Hiroshima lembra drama, 64 anos depois

Memória da primeira bomba atómica mobiliza esforços pelo desarmamento nuclear

O presidente da câmara municipal de Hiroshima, Tadatoshi Akiba, pediu hoje a abolição total das armas nucleares até 2020, numa celebração que assinalava o 64.º aniversário do primeiro ataque atómico da história sobre esta cidade, no oeste do Japão.

Cerca de 50 mil pessoas, entre as quais sobreviventes da bomba atómica largada pelos Estados Unidos, reuniram-se no memorial dedicado às vítimas, na presença do Primeiro-ministro japonês Taro Aso e de representantes de 60 países.

Akiba disse que “apoia o presidente Barack Obama e sente a responsabilidade moral de abolir as armas nucleares”.

“Por isso – completou – chamamo-nos a nós e à maioria do resto do mundo de ‘Obamaioria’ e exigimos que se unam forças para eliminar as armas nucleares até 2020”, disse o japonês, que é também presidente da associação “Autarcas pela Paz”.

Esta organização conta com a participação de mais de três mil cidades, de 134 países, com o objectivo de libertar o mundo das armas nucleares.

Presente na cerimónia esteve também  Miguel D’Escoto Bockmann, presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas e sacerdote da Igreja Católica. D’Escoto pediu perdão às vítimas de Hiroshima, referindo que o piloto do avião “Enola Gay”, que lançou a bomba sobre a cidade japonesa, era católico: “Em nome da minha Igreja, peço o seu perdão”, declarou, durante a cerimónia.

No passado dia 31 de Maio, Bento XVI disse que “as tragédias de Hiroshima e Nagasaki, onde a energia atómica, usada com fins bélicos, semeou a morte em proporções sem precedentes, devem representar uma advertência perene para a humanidade”.

Mais recentemente, o arcebispo de Baltimore (EUA), D. Edwin Frederick O’Brien, defendeu que “as nossas sociedades e os seus líderes devem concentrar-se na meta de um planeta livre de armas nucleares”.

Em 2006, a Agência ECCCLESIA entrevistou o Peter Hinde, que  testemunhou a destruição de Nagasaki. O padre carmelita lamentava que “o mundo não tenha aprendido a lição” sobre as verdadeiras consequências da guerra.

A história deste sacerdote é muito particular: durante a II Guerra Mundial, serviu a Força Aérea dos EUA como piloto de combate em Okinawa e voou em três missões sobre o Japão. Numa delas passou sobre Nagasaki, apenas três dias após o bombardeamento, e testemunhou a destruição que tinha sido provocada.

Logo após o final da Guerra tornou-se religioso Carmelita e foi ordenado em 1952, destacando-se pelo seu trabalho na América Latina.

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Agência ECCLESIA

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