
Saudações fraternas a todos, todos, todos.
Peregrinos da Esperança, chegámos ao nosso destino.
Chegamos de noite, mas na noite mais importante da nossa Fé, a Noite da Páscoa, a noite em que a Esperança se concretiza no maior acontecimento, aquele que todos os discípulos de Jesus nunca poderiam sequer imaginar…esta é a noite em que celebramos a vitória de Nosso Senhor: Cristo venceu a morte.
E é por isso que hoje não podemos ficar parados, não podemos ficar calados, não podemos viver como se Jesus ainda estivesse no túmulo. O Evangelho diz que Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e Salomé, tinham comprado aromas para ungir o corpo de Jesus e que, por esta razão, foram ao sepulcro de manhã cedo. Levavam uma pergunta no coração: «quem nos há-de rolar a pedra do sepulcro?».
A pedra era grande, pesada. Mas ao levantarem os olhos viram que a pedra tinha sido rolada. Encontraram um anjo que as tranquilizou… Jesus de Nazaré tinha Ressuscitado, não estava ali.
Aquela pedra era grande e pesada, como são as pedras que nos pesam no peito, os problemas de cada um, as incertezas de todos, as guerras que não acabam, os conflitos económicos, as crises sociais… Como nos pesa a guerra na Ucrânia, o ver todos os dias irmãos a matar irmãos na Terra Santa, a terra onde Jesus nasceu, morreu e ressuscitou. Como são grandes e pesadas estas pedras que fecham a vida e a esperança de milhões de pessoas, irmãos na Fé, famílias inteiras, amigos que estão distantes.
Hoje em Portugal vivemos tempos de incerteza. Tivemos eleições há pouco tempo, mas já nos preparamos para novas eleições; há muitas perguntas no ar, alimentam-se as dúvidas, espalham-se as acusações; perante tudo o que se passa, é quase natural que se olhe para o futuro com medo, com desconfiança, com cansaço, quando olhamos sequer para o futuro.
Também na nossa terra existem pedras grandes e pesadas, que nos fecham.
É legítimo perguntar: «Como é possível? Como pode a vida vencer se ainda se mata em nome de Deus, em nome do poder, em nome de ideologias?
Mas as respostas estão neste sepulcro vazio que hoje olhamos. Surpreendidos uns, desconfiados outros. A pedra foi removida, não pelas mulheres, não por soldados, foi Deus que a retirou. E tirou-a de uma vez por todas, para nos dizer a morte não tem a última palavra.
E é por isso que hoje não somos um grupo de pessoas que acreditam em ideias bonitas, não somos um clube de gente de bem. Somos peregrinos, somos cristãos, seguidores de um Deus que está vivo. Um Deus que nos entregou o Seu Filho, que nos deu a Sua Mãe, que permitiu a dor e a tristeza da Sua Morte, para salvar a Humanidade por toda a Eternidade.
Como aquelas mulheres que se levantaram cedo para cuidar do corpo de Jesus, como Maria, Sua Mãe, somos chamados a levantar-nos e partir apressadamente para anunciar o Amor de Deus, tornado vivo na Ressurreição de Jesus. Como nos lembrava a última Jornada Mundial da Juventude, a que aconteceu entre nós, temos de enfrentar a grande aventura, a de levar esta Jornada ao mundo. Dizer às pessoas à nossa volta, nas paróquias, nas escolas, nas famílias, nos trabalhos, nas redes sociais, que a vida vale a pena, que o Bem vence, que a Paz é possível, que a Esperança nos fala de um futuro que começa hoje.
Fomos, somos e seremos Peregrinos desta Missão. E Maria, Mãe da Esperança, continua connosco, vai à frente, corre connosco, corre como no tempo da Jornada Mundial da Juventude, ao encontro de sua prima Isabel. Porque é esta a nossa vocação: partirmos ao encontro de quem precisa de nós, prontos a levar a Esperança a quem dela precisa.
E Maria continua a dizer-nos: “fazei o que o Meu Filho vos disser», colocando sempre Jesus no centro de tudo o que queremos e somos.
Queridas irmãs e irmãos, a pedra removida mostrava um sepulcro vazio. Nesta noite santa, deixemos que a outra pedra, a pedra do nosso coração, também seja removida.
Que Cristo ressuscitado entre na nossa vida com uma força, uma alegria, uma Esperança que nos preencha de tal modo, que a nossa resposta seja uma só.
Estamos aqui, Senhor, para fazer a Tua Vontade.
Estamos aqui, Senhor, para proclamar o Teu Amor por todos, todos, todos.
Estamos aqui, Senhor, para Te servir, desde o mais pequenino até ao que tem maiores responsabilidades perante os outros.
Cristo ressuscitou, Aleluia, Aleluia.
E, por isso, nós também nos levantemos e partamos apressadamente a anunciar que Cristo vive verdadeiramente.
Ressuscitou. Aleluia, Aleluia.
+ Cardeal Américo, Bispo de Setúbal