Eleição com mais escrutínios nos últimos 122 anos aconteceu em 1922

Lisboa, 22 abr 2025 (Ecclesia) – Os Conclaves realizados nos séculos XX e XXI, foram sempre concluídos até cinco dias após o seu início, num máximo de 14 escrutínios que aconteceu em 1922, com a eleição de Pio XI.
Pio X, o cardeal Giuseppe Sarto, de 68 anos, foi eleito em 1903 após cinco dias e sete votações, sucedendo-lhe Bento XVI, eleito a 3 de setembro de 194 após quatro dias e 10 votações.
Entre 2 e 6 de fevereiro de 1922, 53 cardeais reuniram-se no Vaticano para a eleição de Pio XI, Achille Ratti, ao fim de 14 escrutínios.
17 anos depois, a 2 de março de 1939, concluía-se a eleição mais rápida das últimas décadas: Eugenio Pacelli, Pio XII, foi escolhido após 3 votações e deu início a um pontificado de 19 anos, antes de morrer no dia 9 de outubro de 1958.
51 cardeais marcaram presença, duas semanas depois, no Conclave que elegeu João XXIII, Angelo Giuseppe Roncalli, a 28 de outubros, após 11 votações e três dias de escrutínios.
Após ter convocado e iniciado os trabalhos do Concílio Vaticano II, o Papa italiano faleceu em 1963 e os cardeais foram chamados a eleger o seu sucessor num Conclave que demorou três dias: a 21 de junho, depois de seis votações, era anunciado o nome de Giovanni Battista Montini, Paulo VI, na sétima vez em que a eleição pontifícia decorreu durante um Concílio.
1978 seria o primeiro ano com duas eleições papais desde 1605: 101 cardeais escolheram Albino Luciani, João Paulo I, num Conclave que decorreu entre 25 e 26 de agosto, com quatro votações, mas este faleceu 34 dias depois, a 28 de setembro.
O segundo Conclave desse ano contou com a presença de 111 eleitores, entre 14 e 16 de outubro, para a eleição do cardeal Karol Wojtyla, João Paulo II, o primeiro não-italiano desde o holandês Adriano VI em 1522.
Bento XVI, Joseph Ratzinger, foi eleito aos 78 anos num Conclave com a presença de 115 cardeais que decorreu entre os dias 18 e 19 de abril de 2005, após quatro votações.
Francisco, Jorge Mario Bergoglio, foi eleito aos 78 anos num Conclave com a presença de 115 cardeais que decorreu entre os dias 12 e 13 de março de 2013, ao fim de cinco escrutínios.
O Conclave, palavra com origem no latim ‘cum clavis’ (fechado à chave), pode ser definido como o lugar onde os cardeais se reúnem em clausura para eleição do Papa.
Segundo as normas atuais da Igreja Católica, apenas cardeais com menos de 80 anos podem votar, numa cerimónia que decorre em estrita confidencialidade na Capela Sistina.
Para a eleição de um novo Papa é necessária uma maioria de dois terços e as votações continuam até que um candidato obtenha a maioria necessária.
Salvo na tarde da entrada no Conclave, tanto na parte da manhã como na parte da tarde, imediatamente depois de uma votação na qual não se tenha obtido a eleição, os cardeais eleitores procedam logo a uma segunda – sem a obrigação de prestar um novo juramento.
Se após três dias e escrutínios o resultado continuar a ser inconclusivo, as votações serão suspensas durante um dia, no máximo, para uma pausa de oração, de colóquio entre os votantes e de reflexão espiritual.
Estão previstas três séries de sete escrutínios, com novas pausas, caso a eleição se prolongue.
Se as votações não tivessem êxito, após um período máximo de 9 dias de escrutínios e “pausas de oração e livre colóquio”, o documento de João Paulo II abria a hipótese de a eleição ser feita “com a maioria absoluta dos sufrágios”, situação que foi revogada por Bento XVI em 2007, mantendo-se a opção de se votarem “somente os dois nomes que, no escrutínio imediatamente anterior, obtiveram a maior parte dos votos”, mas neste caso sem que os candidatos em causa possam votar.
O falecido Papa Francisco não fez qualquer alteração às normas sobre a eleição do seu sucessor.
OC
Elenco
1903 – Pio X
31 de julho a 4 de agosto, sete votações
1914 – Bento XVI
31 de agosto a 3 de setembro, 10 votações
1922 – Pio XI
2 a 6 de fevereiro, 14 votações
1939 – Pio XII
1 e 2 de março, três votações
1958 – João XXIII
25 a 28 de outubro, 11 votações
1963 – Paulo VI
19 a 21 de junho, seis votações
1978 – João Paulo I
25 e 26 de agosto, quatro votações
1978 – João Paulo II
14 a 16 de outubro, oito votações.
2005 – Bento XVI
18 e 19 de abril, quatro votações.
2013 – Francisco
12 e 13 de março, cinco votações.