Guiné-Bissau: Igreja Católica espera que eleições legislativas decorram em «clima de paz, liberdade, estabilidade e civismo»

Ida às urnas está marcada para o dia 10 de março

Foto AFP

Bissau, 26 fev 2019 (Ecclesia) – A Igreja Católica na Guiné-Bissau emitiu uma nota pastoral sobre as eleições legislativas que vão ter lugar no país, no dia 10 de março, para apelar ao voto responsável e a uma campanha eleitoral pacífica.

No documento enviado hoje à Agência ECCLESIA, intitulado ‘O futuro da nação está no teu voto livre e consciente’, os bispos guineenses destacam “a importância social e política” do próximo ato eleitoral, que deve ser encarado como uma oportunidade decisiva para o “desenvolvimento da nação”.

“Ergamo-nos, não obstante todos os motivos para desânimo, como uma só pessoa, como um único povo, para, de novo, escrevermos a nossa história com um olhar de esperança para o futuro”, pode ler-se.

Aqueles responsáveis reconhecem que esta ida às urnas tem estado rodeada de algum “ceticismo”, porque “o comportamento da classe política guineense” tem sido pouco “encorajador”, marcado desde a independência, em 1974, por um “crónico e vicioso ciclo de instabilidade governativa”.

“É inegável o desânimo de alguns dos nossos irmãos e irmãs”, já que “nenhuma legislatura chegou ao fim”, atesta a Igreja Católica na Guiné-Bissau, que encara as próximas eleições legislativas como uma oportunidade para quebrar com este contexto, que tem representado um custo elevado para este país lusófono.

Na referida nota pastoral são enumeradas algumas das consequências da instabilidade política, desde “o aumento do nível de pobreza”, ano após ano, e a deterioração da “qualidade da saúde e da educação”.

Áreas que são “setores-chave” para a sustentabilidade “de qualquer nação” e que atualmente “estão numa situação caótica, quebrados e em crise”, salientam os bispos guineenses.

Os responsáveis católicos desafiam as comunidades da Guiné-Bissau a olharem para o futuro “com esperança” e a contribuírem para a recuperação do país, acorrendo às urnas no próximo dia 10 de março “com responsabilidade e em consciência”, tendo em mente a “salvaguarda dos valores conquistados por todos aqueles que lutaram” pelo direito desta nação à liberdade e à democracia.

“O nosso voto terá sentido se for expressão de solidariedade para com o bem-estar para cada um de nós e daqueles que virão depois de nós”, lembram os bispos católicos da Guiné-Bissau, que colocam ainda o dedo na ferida da corrupção, exortando as pessoas a que não deixem “corromper a sua consciência”.

“Contribuamos para a criação de uma classe política, competente, honesta, consciente dos valores da democracia, dos Direitos Humanos e preocupada com a promoção do Bem Comum”, afirmam os mesmos responsáveis.

Que exortam os partidos concorrentes a estas legislativas para que zelem para uma ida às urnas em “clima de paz, de liberdade, de estabilidade e de civismo”.

A referida nota pastoral é assinada pelos bispos de Bissau e de Bafata, D. José Câmnate e D. Pedro Zilli, respetivamente.

As eleições legislativas na Guiné-Bissau vão decorrer depois de uma crise política iniciada em 2015, que resultou na demissão do primeiro-ministro Domingos Simões Pereira, líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, que tinha ganho o processo eleitoral de 2014.

Esta ida às urnas vai contar com a participação de 21 partidos políticos, que estarão em campanha eleitoral até ao dia 8 de março.

O ano de 2019 na Guiné-Bissau deve ser marcado também por eleições presidenciais, uma vez que o atual chefe de Estado, José Mário Vaz, termina o seu mandato em junho.

JCP

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