Irmãos e irmãs
A extensão e a profundidade da Palavra de Deus que ouvimos pede silêncio e recolhimento. Dirijo apenas alguns e breves apontamentos.
Com esta celebração entramos na Semana Santa, a Semana maior, a celebração anual da Páscoa do Senhor. Jesus entrou com os seus discípulos na cidade santa de Jerusalém; hoje os seus discípulos somos nós (a sua Igreja que é o seu corpo). Jesus envolve-nos na sua entrega pascal para com ele chegarmos à glória da ressurreição.
Durante esta grande semana, temos a Palavra de Deus para acolher e com ela rezar e fortalecer a nossa Fé. Na verdade, a vivência da Fé pascal coloca-nos em situações difíceis de não sintonia com os critérios do mundo; necessitamos de nos fortalecer na Fé para prosseguirmos fiéis à vontade do Pai ainda que nem sempre sintamos o conforto ou o privilégio da sua presença e bondade. Também assim aconteceu com Jesus.
A Semana Santa revela-nos a Hora da entrega de Jesus, síntese de toda sua vida neste mundo; e pode marcar também o sentido da nossa vida. A Cruz continua a ser escândalo para muitas pessoas, mas para outras, deixou de ser o sinal de morte para significar o novo critério instituído e iniciado por Cristo: uma vida alimentada por Deus e totalmente consagrada aos outros.
Entrar conscientemente com Jesus nesta Semana, requer decisão interior para que haja verdade e experiência de Fé, e não apenas um sentimentalismo religioso. Jesus não necessita da nossa compaixão; nós é que necessitamos da compaixão d’Ele, para celebrarmos com intensidade a sua Páscoa como uma oblação, uma entrega decidida e confiante nas mãos do Pai, assumindo os desafios da missão daí decorrentes.
Com a sua Páscoa, Jesus inaugura um tempo novo e um povo novo; o tempo tem a novidade do Espírito Santo e o povo novo é a sua Igreja; chamada a renovar-se sempre mais para ser fiel ao seu Senhor.
Entremos nesta semana santa, acompanhando o Senhor Jesus até à sua morte e ao seu sepulcro, onde Ele sepulta os nossos pecados. Esta semana é santa, na medida em que permitimos e desejamos que o Senhor nos santifique.
Guardemos um momento de silêncio e manifestemos gratidão por tudo quanto o Senhor Jesus fez para nos libertar do mal e nos consagrar como sua pertença. Pertencemos-lhe. O Senhor purificou-nos e consagrou-nos por uma nova e eterna Aliança. Deixemo-nos envolver neste mistério de Fé e Amor.
-Nós vos adoramos e bendizemos ó Jesus!
-Que pela vossa santa cruz, remistes o mundo!
Santarém, 25 de março de 2018
D. José Traquina, bispo de Santarém