
A Cruz e o Crucificado – A Morte de Jesus
Jesus deu a vida para nos salvar! Vinde adoremos.
A Cruz de Jesus tornou-se o lugar do anúncio solene do Evangelho da vida nova e da esperança, que não morre.
Dar a vida pelos amigos através da condenação à morte, do sofrimento da paixão e da Morte na Cruz. Dar a vida pelo irmão é o maior gesto, que alguém pode dar por amor ao outro.
Imolou-se no altar da cruz e agora continua na Igreja a imolar-se na mesa do altar do sacrifício eucarístico, onde Jesus se oferece de novo ao Pai por nós, e, por toda a humanidade.
Em comunhão com os doentes, os pobres, os condenados à morte inocentes, os marginalizados, os excluídos da sociedade, os cristãos perseguidos, que morrem vítimas de violência e de guerras destruidoras. Como cristãos continuamos a atualizar a morte de Cristo dizendo: “Completo na minha carne, o que falta à Paixão de Cristo, em favor do Seu Corpo que é a Igreja”.
Contemplando o Servo sofredor de Isaías “vamos cheios de confiança ao trono da graça, a fim de alcançarmos misericórdia e obtermos a graça de um auxílio oportuno” (cf. Hb 4,14-16).
A Cruz levantada com o Crucificado, tornou-se a árvore da vida e da esperança para toda a humanidade. Afirma o Papa Francisco na Encíclica DILEXIT NOS (Amou-nos): “A meditação da entrega de Cristo na Cruz é, para a piedade dos fiéis, algo mais do que uma simples recordação” (nº 154).
Vamos rezar as palavras de Jesus na Cruz, para o adorarmos e o anunciar ao mundo de hoje:
“Perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34).
É a 1ª palavra de Cristo na cruz. Perdoar, acolher e dar o perdão… É uma oração ao Pai por nós. São palavras para o Pai, mas também são para nós.
Não perdoar é não acreditar no ser humano e em Deus. Jesus é o primeiro a reagir. Jesus no sofrimento não perde a sua identidade de filho e de vinculação ao Pai. Na crucifixão não se desvincula do Pai, nem de nós.
Para o cristão é decisivo compreender o ato do perdão, para compreender a Escritura. É preciso levar a Escritura a pleno cumprimento.
O que está em causa com o perdão é uma atitude interior e exterior. O perdão tem a ver com o passado e com o futuro.
Segundo Lucas, “Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, crucificaram-n`O a Ele e aos malfeitores; um à direita e outro à esquerda. Jesus dizia: “Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem.”
Tinha acorrido uma multidão para ver o espetáculo, daquele que sofria o suplício da Cruz.
“Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23,43).
Esta é a grande promessa que todos esperamos ouvir como “Peregrinos de Esperança”. Estarás comigo no Céu!
Contemplar o Paraíso, acreditar na Vida Eterna, eis o fundamental da fé cristã no seguimento de Jesus. A nossa Pátria está nos Céus de onde nos espera Nosso Senhor Jesus Cristo. “O Corpo de Cristo na Cruz permaneceu inteiro nas mãos dos carrascos, mas o corpo da Igreja é dilacerado nas mãos dos cristãos” (Santo Agostinho).
“Mulher eis aí o Teu Filho! Eis a tua Mãe!” (Jo 19, 26-27).
Junto à cruz de Jesus estavam, de pé, a sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria, a mulher de Cléofas e Maria Madalena.
O diálogo fecundo entre Jesus e Maria deve ser uma profecia de esperança para a Igreja, que no silêncio fecundo, guarda a palavra de Deus no coração e a põe em prática, na escuta, na proximidade e no diálogo com todos os crentes em caminho sinodal.
“Eis a tua Mãe”. Esta é a missão de Maria, por isso dizia o Papa Francisco em Fátima: “Temos Mãe!” Rezemos pelo sofrimento de muitas mães e pelos filhos, que são órfãos e vivem sozinhos e abandonados.
“Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?” Mc 15,34).
Jesus rezava o salmo 22. No seu grito Jesus experimenta a solidão e é solidário com todos aqueles que sentem o abandono de Deus, ou se se sentem abandonados pelos irmãos. Esse grito não foi só teu, também é nosso da humanidade sofredora, em espaços de guerra, de violência, de perseguição e de extermínio da pessoa humana.
É também a oração de tantos pobres, doentes, refugiados, migrantes e marginalizados da sociedade.
A pior experiência na vida é o abandono…
“Tenho sede!” (Jo 19,18).
Sede do amor de Deus… De ti, de mim, de toda a humanidade, de salvar almas.
Diante das securas da vida não tenhamos medo de continuar a procurar Deus. “Senhor sois o meu Deus, desde a aurora vos procuro”.
Quero procurar Jesus, para o encontrar em toda a minha vida.
“Tudo, está consumado!” (Jo 19,30).
Nada nem ninguém está fora do projeto de Cristo e da Sua Cruz. “Ensopando no vinagre uma esponja fixada num ramo de hissope, chegaram-lha à boca”.
Chegou a hora de Jesus ser levantado na cruz e num momento extremo de sofrimento, entregar a sua vida ao Pai pela salvação da humanidade. O Servo sofredor aceita o martírio por nós, dá a vida por nós, para fazer a vontade do Pai. Não foi a saborear mel, mas vinagre que se consumou o seu amor. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá vida pelos seus amigos” (Jo 15,13).
“Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito.” (Lc 23,46).
Chegou a hora de Jesus dar a vida. Eu venci o mundo!
“O Sol tinha-se eclipsado e o véu do Templo rasgou-se ao meio. Dando um forte grito, Jesus exclamou: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. A morte não é o fim, o abismo, a escuridão, a morte é a porta que se abre para a vida e bem-aventurança eterna.
Ninguém chore, ninguém faça pranto, mas faça silêncio e reze com gratidão. O amor, com amor se paga… Cristo morreu por mim, por ti, por toda a humanidade. A morte é agora o regaço da Mãe, as mãos do Pai.
Depois da morte passavam por baixo da cruz e batiam no peito, como a reconhecer que a culpa está em nós. O perdão é a palavra chave, que se ouve mais ao longo da Escritura. Sofrer, amar e servir…Aceitar os outros e receber o perdão…Rezemos pelas intenções da Igreja, do mundo e dos povos, principalmente pelo fim da guerra na Terra Santa e no mundo. Adoremos Jesus na Cruz e partilhemos as nossas esmolas para ajudar os lugares Santos e os irmãos da Terra Santa.
Acompanhemos os passos da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo e digamos: Jesus crucificado, volta o teu olhar de ternura para nós; descansa a tua mão firme sobre a nossa cabeça; sussurra aos nossos ouvidos a tua Palavra pascal: “Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos” (Mt 28,20). Com a Senhora das Dores, São João, as Santas Mulheres e os discípulos que o acompanharam à sepultura digamos: ”Pela vossa Santa Cruz redimistes o mundo.“ Ámen! Ámen! Ámen!.
Sexta-feira Santa, 18 de abril de 2025
+ António Luciano, Bispo de Viseu