Cruz florida da Páscoa: dom da graça do Batismo
Bênção dos Ramos de oliveira e narrativa da Paixão
A Igreja celebra nesta semana, chamada semana santa ou semana maior, os últimos dias da Quaresma e o início do Tríduo Pascal. Como adverte o provérbio popular: «Ramos, na Páscoa estamos». Com efeito, o domingo anterior à Páscoa inicia-se com a procissão, que recorda a entrada messiânica de Jesus em Jerusalém, e com a missa em que se lê a paixão segundo um dos Evangelhos sinópticos. Hoje escutamos, a mais antiga narrativa da paixão de Jesus, a do evangelista S. Marcos.
A paixão parece declarar falsa toda a vida de Jesus que conhecemos nos evangelhos. Todavia, aqui, no mistério pascal, surge a senhoria de Jesus Cristo. Ele apresenta-se com a enorme liberdade que decorre da obediência ao Pai e com o dinamismo da oração “não se faça o que eu quero, mas o que tu queres”. É o total abandono ao amor do Pai na atitude de confiança máxima, mesmo no alto da cruz: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?».
Jovens: a fé e o discernimento vocacional; 33º dia mundial da juventude; o dia diocesano com adolescentes e Jovens será no dia 21 de Abril em Vimioso, Unidade Pastoral Senhora da Visitação
«Como já sabeis, para nos acompanhar ao longo deste itinerário, escolhemos o exemplo e a intercessão de Maria, a jovem de Nazaré, que Deus escolheu como Mãe do seu Filho. Ela caminha connosco rumo ao Sínodo e à JMJ do Panamá. (…) este ano, procuramos escutar, juntamente com Ela [Maria], a voz de Deus que infunde coragem e dá a graça necessária para responder à sua chamada: «Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus» (Lc 1, 30). São as palavras que o mensageiro de Deus, o Arcanjo Gabriel, dirigiu a Maria, jovem simples duma pequena povoação da Galileia» (Papa Francisco).
Esta semana, o Papa Francisco promoveu a “cultura da abertura” num encontro mundial com 340 jovens representantes de todo o mundo para preparar o próximo Sínodo sobre os jovens, a fé e o discernimento vocacional. O Pré-Sínodo começou com a maior confiança da alegria da fé: Deus ama-te imensamente. A todos os adultos é pedido para levarmos a sério os jovens e para confiar neles, para que a Igreja apoie, eleve, seja mais autêntica e mais aberta aos jovens.
Quantos jovens são obrigados a sair desta cidade, das vilas e das aldeias deste território do Nordeste Transmontano e de todo o interior de Portugal!
O que faz um jovem que não tem trabalho? Fuga, droga, depressão, marginalização, perda da alegria, do sentido da vida e da dignidade da pessoa humana….
Porque é que muitos jovens deixam de sonhar? Quais são os medos dos jovens de hoje? O que é que falta à sua alegria? Quais são as suas causas?
São os próprios jovens a dizerem: «as respostas simples não nos satisfazem».
Todos e cada um de nós estamos convocados a escutar a voz e a limpar as lágrimas dos jovens e de todos os nossos irmãos e irmãs que mais sofrem: as pessoas idosas nas famílias ou nas IPSS ou solitários em casa; os doentes nos hospitais, em suas casas, nos cuidados continuados ou nos cuidados paliativos; os cuidadores das pessoas dependentes; as pessoas diversamente hábeis; os presos; as vítimas de violência doméstica e de qualquer outro tipo; os sem abrigo; os migrantes; os jovens à procura de emprego…
Com Sebastião da Gama, ousamos dizer na esperança crente, orante e operante: «pelo sonho é que vamos (…) Chegamos? Não chegamos? Partimos. Vamos. Somos»
A alegria da cruz florida pascal
Na nossa mensagem para o Tempo da Quaresma-Páscoa, dissemos que este tempo é uma ocasião feliz para cada um de nós fazer uma peregrinação à fonte baptismal onde foi baptizado. Já fizeram esta peregrinação? Já todos sabem o dia do Batismo?
Neste tempo santo, tive a enorme felicidade em regressar à fonte da fé, à Missão de Santo António do Dumbi, na Diocese do Sumbe, Angola, onde recebi o Dom da Graça, no dia 17 de junho de 1967.
Entre nós, há um salutar costume de entregar os ramos de oliveira benzidos neste Domingo aos padrinhos vivos ou defuntos, indo mesmo ao cemitério. Com Cristo e pelo Batismo, estamos sepultados na morte de Cristo e ressuscitados na Sua Vida, pelo mistério da água e pelo dom da fé, para sermos uma comunidade efetiva, relevante e dadora de vida, como pedem os jovens.
Conhece cada vez mais o dom de Deus, a fonte da água viva que jorra para a Vida eterna, como experimentamos na Lectio Divina e outros instrumentos a usar, como propõem os jovens: multimédia, experiências anuais periódicas, as artes e a Beleza, a adoração, meditação e contemplação, o testemunho e o processo sinodal.
Não tenhamos medo de abraçar a cruz florida da Páscoa e prosseguir no caminho dos altos ideais: paz, amor, confiança, equidade, liberdade e justiça. “Mergulha, não temas”: Deus ama-te imensamente!
Catedral de Bragança-Miranda, 25.03.2018
D. José Manuel Cordeiro