Jovens técnicos portugueses participam num projeto que visa a construção de «um caminho de paz e reconciliação» naquele país
Lisboa, 07 set 2012 (Ecclesia) – Um grupo de dez jovens técnicos portugueses ligados à Fundação Fé e Cooperação (FEC) vai partir na terça-feira para a Guiné Bissau para lançar um projeto de formação em áreas como a educação para a cidadania.
Em entrevista concedida hoje à Agência ECCLESIA, a coordenadora do programa da organização católica naquele país lusófono realça que o modelo da missão “tem muito em conta a atual situação social e política da Guiné”, ao mesmo tempo que procura ser “um passo em frente” relativamente ao trabalho desenvolvido nos últimos três anos.
De acordo com Sofia Alves, entre setembro de 2009 e agosto de 2012, a FEC apostou na “formação de diretores, membros de comités escolares e professores guineenses, com o objetivo de melhorar a qualidade no ensino básico um pouco por todo o país”.
O projeto, denominado “Djunta Mon”, privilegiou sobretudo a capacitação daqueles profissionais em temáticas como “a língua portuguesa, enquanto língua oficial da Guiné, a matemática, as ciências integradas e a gestão e administração escolar”.
A próxima etapa, com a duração de quatro anos, procurará contribuir para a afirmação das escolas guineenses como verdadeiros “polos de desenvolvimento”, abrangendo não só a educação para a cidadania mas também “a saúde, o saneamento básico e a alimentação”, salienta a responsável da FEC.
Sofia Alves mostra-se confiante de que a transmissão de boas práticas sobre qualquer uma das quatro áreas, em primeiro lugar junto da comunidade educativa, passando depois para “as gerações mais novas”, contribuirá decisivamente para a construção de “um caminho de paz e reconciliação” na Guiné.
Além dos 10 técnicos portugueses, a nova missão da FEC vai integrar dois guineenses que se encontravam em Portugal e que quiseram fazer parte nos trabalhos e ainda mais cinco membros da organização que já se encontram em Bissau.
Todos os profissionais têm experiência comprovada ao nível da educação, da gestão, das ciências humanas, complementada com formação adicional fornecida pela Fundação.
“A maior parte dos elementos transitaram da equipa anterior, o que para nós é um bom indicador, pois a promoção do desenvolvimento também passa pela continuidade dos técnicos”, sublinha Sofia Alves.
Apesar do clima de instabilidade e incerteza que tomou conta daquela nação, desde o golpe de estado em abril, as expetativas da organização católica portuguesa são francamente positivas.
“Temos indicadores junto dos nossos doadores e financiadores que mostram que temos estado a cumprir os objetivos propostos. Por outro lado, o nosso trabalho de avaliação junto das populações mostra-nos que as pessoas consideram que a nossa formação é de qualidade e vai ao encontro da realidade da Guiné”, conclui a coordenadora.
A Fundação Fé e Cooperação está presente na Guiné Bissau desde 2001, nas regiões de Bissau, Bafatá e Cacheu.
A sua ação formativa junto das comunidades locais tem ganho expressão nacional através de uma estreita colaboração com a rede de educação e ensino da Igreja Católica da Guiné e também com a ajuda das escolas comunitárias e de autogestão.
O organismo criado pela Conferência Episcopal Portuguesa em 1990 apostou ainda na consolidação das bases da Igreja Católica naquele território africano, participando ativamente em projetos relacionados com a Pastoral Social e a Saúde.
JCP