Irmãos e irmãs
Cristo Ressuscitou. Aleluia!
Chegamos à celebração da Eucaristia do Domingo da Páscoa da ressurreição do Senhor. A Vigília Pascal e a Missa no Domingo de Páscoa constituem a Festa das Festas. A celebração da Páscoa é o centro de toda a liturgia cristã.
O Salmo Responsorial (117) é bem expressivo: “Este é o dia que fez o Senhor: exultemos e cantemos de alegria”. O Domingo de Páscoa, é a origem de todos os outros Domingos do ano. Domingo é o Dia do Senhor. É o Dia em que os cristãos, se encontram em Assembleia, a imagem mais original da Igreja; é a Assembleia que acontece para celebrar exatamente o Dia em que o Senhor ressuscitou.
Temos hoje três grandes testemunhos que nos oferece a Palavra de Deus: São Pedro (na 1ª Leitura dos Atos dos Apóstolos ), São Paulo (na 2ª Leitura da Carta aos Colossenses) e São João (no Evangelho)
Comecemos por S. João: (Jo 20,1-9)
No primeiro dia da semana, é descoberto o sepulcro vazio. Maria Madalena que vai ao sepulcro na manhã do primeiro Dia da semana, não vê uma tumba profanada, vê um sepulcro vazio. Também o Apóstolo João viu o sepulcro vazio, viu o sudário e as ligaduras e acreditou. Acreditou em quê? Acreditou que Jesus tinha saído do sepulcro por força da natureza divina que estava n’Ele. Acreditar em Cristo significa reconhecer que Jesus era o Filho de Deus que havia de vir ao mundo; e significa também confiar n’Ele e nos seus critérios de viver a vida como seu discípulo.
“Eu sou a Luz do mundo, quem me segue não andará nas trevas mas terá a Luz da vida” (Jo 8,12). Cristo Ressuscitou para o Pai e para nós e passou a ser a Luz das nossas vidas; é a Luz da Fé.
A alegria dos apóstolos é extensiva até nós pelo memorial que celebramos. Somos a Igreja peregrina na terra, mas já pertencemos ao Céu. Por isso rezamos: “assim na terra como no céu”. Só pode rezar assim quem acreditar que o Senhor Jesus ressuscitou verdadeiramente e é Deus com o Pai.
Na 1ª Leitura (Act 10), temos o segundo testemunho: o Apóstolo Pedro faz uma Síntese da pregação acerca de Jesus!
O Senhor “que passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos (…), porque Deus estava com Ele, morreu na cruz. Deus ressuscitou-O ao terceiro dia e permitiu-lhe manifestar-se às testemunhas de antemão designadas por Deus. (…). Foi constituído por Deus Juiz dos vivos e dos mortos. Senhor da História e Salvador do Mundo! Não se trata de afirmar apenas a ressurreição de Jesus, mas testemunhar que Ele foi constituído Senhor.
O Apóstolo Pedro tem uma postura de testemunho, própria de quem participou na ressurreição! Ou seja, a Ressurreição de Jesus, é também a ressurreição dos seus discípulos; passam de um grupo de desanimados e vencidos, a um grupo animado com uma missão de testemunho. É esta missão de anunciar a Boa Notícia que nunca mais terminou: o Senhor Jesus ressuscitou e crer n’Ele é motivo de alegria; é construir em segurança a casa sobre Rocha firme e ter vida para sempre.
Na Segunda Leitura (Col 3) (temos o terceiro testemunho)
São Paulo exorta-nos: “Se ressuscitastes com Cristo (…) Afeiçoai-vos às coisas do alto. (…) A vossa vida está escondida com Cristo em Deus.
Irmãos e irmãs, somos convidados a viver como ressuscitados. E o primeiro passo é deixarmo-nos atrair por Cristo e considerá-Lo como Senhor e Mestre. Pela sua Ressurreição, Jesus é Luz que brilha nas trevas e nos purifica. Uma vez reconciliados, o Senhor atribui a todos uma missão; ser cristão corresponde a ter uma missão a cumprir. A este propósito, partilho convosco um convite do Papa Francisco:
“O mundo está dilacerado pelas guerras e a violência, ou ferido por um generalizado individualismo que divide os seres humanos e põe-nos uns contra os outros visando o próprio bem-estar. Em vários países, ressurgem conflitos e antigas divisões que se pensavam em parte superados. Aos cristãos de todas as comunidades do mundo, quero pedir-lhes de modo especial um testemunho de comunhão fraterna, que se torne fascinante e resplandecente. Que todos possam admirar como vos preocupais uns pelos outros, como mutuamente vos encorajais animais e ajudais: «Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 35). Foi o que Jesus, com uma intensa oração, pediu ao Pai: «Que todos sejam um só (…) em nós [para que] o mundo creia» (Jo 17, 21). Cuidado com a tentação da inveja! Estamos no mesmo barco e vamos para o mesmo porto! Peçamos a graça de nos alegrarmos com os frutos alheios, que são de todos”. (EG 99)
Irmão e irmãs:
Temos todo o tempo Pascal em aberto para diversas iniciativas de testemunho, anunciando um Cristo Vivo! Também nos devemos considerar, como S. Pedro, “testemunhas de antemão designadas por Deus”, para testemunhar a vida nova da graça, concedida pelo Senhor Ressuscitado. Preparemo-nos também para as rejeições. O Senhor Jesus não nos escondeu antes nos preparou para enfrentarmos dificuldades de não acolhimento. Porém, diz o Senhor: “Eu venci o mundo” (Jo 16,33).
Neste mundo tão desarmonizado de valores e todos os dias carregado de notícias que entristecem a vida. Neste mundo, onde existe mais capacidade intelectual mas menos amor e bondade, também existem muitas pessoas desejosas de verdade e interessadas em encontrar um sentido para as suas vidas. É a este mundo em que vivemos que Deus continua a dar sinais do seu Amor pelos homens e mulheres.
Como Igreja, cristãos conscientes, celebrando a Ressurreição do Senhor, somos o “sinal sacramental” deste Amor de Deus. Tenhamos presente este desafio: talvez algumas pessoas que nos conheçam, e andem distanciados da Fé, não tenham outro sinal de Deus senão as nossas vidas! Cuidemos do testemunho pessoal, suplicando ao Senhor Ressuscitado a alegria de um coração puro, um espírito novo e um Amor generoso.
Irmãos e irmãs, alegremo-nos em Cristo, nosso Bom Pastor, que por nós morreu e ressuscitou, mas não fiquemos de braços cruzados, disponhamo-nos a ver à nossa volta e verificar em que situação concreta é mais urgente o nosso testemunho de vida como cristãos.
“Alegrai-vos sempre no Senhor”. Cristo ressuscitou. Aleluia!
D. José Traquina, bispo de Santarém