Sacerdote – Pastor à imagem de Cristo Caríssimos Irmãos: Leigos, Seminaristas, Religiosos, Diáconos e Sacerdotes! Estamos mesmo às portas da Páscoa. Nós, os Sacerdotes, juntamo-nos, como Presbitério, para tomarmos consciência do Dom e do Carisma do nosso Ministério, renovando o nosso SIM. Significa isto: meditar sobre a Páscoa de Jesus e a nossa e meditar sobre como podemos e devemos ajudar as pessoas que nos estão confiadas a viverem a vida como uma Páscoa permanente… Obrigado a todos os outros por rezarem por nós. Caríssimos Irmãos Sacerdotes, para vivermos a nossa vocação e cumprirmos a nossa missão, importa fazer e viver primeiro a nossa Páscoa, nós que somos chamados a estar à cabeça e a ir à frente do Povo. Importa, como diz S. Paulo a Timóteo, reanimar o Espírito de Deus que recebemos. Temos que fazer a nossa “passagem”, total e plena, para Jesus Cristo, acolhendo a graça, a paz e a libertação que nos vêm por Ele, o Alfa e o Ómega, o Senhor do Universo, como nos diz S. João, no Apocalipse! Só assim poderemos, no nosso Ministério, ajudar os outros a fazerem a sua “passagem” pascal. O Dom e o Carisma de ser Padre enriquecem-nos e responsabilizam-nos com diversos Ministérios em que estamos investidos. Somos Ministros da Presidência, Ministros da Palavra, Ministros do Pão e Ministros do Perdão. Todos estes precisam de outros 2, fundamentais na Comunidade, hoje mais do que nunca – os Ministérios do Acolhimento e do Acompanhamento. No fundo, somos chamados a viver o Programa – todo ele ministerial e sacerdotal – que nos é apontado na 1ª leitura, assumido por Jesus Cristo, no Evangelho e por Ele transmitido à Igreja. Daqui, a necessidade de toda a Igreja ser ministerial; de partilharmos os nossos ministérios numa corresponsabilidade de comunhão; de termos a ousadia de formar e chamar colaboradores para os ministérios do serviço fraterno; de desejarmos e apoiarmos os próximos Diáconos Permanentes como companheiros no ministério ordenado no serviço ao Povo de Deus; de nos empenharmos na formação dos Leigos, como a concretização mais empenhativa e libertadora do Concílio Vaticano II. Sempre para estarmos mais e mais disponíveis para os Ministérios que nos são próprios e que são essenciais à realização e ao crescimento do Povo de Deus. Sabemos, caríssimos Irmãos Sacerdotes, que não é fácil ser Pastor e ser Profeta no mundo de hoje. Não é fácil, hoje, propor uma verdade da Igreja, por ser da Igreja ou porque a Igreja seja uma instituição que se imponha pela autoridade, pela proximidade ou pela afectividade. Temos que a propor porque, sendo apresentada pela Igreja, ela é evangélica, porque é carregada de amor e porque dá esperança e confiança às pessoas. Mas, sobretudo, porque a apresentamos como um testemunho da nossa vida. Seja a verdade da Palavra, a da Eucaristia, a do Perdão… Isto supõe um espírito de acolhimento e de acompanhamento – pessoal e de grupo – a exigir-nos disponibilidade, atenção, contemplação, amor pastoral… Precisamos de entender a ética do Bom Pastor e da “Ovelha Ferida” – toda a pessoa que está à margem ou com dificuldades de ver e de palpar o Deus que liberta, o Deus que ama, o Deus Amigo, o Deus de Jesus Cristo, Vivo e Ressuscitado, a viver connosco. A esta, porque ferida, porque desiludida, porque cansada, porque enganada, porque pecadora… importa procurá-la, encontrá-la e reconduzi-la ao rebanho, tantas vezes carregando-a ao colo ou aos ombros e tratar as suas feridas, sendo bons samaritanos e bons acolhedores de todos os pródigos da vida. Não duvido de que é esta presença de Pastor – seguindo o Modelo Jesus Cristo, o Enviado do Pai – que vós, meus Irmãos do mesmo Presbitério viveis, na fidelidade à vocação e à missão, na Igreja e no Mundo. Por isso, quero aproveitar este momento, este dia e esta Páscoa para dar graças ao Senhor pelos colaboradores que me dá e pedir por todos vós; para vos agradecer toda a unidade e comunhão no mesmo Ministério; para vos oferecer todo o meu empenho em viver e caminhar convosco, construindo juntos, na comunhão e na corresponsabilidade, uma Igreja cada vez mais Reino de Deus, a viver a Páscoa de Jesus Cristo, cumprindo, em cada hoje, a missão que Cristo recebe do Pai e nos confia. Hoje, quero homenagear todo o nosso Presbitério, dirigindo os olhos e os afectos do meu coração sobretudo para os caríssimos Irmãos que celebram o seu jubileu sacerdotal. Estes são os Padres António Caetano da Rocha, António Lopes da Encarnação, António Ino e Manuel Gonçalves Coimbra – 50 anos e os caríssimos Padres Carlos Augusto Ferreira e Cunha e José Pedro da Costa Matos – 25 anos. Parabéns e Obrigado pelo que fazeis e, sobretudo, pelo que sois! Uma palavra de muita compreensão e acolhimento, com a certeza da minha oração e unidade, a todos aqueles nossos irmãos no sacerdócio que sofrem qualquer situação particular, seja de ordem física, moral ou espiritual. Concretamente, quero lembrar os nossos irmãos mais idosos, a viver no nosso Centro Pastoral, nas suas Paróquias ou em outro qualquer lugar. Também uma palavra amiga a todos aqueles que, tendo vivido o mesmo Ministério ordenado, por qualquer motivo optaram por outros caminhos. A Páscoa convida-nos a fazer a “passagem” para Jesus Ressuscitado e presente no meio do Seu Povo. Esta “passagem” pascal é feita em cada uma das nossas opções, decisões e tomadas de posição, sobretudo perante cada outro que vem ter connosco. Precisamos de ser, em cada momento, oportunidade de Páscoa e de Salvação para quem nos procura. Precisamos de ser oportunidade de Páscoa e de libertação para quem precisa de nós. Somos, para cada pessoa e na linguagem de S. Paulo, embaixadores de Cristo. N’Ele está a nossa vitória, sinal da nossa total e plena reconciliação, ainda que feridos também, mas agarrando e carregando com coragem e confiança a nossa Cruz Pascal. Como reconciliados, sejamos reconciliadores, levando e administrando os óleos da alegria, da cura, da vida, óleos que hoje, por nosso intermédio, Deus abençoa e consagra! Que cada pessoa encontre em nós um coração oleado com a unção de Pastor, à imagem de Jesus Cristo que vai à procura, que acolhe, que reconcilia, que integra, que acompanha, que alimenta, que chama, que envia. Deus Pai nos ajude a viver o nosso Ministério de forma pro-activa, profética e pascal. Deus Espírito Santo nos ajude a sentir e a transmitir a todos a alegria de sermos chamados e enviados, para imitarmos e seguirmos Jesus Cristo que quer ir, por nosso intermédio, à procura de quem está perdido. Deus Filho nos dê a capacidade de actuarmos de tal forma que, quem nos conheça, quem nos encontre e quem fale connosco, experimente a suavidade e a ternura do colo e do abraço de Deus, Pai e Mãe de todos nós. AMEN!…