


Irmãs e irmãos
As velas acesas a partir do Círio pascal no início da Vigília sugere o princípio da vida e também a nova criação com a Graça do Espírito Santo. Pode lembrar também aqueles que esperam vigilantes com a sua luz a vinda do seu Senhor. Depois, com escuta da Palavra de Deus, vamos contemplando como Deus realizou as suas maravilhas. Saliento breves passagens.
Com a Leitura do Livro do Génesis, escutámos a criação operada por Deus e como o homem e a mulher se situam no projeto criador: eles são o centro e a razão de ser de todas as coisas criadas. “Deus viu o que tinha feito: era tudo muito bom”.
Na Leitura do Livro do Êxodo, escutámos como Deus interveio na história do seu povo eleito no Egito com a sua força libertadora. O escritor sagrado salienta que Deus interveio na natureza criada permitindo que “os filhos de Israel penetrassem no mar a pé enxuto”.
A Leitura do profeta Isaías revela-nos um Deus que sofre pelas infidelidades e afastamentos do seu povo. Um povo que vive desorientado, sem critério para governação da vida. E daí as exortações de Deus pela voz do profeta: “Ouvi-me com atenção (…); Prestai-Me ouvidos e vinde a Mim; escutai-Me e vivereis. Firmarei convosco uma aliança eterna, com as graças prometidas a David”. Procurai o Senhor enquanto se pode encontrar”.
Na Leitura, do Profeta Ezequiel, última proclamada do Antigo Testamento, escutámos a grande promessa de Deus que só em Cristo tem realização e hoje se atualiza: “Derramarei sobre vós água pura (…); Dar-vos-ei um coração novo e infundirei em vós um espírito novo.
Chegamos, assim, à maior das maravilhas de Deus: a Ressurreição do Senhor Jesus. O cântico do Glória e o acender de todas as luzes corresponde a esta contemplação da Luz de Deus. A noite abre-se à Luz pascal.
Escutámos o Evangelho de S. Lucas com o anúncio da Ressurreição do Senhor com o espanto do sepulcro vazio. As mulheres que foram ao sepulcro ao romper da manhã encontraram a pedra removida; se estavam tristes com a morte de Jesus e ficaram confusas com o desaparecimento do corpo de Jesus sepultado. Estando perplexas, ficaram assustadas com o aparecimento de dois homens com vestes resplandecentes que lhes dizem: “Porque buscais entre os mortos Aquele que está vivo? Não está aqui: ressuscitou”. E recordou-lhes os ensinamentos de Jesus na Galileia.
Sobre esta passagem escreveu o Papa Francisco: “A história humana não acaba frente a uma pedra sepulcral, já que hoje mesmo descobre a ‘pedra viva’ (cf. 1Ped 2,4): Jesus ressuscitado. Como Igreja, estamos fundados sobre Ele e, mesmo quando desfalecemos, mesmo quando somos tentados a julgar tudo a partir dos nossos fracassos, Ele vem fazer novas todas as coisas e inverter as nossas deceções” (Liturgia da Palavra, p. 102).
Irmãos e irmãs, o Evangelho reflete e testemunha o início e o centro da nossa afirmação da Fé: Cristo Ressuscitou. A afirmação da nossa Fé em Cristo Ressuscitado é mais do que acreditar na recuperação da vida que tinha antes. É afirmação da vitória de Jesus sobre o poder da morte; é afirmar que “está vivo”, não morre mais, deixou de ter as limitações da existência humana e vive uma nova existência para Deus e para todos os seus que Ele assegurou acompanhar. Foi constituído Senhor.
Na Leitura de São Paulo aos Romanos, o Apóstolo lembra-nos: “Fomos sepultados com Ele pelo Batismo na sua morte, para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos para glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova”.
A beleza desta Vigília Pascal é maior quando nela se realiza aquilo que meditamos na Palavra de Deus. Preparemo-nos não só para a renovação das promessas do nosso Batismo mas também para acolher o dom do Batismo dos candidatos adultos que para isso se prepararam.
Prosseguindo nesta Vigília, vamos passar para a Liturgia batismal, começando pela oração. Com a Ladainha rezamos, invocando Nossa Senhora, os Anjos e os Santos e Santas, cristãos e cristãs, que viveram as suas vidas iluminados pela luz da Fé cristã, para que intercedam por nós e, assim, em comunhão de Fé, nos ajudem a obter a graça da nossa renovação como dom da Páscoa do Senhor.
D. José Traquina,
Bispo de Santarém