História: Cardeais portugueses ao longo dos séculos

D. Manuel Monteiro de Castro é o primeiro português a ser elevado a cardeal no pontificado de Bento XVI. No entanto, no seu historial, Portugal conta com mais de quatro dezenas de cardeais.

Dos 47 portugueses criados cardeais até fevereiro de 2012 (incluindo D. Manuel Monteiro de Castro) o primeiro, chamado Mestre Gil – que também é conhecido pelo nome de Egídio – foi criado pelo Papa Urbano IV (1195- 1264) e sabe-se que foi tesoureiro da Sé de Coimbra e cónego de Viseu.

Nascido em Lisboa e filho de D. Manuel I, D. Henrique foi eleito, aos 22 anos, arcebispo de Braga pelo Papa Clemente VII e feito cardeal a 16 de dezembro de 1545 com o título dos «Santos Quatro Coroados». Tornou-se o 17.º rei de Portugal em 1578, dois anos antes da sua morte.

O também filho de D. Manuel – o infante D. Afonso – foi elevado a cardeal, com 8 anos, em 1517. Reza a história que D. Manuel I pretendera fazê-lo nomear cardeal aos três anos de idade.

D. Miguel da Silva, nascido em Évora, no ano de 1486, amigo pessoal do Papa Leão X e do pintor Rafael, foi promovido a cardeal «in pectore» (sem anúncio público) em 1539 pelo Papa Paulo III que o confirmou cardeal, em 1541, com o título dos «Doze Apóstolos». 

D. António da Cunha (criado cardeal por Clemente X, em 1670), D. Veríssimo de Lencastre (elevado ao cardinalato por Inocêncio XI, em 1686) e o portuense D. Luis de Sousa (recebeu o título pelo Papa Inocêncio XII em 1697) foram os antecessores do primeiro patriarca de Lisboa a receber o título de cardeal, D. Tomás de Almeida, em dezembro de 1737, pelo Papa Clemente XII.

Nascido em Lisboa tal como o seu antecessor, o bispo José Manuel da Câmara foi elevado a cardeal (abril de 1747) pelo Papa Bento XIV antes de ser nomeado patriarca de Lisboa (março de 1754). 

D. Francisco Saldanha, D. Fernando de Sousa e Silva, D. José Francisco Miguel António de Mendonça – todos eles naturais da capital – foram os restantes cardeais portugueses e, em simultâneo, patriarcas de Lisboa no século XVIII.

Elevado ao cardinalato a 4 de julho de 1818, D. Carlos da Cunha e Menezes foi o 6.º cardeal-patriarca de Lisboa e também conselheiro de Estado. Durante a ausência do rei D. João VI foi membro da regência do reino.

Leão XII elevou a cardeal D. Patrício da Silva em 1824, mas este só tomou posse como patriarca de Lisboa dois anos mais tarde. Antes tinha exercido o seu múnus episcopal em Castelo Branco e em Évora.

O bispo que conduziu todo o processo de reatamento das relações diplomáticas entre Portugal e a Santa Sé – D. Francisco de S. Luís – foi criado cardeal, em 1843, pelo Papa Gregório XVI.

D. Guilherme Henriques de Carvalho foi feito cardeal, em 1846, pelo mesmo Gregório XVI, mas foi o Papa Pio IX quem lhe impôs o barrete e anel cardinalícios.

O 10.º cardeal-patriarca de Lisboa – D. Manuel Bento Rodrigues – nasceu em 1800 e foi feito cardeal em 1858, no mesmo ano em que tomou posse como patriarca.

Nomeado patriarca de Lisboa em 1871, D. Inácio do Nascimento, antes bispo do Algarve, foi elevado à dignidade cardinalícia em 1873.

O bispo que presidiu ao casamento do rei D. Carlos com D. Amélia (22 de maio de 1886), D. José Sebastião Neto foi escolhido para 12.º cardeal patriarca de Lisboa. Foi elevado ao cardinalato em 1884.

O seu sucessor, D. António Mendes Belo, assumiu o Patriarcado de Lisboa em 1907 e foi indicado como cardeal «in pectore» no Consistório de 27 de novembro de 1911. Participou no conclave em que foi eleito Bento XV, em 1914, tendo recebido das mãos deste as insígnias cardinalícias.

Menos de um mês depois de ter sido escolhido para patriarca de Lisboa (18 de novembro de 1928), D. Manuel Gonçalves Cerejeira – o mais novo dos purpurados – foi elevado a cardeal por Pio XI, ao mesmo tempo que o cardeal Pacelli, mais tarde o Papa Pio XII.

No Consistório de 5 de março de 1973, D. António Ribeiro recebeu das mãos do Papa Paulo VI a dignidade cardinalícia, com o título de Santo António in urbe. Tinha sido nomeado como 15.º patriarca de Lisboa a 13 de maio de 1971.

D. José Policarpo é o atual cardeal-patriarca de Lisboa e participou na eleição do papa Bento XVI, em 2005. Foi criado cardeal no Consistório de 21 de fevereiro de 2001 pelo Papa João Paulo II.

No século transato, para além dos patriarcas de Lisboa que foram elevados a cardeais, Portugal teve também outros três membros do colégio cardinalício: D. Teodósio Clemente de Gouveia, arcebispo de Lourenço Marques (Moçambique); D. José da Costa Nunes, patriarca das Índias Orientais; D. Humberto de Medeiros, arcebispo de Boston (EUA).

LFS

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