Homenagem: Cardeal Ribeiro, «junto dele nunca ninguém se sentiu pequeno», afirma cónego Francisco Tito

Universidade Católica recorda o Cardeal Ribeiro que durante 27 anos foi o seu patriarca e magno chanceler

Lisboa, 15 set 2025 (Ecclesia) – Uma sessão na Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Lisboa, recordou a figura do Cardeal D. António Ribeiro que foi patriarca de Lisboa e magno chanceler da instituição entre 1971 e 1998.

Isabel Capeloa Gil, reitora da UCP, destacou o reconhecimento pelo Estado, desta instituição de ensino superior em 1971, que coincidiu com o momento em que D. António Ribeiro assumiu funções de Magno Chanceler.

Recordou ainda a Fundação D. António Ribeiro que apoia a Faculdade de Teologia da UCP, lembrando que muitas universidades católicas do mundo não possuem Faculdade de Teologia e que, no caso da UCP, é a Teologia “que organiza o nosso sentido de missão e de compromisso com a sociedade” referiu.

Um dos intervenientes foi o Cónego Álvaro Bizarro muito próximo do Cardeal Ribeiro e que o acompanhou nos últimos momentos de vida, recorda que para D. António Ribeiro “o imediatismo era inimigo do progresso”, e que “quem corre a tudo, perde a visão das coisas”.

Identifica dois acontecimentos que considera centrais na vida do Cardeal Ribeiro, o Concílio Vaticano II e o Maio de 68, eles determinam a abertura de pensamento deste homem que, “como uma dobradiça” permite à porta, a “capacidade de abrir para fora e para dentro”.

Se alguns apelidavam o Cardeal Ribeiro de “tímido e inseguro” Álvaro Bizarro reage, afirmando que “atento, escutava e era muito poupado nas palavras”, mas para isso havia uma razão, “é que as palavras tinham peso e para terem credibilidade não podiam ser esbanjadas” afirmou.

Nesta sessão, sublinhou ainda dois documentos do Cardeal Ribeiro que considera de particular relevância e atualidade. As cartas sobre habitação e urbanismo, de 1984; e a Carta Pastoral sobre os Jovens e a Igreja, de 1986. Documentos que o Cónego Álvaro Bizarro recomenda leitura atenda para a realidade atual.

O cónego Francisco Tito Espinheira sublinha a atenção que o Cardeal Ribeiro dedicava a quem recebia, “fosse um governante ou o pedreiro, dedicava-lhe uma atenção absoluta”, esta era uma característica de D. António que o cónego Tito reforçou afirmando que “junto dele nunca ninguém se sentiu pequeno”.

Outro interveniente na sessão foi o padre Peter Stilwell que destacou a proximidade de Mário Soares com o Cardeal Ribeiro, desse entendimento resultou o apoio e reconhecimento do Estado à UCP, num momento de grande instabilidade nas universidades públicas que se vivia no período do pós 25 de abril.

Daqui nasce também o pedido do governo para a UCP abrir uma delegação em Macau, antevendo a futura transição para a China, da soberania daquele território, acrescentou.

A sessão evocativa contou ainda com o testemunho de Maria Luís Falcão que vivenciou os acontecimentos conturbados da manifestação silenciosa de apoio ao Patriarcado e o cerco e agressões a que se viu sujeita, destacando a forma “serena” com que foram acolhidos por D. António Ribeiro.

D. Rui Valério, magno chanceler da UCP, encerrou este momento salientando que D. António Ribeiro foi o “grande artífice do compromisso da Igreja com a construção da democracia em Portugal”.

A ele se deve muito, segundo o atual patriarca de Lisboa, “a liberdade da Igreja poder estar na esfera pública sem medo nem condicionamentos”.

HM/OC

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