História da Igreja: Restos mortais de D. José Joaquim Ribeiro foram trasladados para o Panteão dos Arcebispos de Évora

Foi bispo de Díli (Timor-Leste) entre 1967 e 1977 e faleceu a 27 de julho de 2002.

Foto: Arquidiocese de Évora

Évora, 18 nov 2025 (Ecclesia) – Os restos mortais do bispo de Díli – Timor-Leste (1967-1977), D. José Joaquim Ribeiro, foram trasladados, dia 17 deste mês, do cemitério dos Remédios para o Panteão dos Arcebispos de Évora, na igreja do Espírito Santo, em Évora.

“Filho do Alentejo, pastor incansável do seu povo e defensor da dignidade humana” referiu na homília da celebração o Arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho.

Recordando a biografia de D. José Joaquim Ribeiro, o Arcebispo de Évora sublinhou a ação do prelado: “As páginas que relatam o seu episcopado mostram-no “de batina branca, faixa vermelha e cruz peitoral”, percorrendo as ruas da Díli aterrorizada, “visitando as famílias”, aproximando-se dos feridos, denunciando injustiças, sendo ele próprio perseguido e até agredido. Isto não revela uma fé triunfalista. Mas uma fé lutada, construída com lágrimas, uma fé passional, uma fé de paixão dolorosa e uma fé florida em Páscoa libertadora”.

“O Prelado não fugiu e ficou com o povo na hora das invasões, assumiu a defesa do Povo, tornando-se a única autoridade presente capaz de se impor moralmente ao invasor e unindo em esperança o povo”, afiançou D. Francisco Senra Coelho.

“Sinto uma grande tristeza porque deixo o povo de Timor num grande sofrimento”, recordou as palavras do próprio D. José Joaquim Ribeiro o arcebispo eborense.

“Coloca-se integralmente ao serviço do povo timorense, repartindo o pouco que tinha para comer. Cria casas para jovens, para religiosas, contou com um trabalho muito próximo dos salesianos e dos jesuítas”, revelou o Arcebispo de Évora.

Foto: Arquidiocese de Évora

“Homem orante e contemplativo, quando volta para a Casa Sacerdotal em Évora, vive como eremita. Oculta-se dos jornalistas internacionais que o procuravam. Morre em 2002, na paz dos que mansamente confiam em Deus”, apontou o Prelado.

“Luta pela justiça social, respeito por todos, promoção da paz entre os povos é o testemunho que D. José Joaquim Ribeiro nos deixa”, afiançou o Arcebispo de Évora.

Após a bênção inicial, o sacerdote timorense, padre Salvador, leu uma mensagem enviada pelo Cardeal Virgílio do Carmo da Silva, Arcebispo Metropolitano de Díli (Timor-Leste)

De seguida, foi lida uma mensagem assinada pelo Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, em nome do Papa Leão XIV.

“Grande testemunho da Fé e da Esperança diante das enormes tribulações que o povo timorense passava. O Santo Padre une-se às celebrações, concedendo a sua bênção apostólica”, ouviu-se na mensagem lida pelo Vigário Geral da Arquidiocese, Cónego Eduardo Pereira da Silva.

A Eucaristia, animada liturgicamente por um coro de seminaristas e jovens timorenses, foi concelebrada pelo Arcebispo emérito de Évora, D. José Alves e pelo cardeal D. Américo Aguiar e por cerca de uma dezena de Bispos titulares e eméritos, assim como por muitos presbíteros e servida por vários diáconos.

Os restos mortais do saudoso Bispo contaram com a guarda de honra militar durante toda a celebração.

No final da Eucaristia, os Prelado eborense fez os ritos exequiais e um grupo de sacerdotes transportou a urna para uma das capelas laterais, sendo que a tumulação será feita nesta terça-feira, dia 18 de novembro, por agentes funerários.

Os restos mortais de D. José Joaquim Ribeiro vão repousar assim no panteão dos Arcebispos de Évora, junto aos restos de D. David de Sousa (Arcebispo de Évora de 1965-1981) e de D. Maurílio de Gouveia (Arcebispo de Évora de 1981-2008), até que um dia, conforme pedido expresso na mensagem do Cardeal Virgílio do Carmo da Silva, Arcebispo Metropolitano de Díli, regressem a Timor-Leste.

LFS

Biografia

D. José Joaquim Ribeiro, nasceu na freguesia de Degolados, no concelho de Campo Maior, a 4 de Fevereiro de 1918. Frequentou os Seminários de Évora e foi ordenado na capela do Carmelo de Fátima, no dia 25 de Agosto de 1940, pelo Servo de Deus, D. Manuel Mendes da Conceição Santos.

No dia 27 de abril de 1958, foi ordenado Bispo por D. Manuel Trindade Salgueiro, de quem foi Bispo Auxiliar até 1965, ano em que foi nomeado Bispo Coadjutor com futura sucessão de Díli, Timor-Leste.

A 31 de janeiro de 1967, com a resignação de D. Jaime Garcia Goulart, torna-se Bispo titular de Díli. Aí, foi pastor zeloso e após a ocupação da Indonésia, intrépido defensor dos direitos do povo timorense e corajoso pastor no ministério da caridade e dos urgentes  socorros aos aflitos, enfrentando por várias vezes, com a valentia dos Mártires, perigos de morte.

Em Maio de 1977, pede a sua resignação ao Papa Paulo VI, confia a Diocese a Mons. Martinho da Costa Lopes, na qualidade de Administrador Apostólico e regressa a Portugal, passando a viver em Lisboa e desde 1986, na Casa Sacerdotal de Évora, onde veio a falecer, às 15 horas, do dia 27 de Julho de 2002.

 

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