Homilia do bispo de Leiria-Fátima na noite de Natal

A Beleza e a Alegria do Natal Cristão

Exultemos de alegria

Adoremos o Senhor:

Da Virgem Santa Maria

Nasceu Cristo, o Redentor.

É a alegria expressa neste hino que nos reúne aqui, em festa, nesta noite santa. Com esta alegria desejo saudar, afetuosamente, a todos vós, caros irmãos e irmãs, que quisestes vir à nossa catedral celebrar comigo o Natal de Jesus.

“Hoje nasceu para vós o Salvador”

Conta-se que, numa noite de Natal, o célebre compositor austríaco do século passado, Anton Bruckner, tocou o órgão na missa do galo, na catedral de Viena. No final da missa solene e festiva, quando toda a gente saiu, o sacristão fechou a porta da catedral. No dia seguinte, de manhã cedo, quando o sacristão reabriu as portas, encontrou lá dentro Bruckner, de joelhos, em adoração profunda.

“Ainda aqui, Maestro?” – perguntou-lhe. “Sim. Tinha-me esquecido que Ele se fez homem e veio habitar entre nós”, respondeu o organista. A sua resposta alerta para o risco de ficarmos mais pelo aspeto exterior da festa do Natal e de esquecer o centro da celebração.

De facto, o Natal não é um simples aniversário do nascimento de Jesus. É muito mais que isso. É celebrar um mistério que marcou e continua a marcar a história da humanidade: o mistério da Encarnação, o mistério de Deus que se fez um de nós, na fragilidade da nossa carne, que veio habitar entre nós. É um mistério que constitui o coração da nossa fé e toca o coração da nossa existência. O nascimento de Jesus fala-nos, diretamente, do mistério do amor de Deus que se faz próximo, Deus comigo, Deus connosco, ontem, hoje e sempre. Não vem a nós como turista, mas como Salvador. Tem encontro marcado connosco, não no passado, mas no presente e no futuro.

Por isso, a liturgia desta noite proclama e canta mais que uma vez: “Hoje nasceu para vós o Salvador, Cristo Senhor”.

Sim, Deus oferece-nos hoje – a mim, a cada um de nós – a possibilidade de reconhecê-lo e acolhê-lo, como fizeram os pastores em Belém, para que Ele nasça na nossa vida e a renove, a ilumine, a transforme com a sua presença , com a sua graça. “De que me aproveitaria Cristo ter nascido há dois mil anos se não puder nascer hoje no meu coração’”(Orígenes).

É ao amor deste Deus Menino que devemos confiar-nos com toda a humildade e confiança. Ele abre-se a nós e acolhe-nos; nós abrimo-nos a Ele e acolhemo-lo. Neste abraço recíproco está toda a beleza e alegria do Natal cristão.

Testemunhas da beleza do Natal para toda a humanidade

O Deus feito menino ama-nos a fim de que também nós amemos com Ele e como Ele. Na celebração do seu nascimento faz de nós testemunhas do seu amor no mundo para que o seu Natal brilhe como luz para toda a humanidade.

Eis como Madre Teresa de Calcutá  expressa isto de modo tão concreto e belo:

“É Natal todas as vezes que sorris a um irmão e lhe estendes a mão; é Natal sempre que te levantas contra quem marginaliza os oprimidos no seu isolamento; sempre que dás voz a quem não tem voz nem vez; sempre que te pões ao lado de quem é débil e facilmente explorado; sempre que esperas com quem é prisioneiro: os oprimidos pelo peso da pobreza física, moral e espiritual; sempre que reconheces com humildade os teus limites e as tuas fraquezas. É Natal sempre que permites ao Senhor amar os outros através de ti”.

Peçamos ao Deus Menino por todos, especialmente por aqueles que passam por provações duras:

“Senhor, na noite santa de Natal depomos diante da tua manjedoura todos os sonhos, todas as lágrimas e esperanças contidas nos nossos corações.

Pedimos por aqueles que choram sem terem quem lhes enxugue uma lágrima; por aqueles que gemem sem terem quem escute o seu clamor;; por aqueles que Te buscam sem saberem onde Te encontrar; por tantos que gritam pela paz, quando nada mais podem gritar.

Abençoa Jesus-Menino cada pessoa do nosso planeta Terra, colocando no seu coração um pouco da luz eterna que vieste acender na noite escura do mundo e da nossa fé. Fica connosco Senhor! Fica connosco nesta noite e sempre!”

A todos vós e a todos os que vos são queridos desejo um Santo Natal cheio de graça, de paz e de alegria em Cristo.

Leiria, 25 de dezembro de 2011

D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima

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