Homilia da Vigília Pascal do Bispo de Angra

Esta noite estamos em Vigília, ponto culminante do Tríduo pascal, em que celebramos a Páscoa de Jesus, que, pelo caminho sofrido da Paixão, desemboca na vitória da Ressurreição. Na abundante Palavra de Deus desta Vigília Pascal, temos a trajectória das grandes intervenções de Deus, ao longo da História da Salvação, desde a criação, passando pela libertação do Egipto, até à Ressurreição de Jesus. 1. A História da Salvação, a culminar na Ressurreição de Jesus, é, se quiserem, a «Fórmula de Deus» – para utilizar o título dum romance de recente publicação. Segundo o romancista, «o Universo foi concebido com um engenho tal, que denuncia inteligência e com uma afinação tal, que denuncia um propósito» (p. 515). «A Fórmula de Deus» seria o código das leis da natureza, na sua interdependência e equilíbrio, criando as condições para o surgimento do milagre exuberante da vida e do milagre dos milagres, que é a vida humana. E poderíamos acrescentar: «A Fórmula de Deus» é a Ressurreição de Jesus, consumação do desígnio amoroso da salvação de Deus. «N’Ele foram criadas todas as coisas, nos Céus e na Terra, as visíveis e as invisíveis…, tudo foi criado por Ele e para Ele» (Col 1, 16). Ele é o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim, o Alfa e o Ómega. Pela Ressurreição foi constituído Rei do Universo e Senhor da História. N’Ele são recapituladas todas a coisas, isto é, postas sob a Sua Cabeça e Chefia. O objectivo final da Criação e da Encarnação redentora é o homem novo, em Cristo Ressuscitado. 2. «Já não sou eu que vivo: é Cristo que vive em mim» – explica S. Paulo. Eis a grande transformação, operada pelo Baptismo! Esta é a fórmula da Ressurreição dentro do tempo, a fórmula da vida nova do baptizado, chamado a ser fermento de transformação da história humana em História da Salvação, como realização plena das mais profundas aspirações humanas. No Baptismo, a Páscoa de Jesus torna-se a nossa Páscoa: «passagem» da escravidão do mal para a liberdade da verdade e do amor. Pelo Baptismo, fomos sepultados com Cristo na morte, para com Ele ressuscitarmos para a vida nova da graça – diz S. Paulo. «Celebremos, pois, a festa – recomenda o Apóstolo – não com fermento velho, nem com o fermento da malícia e da corrupção, mas com os ázimos da pureza e da verdade» (Col. 5, 8). Tal é a semente de vida nova que recebemos no Baptismo. Como sabemos, era na Vigília Pascal que os catecúmenos recebiam o Baptismo, após a longa e intensa preparação da Quaresma. Neste momento, nós já baptizados, somos convidados a renovar os compromissos baptismais, para reassumirmos de novo e de forma mais coerente o «testemunho público da nossa fé», para glória de Deus e renovação do mundo. Assim seja! + António, Bispo de Angra

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