Guarda: «Padres não são recetores dos dons de Deus mas distribuidores da sua graça» – D. José Miguel Pereira

Primeira missa crismal do bispo da Guarda lembrou que «Igreja diocesana» precisa de «todos os que abraçam o serviço da missão que decorre do seu sacerdócio comum de batizados»

Foto Francisco Barbeira/jornal a Guarda

Guarda, 17 abr 2025 (Ecclesia) – O bispo da Guarda disse hoje aos padres da diocese que os sacerdotes “não são meros recetores dos dons de Deus” mas “distribuidores da sua graça” e convidou os presentes a não serem “espectadores” mas “agentes” que participam.

“Consumimos sacramentos ou tornamo-nos sacramentos para levar Jesus, Ele mesmo (e não apenas o exemplo de Jesus, ou ideias sobre Jesus)? Apenas ouvimos a Palavra de Deus ou somos lugar onde ela se mostra viva e eficaz? Somos apenas praticantes de uma religião ou instrumentos que comunicam (um)a vida divina? Falamos duma alegria que é só conversa e não convence ninguém (nem a nós) ou partilhamos a alegria que tocámos, nos transformou e nos apaixona?”, questionou D. José Miguel Pereira, na homilia da Missa Crismal, celebrada na Sé da Guarda.

Na sua primeira celebração da Missa Crismal como bispo diocesano, o responsável assinalou o sacerdócio “profético e pastoral” de Jesus, assinalou que o “sacrifício” – “oferta perene, não precisa de ser repetido pois não perde eficácia”, mas sublinhou que “precisa de ser estendido, assumido, atualizado em cada um e em cada tempo”.

Foto Francisco Barbeira/jornal a Guarda

D. José Miguel Pereira pediu “homens e mulheres que não só proclamem a Palavra nas assembleias litúrgicas” mas que também “estejam na primeira linha da leitura crente da realidade e da animação do diálogo entre fé e cultura, Evangelho e mundo”.

“A Igreja diocesana precisa de homens e mulheres que não só iniciem as novas gerações na fé, mas dinamizem a catequese contínua, capaz de amadurecer adultos na fé e na esperança. Precisa de homens e mulheres que não só sirvam o corpo de Cristo no altar da eucaristia, mas sejam os primeiros a cuidar do mesmo corpo de Cristo nos pobres e sofredores, na unidade e na reconciliação, na comunhão e na fraternidade”, sugeriu.

Dirigindo-se aos jovens, o bispo da Guarda pediu “rapazes e raparigas, que escutem o chamamento de Deus e tenham um coração grande para responder”.

“Precisa de jovens casais que não só queiram casar e ter filhos, mas aceitem ser «ministros do nosso Deus» ao serviço da evangelização dos afetos e do amor, e da construção da Igreja nas famílias. Precisa de jovens raparigas que não só queiram tomar parte em determinados serviços na Igreja, mas aceitem ser «ministr[a]s do nosso Deus» consagradas a Jesus como Santa Madalena, para o serviço da Diocese. Precisa de jovens rapazes que não só queiram participar em

Foto Francisco Barbeira/jornal a Guarda

determinadas atividades na Igreja, mas aceitem ser «ministros do nosso Deus» consagrados a Cristo como os Apóstolos, para o sacerdócio ministerial na nossa Diocese”, indicou.

O responsável recordou os padres que celebram “jubileus de ordenação sacerdotal” e convidou a todos os que renovam as “promessas do dia da ordenação” a “um olhar mais profundo, só possível na fé”.

“Não na sua perfeição ou impecabilidade, mas na sua entrega frágil e generosa, Jesus vem até nós para nos confirmar na fé e na missão. Amemos, pois, os nossos padres, não porque agem como esperamos, mas porque nos comunicam os dons de Deus para vida de fé e de missão. Rezemos por eles”, convidou.

D. José Miguel Pereira lembrou também os diáconos, “ministros ordenados para animar e confirmar no serviço da comunidade e da evangelização” mas afirmou que todos os que “abraçam o serviço da missão que decorre do seu sacerdócio comum de batizados” são “ministros de Deus”.

LS

Partilhar:
Scroll to Top