Homilia do Bispo da Guarda na Missa Crismal de Quinta-Feira Santa

1. Reunimo-nos em Presbitério, nesta manhã de Quinta-Feira Santa, principalmente para testemunharmos e celebrarmos a nossa comunhão presbiteral e para louvarmos o Senhor pelas maravilhas que Ele já realizou e continua a realizar através do Ministério Ordenado que nos confiou. Somos, de facto, o Presbitério ao qual está entregue o encargo de velar pela condução pastoral de toda a nossa Diocese. Por isso, já o sabemos, cada um de nós é responsável por determinados serviços concretos, seja em Paróquias, seja em outros âmbitos pastorais, den¬¬tro desta Diocese ou mesmo fora dela. Todavia, o primeiro mandato que temos é para participar na responsabilidade conjunta de definir e levar à prática, em cada momento, o rumo e as orienta¬ções para toda a nossa Diocese. Nessa medida, o Presbitério é realmente o coração da Diocese, co¬mo o Seminário é o coração do Presbitério. E o Seminário é coração do Presbitério, porque o Presbitério nasce do Seminário e, por sua vez, o Seminário precisa de ter no seu Presbitério e em cada um dos padres que o constituem os necessários promotores das vocações sacerdotais. De facto, todos os serviços diocesanos de promoção das vocações sacerdotais, desde o Pré-Seminário e o Seminário Menor, até ao Seminário Maior, passando pelos grupos de oração em favor das mesmas vocações, que estamos a promover e a incentivar através das paróquias e dos arciprestados, não poderão ter sucesso, se actuarem à margem do nosso empenhamento como padres e como presbitério. Da concelebração de hoje faz também parte a bênção dos Santos Óleos, que estão profundamente ligados à missão de santificar para a qual estamos mandatados e habilitados pelo Sacramento da Ordem. Assim, com o santo Crisma, vão ser ungidos os recém-baptizados e também marcados na Confirmação; serão ungidas as mãos dos presbíteros recém-ordenados e a cabeça dos bispos; serão igualmente ungidas as Igrejas e os altares na sua Dedicação. Por sua vez, com o óleo dos catecúmenos serão estes preparados e devidamente dispostos para receberem o Sacramento do Baptismo. Finalmente com o Óleo dos Enfermos e pelo Sacramento dos Doentes ou da Santa Unção serão estes aliviados na dor, ao mesmo tempo que o seu sofrimento encontra o sentido que lhe dá sobretudo a Paixão e a Morte de Cristo, no Mistério Pascal. 2. Ouvimos a Palavra de Deus que acaba de ser proclamada nesta assembleia celebrante. Nela é-nos hoje apresentado, de modo particular, o ungido ou Messias que todo o Povo esperava. Uma apresentação que é feita pelo próprio, servindo-se do texto bíblico de Isaías, que também escutámos. “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres”. Ao ver nesta passagem bíblica o anúncio antecipado da Sua Pessoa, Jesus apresenta-se como sendo o Ungido ou Messias; e a Sua Unção é o próprio Espírito Santo que está sobre Ele. Como nós sabemos, a verdadeira unção que marca também e indelevelmente todo o basptizado no momento do seu Baptismo, assim como a unção indelével com que nós padres fomos marcados no dia da nossa Ordenação, não se fica pelo Óleo do Crisma com que fomos marcados pelo Bispo celebrante. A verdadeira unção é o dom do Espírito Santo, que permanece sobre nós como aconteceu com Jesus Cristo, no cumprtimento da Missão que o Pai lhe confiou. E é o Espírito Santo – disso estamos convencidos – que, em cada momento, orienta e fortalece os nossos passos de padres e de Presbitério para cumprimento da missão que nos foi confiada. Ora, essa missão é a mesma missão evangelizadora de Jesus Cristo, que o Evangelho de hoje, baseado na referida passagem de Isaías, identifica como sendo “anunciar a Boa-Nova aos pobres”, “proclamar a redenção”, “restituir a liberdade aos prisioneiros”, “proclamar o ano da Graça do Senhor”. Sendo assim, a Palavra de Deus convida-nos hoje, como Padres e como Presbitério, prolongando no tempo a missão do próprio Ungido do Senhor, que é o Messias, o Cristo, a aprofundar a missão evangelizadora para que estamos mandatados. Missão que temos de saber traduzir na prática da Nova Evangelização, tendo em conta a realidade pastoral e também social da Diocese que nos está confiada enquanto Presbitério. A nossa Fé diz-nos que a Pessoa de Cristo, Cabeça e únicio Bom Pastor da Sua Igreja, continua vivo e presente no meio de nós, acompanha-nos e motiva-nos para o bom desempenho da missão que nos foi confiada no Baptismo e na Ordenação Sacerdotal. Ele é a testemunha fiel, o primogénito dos mortos, o Senhor do mundo ou príncipe dos reis da terra, como lhe chama o Apocalipse. Ele é o alfa e o ómega, Aquele que é que era e que há-de vir. Porque nunca estamos sozinhos, mas nos sabemos sempre acompanhados por Ele, o único sacerdote e inspirador do serviço sacerdotal que nos é pedido para prestarmos à Igreja e por ela ao próprio mundo, desejamos agora recordar também as suas confortadoras palavras dirigidas aos primeiros discípulos – “Não temais”. 3. Queremos sentir-nos hoje também os destinatários deste “não temais” do próprio Cristo dirigido a cada um de nós, ao nosso Presbitério e à nossa Diocese. Esse conforto queremos que não implique a recusa da consciência que precisqamos de ter quanto às dificuldades do processo evangelizador. E há dificuldades novas, próprias dos tempos de hoje, que temos de saber identificar bem para depois em conjunto e como Presbitério podermos superá-las. Porém, não é tanto sobre essas dificuldades que hoje desejo reflectir convosco, mas principalmente sobre as nossas formas de estar em Presbitério e de actuar em presbitério, das quais dependem, em larga escala, os resultados do nosso trabalho pastoral, na condução da Diocese que nos está confiada. E a primeira coisa que nos é pedida é que sejamos, de facto, Presbitério; Presbitério definido como sendo uma Fraternidade Sacramental e uma comunhão de Presbíteros. Esta comunhão de presbíteros não pode ser determinada só por razões pragmáticas, porque ela define a nossa identidade. Mas precisa de sinais, a que podemos chamar também estruturas de comunhão. E são estruturas de comunhão aquelas que ajudam e motivam a nossa espiritualidade sacerdotal, como os retiros e as recolecções que costumamos programar e calendarizar; o mesmo se diga das propostas de formação, que nos são feitas dentro do princípio consensual de que a formação permanente faz parte integrante do exercício do nosso Ministério. Ora, nós damos conta também de que a a nossa acção passtoral é tanto mais gratificante quanto mais for realizada na comunhão presbiteral bem articulada com outros serviços eclesiais, principalmente aqueles que contam com o compromisso dos leigos. Daí a importância crescente que têm de desempenhar na nossa acção pastoral de presbíteros quer os arciprestados, quer as zonas pastorais, mas também outros conjuntos paróquias ou mesmo de movimentos e serviços pastorais com afinidade entre si. Por isso, a recomendação que nos é insistentemente feita de que entre os padres deve haver sempre alguma forma de vida comum tem também aqui a sua aplicação. Promover a comunhão orgânica de ministérios e serviços eclesiais pertence ao essencial da nossa missão. Para essas finalidade procuramos motivar os leigos, ajudando-os no discernimento das suas capacidades e carismas e na preparação para o seu exercício, nos diferentes serviços eclesiais. A propósito do empenhamento dos nossos leigos na pastoral, devo dizer que encontrei na nossa Diocese algumas centenas deles, com preparação doutrinal significativa, a avaliar pelo número dos que ferquentaram a nossa Escola de Leigos, mas quando vou pelas paróquias ou me encontro com os ditintos movimentos e serviços pastorais da Diocese não os vejo sempre a desempenhar as funções para que se prepararam. Como presbíteros e como presbitério, sinto que não podemos ignorar esta realidade e precisamos de nos perguntar porque é que isto está a acontecer e que caminhos novos é necessário abrir para sermos uma diocese onde há lugar para todos, dentro da comunhão orgânica de serviços e ministérios eclesiais que desejamos promover. Aos leigos, religiosos e diáconos presentes nesta Assembleia e por eles a toda a Diocese desejo neste momenmto dizer, em nome de todo o nosso presbitério, que estamos dispostos a percorrer decididamente estes caminhos de verdadeira comunhão em Igreja e queremos pedir qaue nos ajudem com as suas sugestões e propostas. Devo dizer que o nosso Conselho Pastoral Diocesano deu ultimamente algumas sugestões nesse sentido, as quais merecem toda a nossa atenção e acolhimento. Convido-vos agora a voltar a nossa atenção para a responsabilidade que temos, como padres e como presbitério na promoção das vocações sacerdotais. Dissemos que o Presbitério é o coração da Diocese, como o Seminário é o coração do Presbitério. Hoje é, por isso mesmo, dia de lembrar também os nossos seminários e o nosso Pré-Seminário, para os quais pedimos a bênção de Deus e aos quais queremos garantir a nossa sincera solidariedade. Pois sabemos que embora a vocação seja chamamentro directo e pessoal de Cristo, esse chamamento pode ser muito ajudado pelo nosso estilo de vida sacerdotal. É por isso que o factor número um da pastoral das vocações sacerdotais é a nossa vida de sacerdotes e a nossa dedicação ao Ministério. Quantos de nós, ao revisitarmos a nossa história pessoal não descobrimos a mão mais ou menos discreta do nosso prior ou de outtro sacerdote das nossas relações que nos atrairam e entusiasmaram pelo caminho do Ministério. Mas chegará o momento em que o silêncio da nossa vida sacerdotal não chega e é preciso passarmos ao convite directo. O Senhor pede-nos, de facto, também este importante serviço à promoção dass vocações sacedotais, convencidos de que os seminários e o pré-seminário nunca nos poderão substituir, nesta acção que é nossa e de mais ninguém. 4. Hoje damos especiais graças a Deus pelos sacerdotes do nosso Presbitédrio que durante este ano de 2008 cumprem 25 anos, 50 anos e 60 anos de exercício do Ministério Sacerdotal. Louvemos o Senhor pelos bens extraordinários que por eles passaram, no exercício do seu ministério sacerdotal , para a Igreja e por ela para a sociedade em geral. Assim, levantemos, nesta hora, para o Céu o nosso hino de acção de graças pelo dom do Ministérrio Sacerdotal, há 25 anos, aos Reverendos Padres do nosso Presbitério António das Fonseca Coelho e José Manuel Cecílio Pereira. Ambos foram ordenados pelo Sr. D. António dos Santos, no ano de 1983, o primeiro em 31 de Março e o segundo em 29 de Outubro. O Reverendo Padre Coelho, depois de ordenado, fez o seu percurso pastoral, até agora, exercendo entre outras as seguintes funções: membro da equipa formadora do Seminário do Fundão, estudos na Universidade Pontifícia de Salamanca para a licenciatura em teologia dogmática, professor no Seminário Maior de Guarda e agora no Instituto Superior de Teologia, Director Espiritual do mesmo Seminário Maior, Pároco de S. Miguel da Guarda e outras paróquias limítrofes, Pároco e arcipreste do Rochoso, delegado ao Conselho Presbiteral. O Reverendo Padre José Manuel, que se ordenou ligado à Congregação dos Missionários de S. João Baptista, com sede em Gouveia, serviu o Seminário de Gouveia durante 9 anos e a partir do ano de 1992 presta serviço na Diocese das Forças Armadas e de Segurança. No seu percurso académico conta com a licenciatura em Teologia e um mestrado em Ciências da Educação. Está encardinado na nossa Diocese desde Janeiro último. Louvemos também o Senhor pelos dois sacerdotes do nosso Presbitério que cumprem este ano as suas bodas de ouro sacerdotais. São eles os Reverendos Padres Augusto Ruivo de Carvalho e José Júlio Esteves Pinheiro. Ambos foram ordenados pelo Sr. D. Domingos da Silva Gonçalves, o primeiro em 30 de Março e o segundo em 20 de Julho. O Reverendo Padre Augusto, para quem imploramos, neste momento, o alívio e as melhoras na doença que o retém em sua casa, até agora, desempenhou as funções de Pároco sempre no arciprestado de Alpedrinha, em várias paróquias, incluindo aquela de onde é natural, a Paróquia de Soalheira. Foi também delegado ao Conselho Presbiteral e professor de Educação Moral e Religiosa Católica. O Reverendo Padre José Júlio até agora trabalhou na pastoral paroquial como coadjutor nas paróquias da Conceição, na Covilhã e Sabugal. A partir de 1985 foi assistente dos emigrantes em França. Agora continua a dar colaboração a vários párocos pela Diocese e é o delegado diocesano para a pastoral da cultura. No seu percurso académico, onde se destaca o grau de doutoramento, foi professor em várias escolas, nomeadamente na Universidade Católica e no IPG. A nossa acção de graças é também pelos 2 sacerdotes do nosso Presbitério que este ano cumprem 60 anos de vida sacerdotal e que são os Reverendos Padres António Luís Nunes e José Agostinho Moita. O Reverendo Padre António Luís ordenou-se em Agosto de 1948 ligado à Sociedade Missionária da Boa Nova, cujos Seminários frequentou. Encardinou-se na nossa Diocese em 1950. Até agora foi pároco de várias paróquias nos arciprestados de Figueira de Castelo Rodrigo, Almeida e Pinhel, onde continua com funções de capelão na Santa Casa da Misericórdia local. Monsenhor José Agostinho Moita, desde a sua Ordenação Sacerdotal, também em Agosto de 1948, desempenhou funções de ecónomo no Seminário Maior da nossa Diocese e, desde 1961, a sua acção pastoral esteve ligada às Forças Armadas, onde foi Vigário Geral Castrense. Desejamos, como Presbitério e em nome de toda a nossa Diocese, felicitar vivamente estes irmãso sacerdotes pelo percurso que já fizeram até agora no exercício do Ministério e pedir para eles as maiores bênçãos do Céu. Juntamemte com eles felicitamos as suas famílias e todas as comunidade e fiéis que até agora receberam os dons de Deus através deles e do Ministério que lhes foi confiado. Que a sua vida sacerdotal seja semente de novas vocações. +Manuel R. Felício, B. da Guarda.

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