Caríssimos sacerdotes, consagrados e leigos, celebremos juntos o dom do Sacerdócio, nesta Eucaristia de Quinta-Feira Santa.
Caríssimos sacerdotes, neste “Ano Santo Jubilar de Esperança, saúdo-vos: “A graça e a paz vos sejam dadas por Jesus Cristo, a Testemunha fiel, o Primogénito dos mortos, o Príncipe dos reis da terra”(Ap.1,5). Louvemos o Senhor, rezamos juntos, porque Ele fez de nós um reino de sacerdotes.
Dentro de momentos vamos fazer a Renovação das Promessas Sacerdotais. Depois serão benzidos o óleo dos enfermos, dos catecúmenos e a consagração do óleo do Santo Crisma.
A Palavra de Deus, conduz-nos a Jesus, que vai à sinagoga de Nazaré, pede o livro de Isaías e faz a seguinte leitura: “O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque Me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres, enviou-me a proclamar aos prisioneiros a libertação e aos cegos a recuperação da vista, a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar o ano da graça do Senhor”( Lc. 4, 18).
O Evangelho de são Lucas é de uma atualidade espantosa. Jesus convida-nos a olhar para o nosso mundo ferido e dilacerado por tantos males e “a curar os corações atribulados “ (Is. 61,1), a consolar os aflitos ” como bons samaritanos, “Sacerdotes do Senhor, Ministros do nosso Deus”, cuidadores incansáveis das nossas comunidades.
“Nós padres, temos o Espírito de Deus em nós, temos uma força em nós e esta força deve sair para o exterior de nós para fazer o bem. Espalhar o bem, mesmo se este não é espetacular, é um sinal do Reino. O bem liberta e salva a humanidade de todas as doenças sociais do nosso tempo: o individualismo, o hermetismo, a violência e o medo…” (François- Xavier Bustillo, A vocação do padre perante as crises, p. 93).
Como pastores sabemos, que não é possível a desejada conversão pastoral sem “uma conversão do agir eclesial sem a participação ativa de todos os membros do povo de Deus”, pastores, leigos e consagrados juntos, peçamos ao Senhor a graça da conversão interior e da unção espiritual, para podermos lutar com coragem e audácia contra o ativismo e comodismo pastoral.
Pelo dom da Ordenação Sacerdotal fomos chamados a “Configurar a nossa vida com Cristo”. Jesus pediu ao Pai na última Ceia o seguinte. “Consagra-os na verdade: A tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. Por eles Eu Me consagro a mim mesmo, a fim de que também eles sejam consagrados na verdade” (Jo. 17,17). Jesus pede ao Pai a nossa santificação, a nossa consagração na verdade, tornando-nos propriedade de Deus para sermos enviados a servir o seu Povo.
A identidade sacerdotal adquire-se pelo dom da ordenação e consagração sacramental, através do rito próprio, que nos une e identifica com Cristo Sumo Sacerdote, Profeta e Rei, que nos escolheu para a missão de pastores.
A santidade do presbítero parte do Pai que nos consagra. Nesta consagração, há um desejo de comunhão profunda com o Senhor da Vida em abundância. Ser padre é uma maneira de estar unido a Cristo de modo mais radical, com autenticidade e verdade, sem formalismos ritualistas. Pela ordenação e consagração, o sacerdote renúncia à sua vontade própria. Põe-se de joelhos diante do bispo ordenante e nas suas mãos faz a promessa de viver em comunhão com ele, com os seus sucessores no respeito em obediência sacramental: “Prometes-me a mim, e aos meus sucessores, reverência e obediência? À resposta sim prometo! A identidade e o estilo de vida do padre deve ser o de Jesus. Agir “in Persona Christi”.
O sacerdote sabe que o amor de Deus que o envolve é tudo para ele. Não deve procurar seguranças terrestres ou títulos honoríficos, que conduzam à confiança simplesmente humana; mas criar relações humanas fraternas e espirituais sadias com Deus, consigo mesmo, com os outros e com o povo que lhe está confiado.
O seu estilo de vida deve ser simples, humilde, caridoso e comprometido com o essencial, deve estar sempre disponível para o serviço eclesial e pastoral da Igreja. “Servidor da vida, caminha com o coração e o passo dos pobres; ele enriquece-se com a sua convivência. É um homem de paz e de reconciliação, um sinal e um instrumento da ternura de Deus…” (O Papa Francisco 16/03/2016 na Assembleia da CEI, p.141, A vocação do Padre perante as Crises).
Convido os padres a terem uma vida saudável, sóbria e santa, num caminho de escuta, de diálogo, de proximidade com Deus para viver em santidade e com zelo apostólico, sendo luz, sal e fermento no meio do seu povo.
O mor à verdade, à transparência em fidelidade criativa, deve ser um sinal de esperança num caminho alegre e generoso, vivido com gostos novos na relação com Deus, com os irmãos em presbitério numa Igreja de “comunhão, participação e missão”.
Sejamos Pastores segundo o coração de Cristo na mansidão, na humildade, na simplicidade, na caridade, na justiça e no amor fraterno renovemos com alegria e com solenidade as promessas sacerdotais.
O Jubileu de Esperança neste dia do Sacerdócio marca o caminho jubiloso da Páscoa, por isso convido todos a rezarem pelos sacerdotes.
Conscientes da participação dos consagrados e leigos na missão sinodal da Igreja, colaborando connosco na criação de verdadeiras equipas pastorais, sejamos juntos servidores da alegria do Evangelho. Juntos somos convidados a sonhar o projeto de Deus a nosso respeito, das nossas paróquias e na nossa Diocese como instrumentos de renovação pastoral e santificação do Povo de Deus, que nos está confiado.
A necessidade de uma vida espiritual íntegra e de acordo com a alegria do Evangelho é essencial no nosso ministério: a escuta da Palavra de Deus, a oração, a celebração dos sacramentos, de modo especial a Eucaristia e a Reconciliação, a formação, a pregação, a partilha fraterna, o cumprimento dos deveres como pastor e cidadão, no cuidado dos pobres, dos doentes e no testemunho da caridade fraterna para com todos.
Não esqueçamos as palavras de Jesus: “Não fostes vós que me escolhestes, foi Eu que vos escolhi para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça.”
Alimento o sonho de sermos verdadeiros sacerdotes: humanos, espirituais, éticos, autênticos, transparentes, coerentes, simples, humildes, construtores da justiça e da verdade, testemunhas do amor, perseverantes, amigos, anunciadores da Alegria do Evangelho com a ousadia da criação de uma “Escola de Sinodalidade”, em cada uma das nossas paróquias pondo em prática o método da “conversação no Espírito” na fidelidade ao nosso. Programa Pastoral atual.
No próximo dia 4 de maio o Diácono Eduardo será ordenado sacerdote na Catedral. O Alexandre continuará o seu ministério diaconal em caminhada para o sacerdócio.
Os últimos Padres ordenados em 2017 foram o Pe. André Reis da Silva Moura, o Pe. Paulo Domingues e Pe. Paulo Vicente por isso desde há 8 anos que não temos Ordenações Sacerdotais. Confio a todos um empenhamento sério na pastoral vocacional nas vossas paróquias. Saúdo os nossos cinco seminaristas e os quatro pré-seminaristas, que estiveram reunidos nestes dias no seu encontro de Páscoa.
Saúdo os sacerdotes em Jubileu Sacerdotal
Padres em Bodas de Prata 25 anos -2000
Padre José Fernando Pinto da Silva (O. 09/07/2000)
Padre Luís Miguel Figueira da Costa (O. 26/03/2000)
Padre Constantino Hembe (O. 2000 em Benguela)
Padres com Bodas de Ouro 50 anos – 1975
Padre António Ferreira Duarte (O. 25/12/1975)
Padres com 60 anos – 1965
Padre Américo da Cunha Duarte (O. 23/7/1965)
Padre João Dinis Lopes de Figueiredo (O. 23/07/1965)
Padre Joaquim Carvalho Alves (O. 23/07/1965)
Padre José de Seixas Nery (O. 23/07/1965)
Padre Manuel Carlos Andrade Moura, Padre Vicentino
Padre Manuel Alves Maduro do P. Coimbra (O. 15/08/1965)
Padres com 70 anos – 1955
Padre Augusto Gomes (O. 31/07/1955)
Padre Aníbal de Almeida Nunes (O. 31/07/1955)
Padres com 75 anos – 1950
Padre Custódio de Almeida Rocha (O. 23/09/1950
Padres com 76 anos – 1949
Padre Júlio Homem de Almeida (O. 30/07/1949)
Caríssimos sacerdotes, religiosos, missionários, diáconos, consagrados e leigos convido-vos a dar prioridade à pastoral familiar, juvenil e vocacional nas vossas paróquias, pois deste trabalho pastoral depende o futuro e vitalidade da Igreja. Promovei grupos de reflexão e oração sinodal pela santificação das famílias, dos sacerdotes e aumento das vocações sacerdotais e de consagração na Igreja.
Caríssimos consagrados e leigos rezai por mim, pelos sacerdotes, diáconos, seminaristas e candidatos à vida consagrada.
Que Jesus Sumo Sacerdote e bom Pastor cuide de nós nas nossas necessidades.
Confio as nossas comunidades e intenções à proteção da Rainha dos Apóstolos, São José, São Teotónio e da Beata Rita Amada de Jesus. Ámen!
Viseu – Quinta- Feira Santa, 17 de abril de 2025
+ António Luciano dos Santos Costa, Bispo de Viseu