há morte, ilusão, fantasia, engano, mentira, corrupção… E temos tantos lugares, tantas realidades onde não há outra coisa, ainda que continuemos a procurar, em vão…
A solução está em saber procurar: não coisas, mas Alguém – o Ressuscitado. Ele está vivo, connosco. Ele nos precederá, isto é, está connosco e vai à nossa frente. Por isso, a vida, a esperança, a alegria, a felicidade, isto é, tudo o que procuramos está à nossa frente… numa Pessoa que experimentou a morte mas que voltou a viver e tem poder para dar a vida e “vida em abundância”…
Como Mãe de todas as Vigílias, esta noite dá-nos resposta a todas as grandes e decisivas questões que possamos fazer.
O Precónio Pascal, ao iniciar a descrição das razões porque celebramos, convida toda a terra e toda a Igreja ao júbilo, à exultação e à alegria pelo triunfo de Cristo, o Grande Rei, Aquele mesmo, condenado à morte pela não-aceitação do Seu Reino. Agora, há todas as condições para a Verdade, a Justiça, a Vida, a Santidade, a Paz triunfarem e serem implantadas no mundo, pois o Grande Rei venceu o pecado, venceu as trevas e venceu a própria morte. Temos, do nosso lado, a certeza e a garantia da vitória e as forças do mal nunca mais poderão vencer.
À luz desta noite Santa, tudo o resto é entendido e a própria culpa é trampolim para a vinda de Cristo glorioso. Todo o mal é afugentado e, num equilíbrio de graça e de perdão, o homem volta a poder encontrar-se com Deus. Agora, a história da salvação, escutada na Palavra de Deus, é história de amor, sempre atual, onde Deus caminha com o homem para o levar à plenitude da vida. Lavado pela água da regeneração, purificado pelos sinais sacramentais e alimentado pelo Pão da Eucaristia, caminhamos com Jesus, o mesmo: ontem, hoje e sempre.
Agora, novas criaturas, à dimensão de Cristo – o Homem Novo – e incorporados na Sua vitória, somos convidados a viver uma vida nova e a iniciar, já aqui, o tempo da ressurreição. A Páscoa de Cristo é a grande e definitiva passagem que nos coloca já na vida eterna e gloriosa. Não há mais razão para o medo, para a angústia ou para a ilusão, pois o fracasso acabou na Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. Mas, também, não há mais justificação para a vida de pecado, pois quem morreu com Cristo está livre de pecado e a opção do cristão está feita no Batismo – é a vida e a ressurreição.
Por isso, porquê procurar aqui o futuro, a alegria, a felicidade, os critérios, os valores e o sentido para a vida… se o homem velho foi crucificado com Cristo, se o corpo do pecado foi destruído e se deixámos de ser escravos, como diz S. Paulo na epístola aos Romanos?
A nossa Pátria está nos Céus, onde se encontra Jesus, que nos prepara um lugar na Casa do Pai. É do Reino de Deus que nos vêm os valores com que devemos viver e transformar a Sociedade.
Porque somos seguidores do Cristo vivo, que morreu e ressuscitou e não mais pode morrer, ouçamos o homem vestido com uma túnica branca que afirma que Ele ressuscitou; não procuremos mais entre os mortos Quem está vivo; deixemo-nos guiar pela Páscoa, seguindo o Homem Novo.
Para todos, Santa e Feliz Páscoa! AMEN! ALELUIA!
Viseu, 31 de março de 2018
D. Ilídio Leandro
Bispo de Viseu