«Há mercado para se falar de ressurreição»

O especialista em estudos de opinião Carlos Liz afirma que Igreja tem desaproveitado semana única para falar do poder de Deus numa linguagem nova entre crentes e não crentes

Lisboa, 10 abr 2012 (Ecclesia) – O especialista em estudos de mercado e opinião Carlos Liz afirma haver terreno para falar de ressurreição ao mundo, facto que a Igreja tem desaproveitado, mantendo uma “linguagem cíclica” e desaproveitando o potencial da “marca Páscoa”.

“Como técnico de estudos de opinião digo que há ainda mercado para falar da ressurreição ao mundo” e isso deveria ser feito “agora, no tempo da ressurreição, porque é prova de que Deus intervém e muda tudo”, explica em entrevista publicada na edição de hoje do semanário da Agência ECCLESIA.

Numa perspetiva comunicacional, o sócio gerente da APEME – estudos de mercado e de opinião sugere a criação de uma “semana da ressurreição” para falar de Deus.

A iniciativa seria uma oportunidade de responder à disponibilidade que a sociedade tem para “ouvir explicações e formas de ver o mundo que ultrapassam a vulgaridade” e apresentar “numa grande semana de «Pátio dos Gentios» (diálogo entre crentes e não crentes, ndr) o projeto de Deus para a humanidade”.

O responsável pelo estudo da realidade social e religiosa na diocese de Viseu, com o objetivo de conhecer os limiares da evangelização, afirma que a marca Páscoa é única mas “tímida”, na perspetiva do marketing.

O Natal, marca já constituída na opinião de Carlos Liz, é “menos problemática” e “profundamente humana” pois apresenta “uma narrativa com personagens que reconhecemos – uma mãe, um pai, testemunhas, uma localização”, constituindo uma “marca universalmente aceite por crentes e não crentes”.

A marca «Páscoa» é “menos clara” porque “infra comunicada”, aponta o especialista que vê um “desequilíbrio entre o humano e o divino” na tradição das celebrações pascais.

“As procissões, no tempo do sofrimento, têm uma desproporção enorme comparado ao tempo da ressurreição, onde não há uma procissão ressuscitadora”, explica, indicando que do ponto de vista simbólico existe “muito sofrimento” e pouco espaço para saborear a “novidade da Páscoa” que é a “transformação e intervenção direta de Deus na História”.

O especialista diz que “falta romper a linguagem cíclica” com que a Igreja fala onde a “revolução trazida pela ressurreição acaba por ficar diluída dentro de um discurso já ouvido”.

Mais do que falar da alegria pascal, Carlos Liz aponta a surpresa da ressurreição, “fator único” e “identitário” na proposta da Igreja católica que o deve “comunicar com força” e “coragem”.

Questionado sobre indícios de que esse anúncio possa estar a acontecer, Carlos Liz aponta o contato permanente que a Igreja mantem com a sociedade.

“A Igreja não desiste da sociedade e isso é bem feito”.

O especialista indica a existência de “sinais” na utilização da televisão, da rádio, da Internet e da imprensa – espaços onde a Igreja está presente.

“Se o constante atualizar da linguagem e dos meios de comunicação significa uma vontade da Igreja não desistir e estar atenta, então sim há sinais”, frisa.

A entrevista a Carlos Liz pode ser ouvida no programa do próximo domingo, na Antena 1, dedicado ao tema «Comunicar a Ressurreição».

LS

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