Homilia do bispo de Santarém na Vigília Pascal

Irmãos e irmãs

Alegremo-nos no Senhor! O Senhor Jesus ressuscitou do sepulcro!
Nesta Vigília Pascal, a grande Vigília da Igreja, atualizamos nas nossas vidas a Salvação de Deus.
Na continuidade das ações da intervenção divina, a Palavra de Deus recorda-nos como Deus é Criador do bem e da beleza das criaturas, como foi a primeira páscoa dos hebreus na libertação do Egito, como suscitou a conversão e orientação do seu povo através da missão dos profetas e, por eles, prometeu a renovação da humanidade, da pessoa humana como novo coração e espírito novo. Tudo é atualizado com a oração dos salmos que nos envolvem como resposta de Fé.
No Evangelho, o anúncio da ressurreição na madrugada do primeiro dia de semana, acontece na resposta às mulheres junto ao sepulcro: “Porque buscais entre os mortos Aquele que está vivo? Não está aqui: ressuscitou”.

A Ressurreição de Jesus é a afirmação central da Fé da Igreja. O Senhor ressuscitou como tinha anunciado. Ressuscitou para a junto do Pai e ressuscitou para se tornar ainda mais presente na vida daqueles que n’Ele creem. Ressuscitou para nós, como Palavra viva, tornando-nos participantes do seu Espírito, dos seus Sacramentos e responsáveis pela sua missão.

Outro elemento da Vigília Pascal é a simbologia da Luz, que nos ajuda a situar no longo desígnio de Deus ao longo dos tempos. A Luz de de Deus, a Luz de Cristo, é a Luz da Fé da Igreja simbolizada a Luz do círio Pascal.
O contrário da luz, são as trevas e é de todas as trevas que Jesus nos quer libertar. Jesus apresentou-se como Luz do mundo, “Eu vim como luz para que quem me seguir não ande nas trevas”, e consagrou os seus discípulos na missão de serem Luz do mundo e sal da terra. Aqueles que creem em Jesus, que se deixaram atrair por Ele, sentem-se motivados a acolher a Luz da Fé, a pedirem o Batismo e a pertencerem à comunidade dos que seguem a Cristo, como luz das suas vidas.
Importa reconhecer a luz do Ressuscitado nas nossas vidas. Jesus morreu para descer à mansão dos que morreram e lhes conceder nova luz e nova vida. Quando na oração da Bênção da água imergimos o círio pascal na água, significa essa união do divino e do humano em que a luz é a força fecundante para a missão da utilização da água.
Como exorta S. Paulo na leitura da Carta aos Romanos, se fomos batizados em Jesus Cristo, na sua morte e sepultura, com Ele ressuscitamos para uma vida nova. É o grande apelo. A alegria da ressurreição tem de traduzir-se na sabedoria e boas opções de uma vida renovada em união a Cristo e em comunhão de fé com os irmãos.

“A Luz de Cristo dissipa as trevas de todo o mundo”. Este anúncio do precónio pascal justifica o convite a exultar de alegria a multidão dos anjos, a terra inteira e a Igreja. Este convite, porém, é também uma denúncia. A vitória sobre as trevas está assegurada pela Luz de Cristo, mas é necessário uma opção. Há quem não queira esta proposta de alegria, há quem não queira sair das suas trevas e, desse modo, recusam a luz da ressurreição e tornam inútil a paixão e morte de Cristo. Em síntese e conclusão, se queremos a salvação do mundo é necessário: acreditar que é possível, afirmar a fé em Cristo ressuscitado, acolher a sua proposta de Reino e testemunhá-lo com o trabalho, a dedicação e no bom ambiente fraterno com quem se vive.
A alegria da noite santa da Páscoa do Senhor, é a uma graça espiritual. A vida humana ganha a beleza da luz da Fé e do amor de Cristo que nos inspirará a testemunhar em todo o tempo pascal. O horizonte de esperança fica reforçado e estando ainda na terra, convivemos com os santos do céu, aqueles que viveram a mesma fé que professamos e agora evocamos como nossos intercessores. É esse o sentido das Ladainhas que vamos rezar, antes da renovação das promessas do Batismo que faremos na alegria da fé.

D. José Traquina, bispo de Santarém

 

Partilhar:
Scroll to Top
Agência ECCLESIA

GRÁTIS
BAIXAR