Guarda: Tempestade ensombrou domingo de festa para os paroquianos do Fundão

Intempérie afetou as produções de muitas famílias e destruiu meses de trabalho

Foto: Paróquia do Fundão

Fundão, 02 jun 2020 (Ecclesia) – O pároco do Fundão, padre Hélder Lopes, viu a alegria da retoma das celebrações comunitárias ser ensombrada, para os seus paroquianos, por causa da tempestade deste domingo, que coloca em causa “a produção de um ano inteiro”. 

“Caiu uma grande intempérie, um cataclismo para muitas famílias que ficaram sem o trabalho de um ano inteiro, cerca de 20 milhões de prejuízo, significa muito para as famílias de produtores e para a mão-de-obra sazonal”, disse hoje o sacerdote da diocese da Guarda à Agência ECCLESIA.

O pároco de São Martinho do Fundão começou por contar que estavam adaptadas todas as “recomendações à realidade paroquial” para que as pessoas fossem à Igreja com alegria, “sem medo nem alarmismos”, mas a violenta queda de chuva e granizo veio estragar a produção de cereja.

As pessoas estão conscientes da fragilidade humana, estava a intempérie a cair e já ouvia os desabafos das pessoas a dizer: ‘não somos nada, um vírus fecha-nos em casa e paralisa a economia e ao mesmo tempo vem a intempérie e destrói meses de trabalho’”.

Além do medo sentido pelas pessoas, devido à pandemia, o sacerdote aponta que esta época é o “auge, quando a fruta está a amadurecer” e toda a “produção frutícola e hortícola está em causa, também a vinha e o olival”.

“É mais um revés para estas pessoas mas a solidariedade não tardará em aparecer, tenho a certeza; há já um grande apoio do município, atento às necessidades”, destaca.

Foto: Lusa

Quanto à ajuda que a Igreja pode dar o padre Hélder Lopes referiu que a “paróquia se encontra disponível para apoio espiritual e depois para as respostas que sejam necessárias”.

Também no início da pandemia de Covid-19 foi montada uma “rede paroquial” para ajudar as pessoas com mais carências ou outras necessidades, onde os grupos de jovens, “escuteiros, grupos de Taizé e guias de Portugal, teriam um papel de ajuda, mas “não foi necessário ativar esta rede”.

Pároco há oito meses, dos quais 78 dias em confinamento, o padre Hélder Lopes foi “conhecendo as pessoas e a realidade paroquial”, o que o tornou mais próximo. 

“Apesar deste tempo de pandemia, e agora desta perda para os produtores, desejo que o dinamismo que a paróquia tinha possa continuar, sobretudo laical, o Fundão está congregada numa só paróquia, que é uma grande riqueza, tem cerca de 20 grupos laicais”, revela.

Além da parte social o padre Hélder Lopes valorizou ainda o “caminho feito na quarentena”, no acompanhamento das celebrações familiares, e as transmissões online das Eucaristias, que “ganharam qualidade neste tempo” bem como a rádio local que ganhou grande expressão.

Há cerca de 30 anos que todos os domingos de manhã transmitimos a missa na rádio local, a “Cova da Beira”, e agora temos um programa semanal da paróquia, neste tempo mais musical, e sentimos a recetividade das pessoas, nomeadamente temos muitos feed-backs dos emigrantes”.

A Igreja de São Martinho do Fundão tem ainda há vários anos, através do site, uma “câmara ligada 24 horas por dia, porque a Igreja Matriz “é um agregador muito grande da cidade”. 

SN

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