A Luz de Jesus brilha nas trevas do Mundo
“O povo que andava nas trevas viu uma grande Luz”. O Natal é um enorme feixe de Luz que vem iluminar as trevas. Com o Natal, nasce um permanente jogo e dialética entre o mundo novo prometido e um mundo velho que teima em manter-se ainda hoje. Depois de, ao longo de muitos tempos, ele ser prometido, o Natal chegou na noite, de forma imprevista e sem grandes alaridos, trazendo a Luz, mas continuando muitos que a não querem receber, envolvidos nas obras das trevas.
As 3 leituras mostram-nos este contraste, tão atual ainda hoje: o lado sombrio do mundo, da sociedade e das pessoas, face à Luz que tudo ilumina, esclarece e faz brilhar.
É interessante a diferença nas palavras e imagens utilizadas nas leituras para distinguir o antes e o depois do Natal. Antes, havia trevas, sombras, morte, jugo, opressão, sangue e guerra, impiedade e desejos mundanos, iniquidade, falta de abrigo, medo… Palavras que podem ler-se na realidade de hoje, como violência, desigualdades, terrorismos; crise de esperança e de amor; medo, sofrimento e injustiça; solidão, desemprego e mentira… Todas estas são palavras, imagens e realidades que o Natal veio transformar, mas ainda persistem no século XXI…
Em contraste com elas, o Natal oferece e inicia a concretização da promessa de Deus Pai – tempos novos e felizes para todos, com luz e alegria, contentamento e júbilo, paz sem fim, direito e justiça para todos, graça de Deus e salvação, temperança e piedade, esperança e glória… A raiz e causa das diferenças e da grande mudança é um Menino que nasceu. Quem é Ele? É o Filho de Deus que nos vem por Maria, por ação do Espírito Santo; é “Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz”. É o Salvador; é Cristo Senhor. Os sinais para O encontrar são claros: “Menino recém-nascido, envolto em panos e deitado numa manjedoura”. Sinais confirmados pelo louvor dos Anjos que cantam: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados”. Neste Ano da Fé e nesta noite de Natal, como sabe bem dizer, em adoração, as palavras do Credo que narram este momento: “E encarnou pelo Espírito Santo no seio de Maria Virgem e Se fez homem”.
A missão da Igreja – através de todos os cristãos: leigos, religiosos, diáconos, sacerdotes e bispos – é a de anunciar que este Menino está vivo e mostrá-lo presente e possível de ser encontrado. A missão da Igreja é dizer que este Menino é o Emanuel, o Deus Connosco e que, sem Ele, sem a Sua Luz e sem a Sua Mensagem, o Natal continua uma miragem. Os valores prometidos com o Natal e anunciados na Boa Nova de Jesus são um tesouro, ricas prendas que continuam à espera de ser partilhados.
Há dois mil anos que a Igreja tem este tesouro nas suas mãos: o Natal e a mensagem de Jesus. Ele veio como Luz para iluminar todos os enigmas da nossa existência, pondo-nos em contacto direto com o Verbo, Palavra de Deus. Nestes tempos de crise, nós – os cristãos – somos chamados a descobrir, de modo novo, que somos devedores deste tesouro aos nossos contemporâneos. Não podemos esconder a Luz, pois veio para todos.
O Sínodo na nossa Diocese coloca-nos este desafio: em comunhão com o Natal e os seus valores para a missão de o viver e de o anunciar.
É Natal! Jesus nasceu! É o grande Acontecimento que celebramos nesta noite santa. Um Santo Natal para todos! Acolhamos as prendas de Deus – vida, alegria, justiça, verdade, amor e paz – e partilhemo-las com todos, não esquecendo os mais vizinhos, os mais pobres, os mais doentes, os mais idosos, os mais excluídos, os mais pequenos e todos aqueles a quem Deus quer bem. Que nesta Santa Noite todos se encontrem com a Luz! Um Santo Natal!
Meia-noite do Natal de 2012 –– Catedral de Viseu
D. Ilídio Leandro