Homilia do Bispo de Bragança-Miranda no Domingo de Páscoa da Ressurreição do Senhor

  1. Hodie

A festa da Páscoa do Senhor é o dia (Hodie) por excelência da passagem à vida nova, a festa das festas. A liturgia da Igreja que nasceu da Páscoa está inundada pela admiração, exultação e alegria, conforme os textos deste dia solene do ‘sacramento pascal’: «este é o dia que o Senhor fez: exultemos e cantemos de alegria» (Sl 117).

A Páscoa é o tempo festivo, no qual a Igreja é convidada a celebrar com mais solenidade a «Cristo, nossa Páscoa, que foi imolado. Ele é o Cordeiro de Deus que tirou o pecado do mundo: morrendo destruiu a morte e ressuscitando restaurou a vida» (MR, Prefácio Pascal I).

Por tal motivo, a Igreja celebra os cinquenta dias da Páscoa, uma semana de semanas, como “um grande Domingo”, sendo o Domingo do Pentecostes a celebração da plenitude da Páscoa.

 

  1. Ficai connosco Senhor

A liturgia da tarde deste domingo de Páscoa oferece o episódio dos discípulos de Emaús. Jesus caminha com dois dos discípulos que não compreenderam o sentido da sua vida e até se afastaram da cidade de Jerusalém e da comunidade dos outros discípulos. Jesus percorre o caminho com eles, anuncia-lhes a Palavra leva-os a compreender os acontecimentos da Páscoa à luz das Escrituras.

Eles pedem a Jesus para ficar com eles e Jesus aceitando o convite, entra na sua noite. Durante a fração do pão, os seus olhos abrem-se e reconhecem-No ao partir do pão.

A mesa é o lugar da partilha do pão e do dom da comunhão. A mesa continua a ser o lugar do dom da Páscoa: mesa da Palavra, mesa da Eucaristia e mesa da caridade fraterna. Aqui acontece o milagre da fraternidade cristã.

A mesa com Cristo leva à missão. Por isso, os discípulos missionários partiram imediatamente, retomando o caminho para reencontrar os irmãos e testemunharem o encontro com Jesus Cristo vivo e ressuscitado.

Este é também para nós o tempo do (re)encontro com o Ressuscitado. Quando tudo parece fracassar, Jesus Cristo faz-se companheiro de viagem, acolhendo as confidências, na partilha da vida, da palavra das Escrituras e na fração do pão. Ser apenas peregrino (per-agrum), caminhar pelo campo da vida, ou ser peregrino com Cristo, acolher Cristo e ser acolhedor como Ele, faz toda a diferença.

O sepulcro aberto proclama a alegria da presença viva e ressuscitada de Cristo e a Igreja pede-Lhe incessantemente: «Ficai connosco, Senhor», para que seja sempre Hoje.

 

 

  1. Aleluia! Aqui!

A Igreja orante convida-nos, portanto, a cantar, na alegria do coração, o perene Aleluia em Cristo, nossa Páscoa.

Hoje, às 12.00h os sinos da Diocese tocaram, onde foi possível, a marcar a plenitude da vida eterna.

Como representou Mário Silva na cerâmica do painel central da nossa Catedral, Jesus Cristo vivo e ressuscitado abraça-nos e transmite-nos a Sua Paz.

O mesmo abraço da Pietà de José Rodrigues: «O milagre se faz ver no fruto do teu ventre/ em ti começa a palavra prometida e plena/ por isso festejamos a roda do teu colo» (J. Tolentino Mendonça).

Também “a epifania da Graça” de Ilda David no Batistério, num dos mosaicos representa o ícone de Emaús, quer iluminar-nos na Esperança confiante, porque Jesus Cristo é o companheiro amigo da humanidade.

«Aqui para além da morte da lacuna da perca e do desastre

 Celebramos a Páscoa 

 Aqui celebramos a claridade

 Porque Deus nos criou para a alegria».  (Sophia de Mello Breyner Andresen)

 

A todos e a cada um desejamos uma Santa Páscoa, que se prolonga na oitava e por todo o tempo pascal até ao Domingo de Pentecostes, 31 de maio: aos Presbíteros, aos Diáconos, às Pessoas Consagradas, aos movimentos e grupos, aos fiéis das 321 paróquias das 18 Unidades pastorais e dos 4 Arciprestados, às autoridades civis, das forças de segurança e da saúde, a todos os profissionais e voluntários que lutam na ‘linha da frente’ e nas ‘linhas da retaguarda’ desta pandemia do covid 19. Bem-hajam! O Senhor nos abençoe na Sua Paz.

 

Na conclusão desta celebração e às portas abertas da Catedral, Jesus Cristo Ressuscitado, o Santíssimo Sacramento da Eucaristia, abençoará a cidade e a diocese, ao mesmo tempo que proclamamos a todos e a cada um, a sempre feliz notícia nesta Páscoa inaudita:

Jesus Cristo Ressuscitou! Aleluia! Aleluia!

Deus ama-te inteira e imensamente!

D. José Manuel Cordeiro

 

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