O Espírito do Senhor está sobre mim, pois Ele me ungiu e me enviou para anunciar a Boa Nova aos pobres, a restituir a liberdade aos oprimidos, a proclamar o ano da graça do Senhor.
Estas palavras do Profeta Isaías leu-as Jesus, na Sinagoga da sua terra, Nazaré, depois de se ter levantado para fazer a leitura e de lhe ter sido entregue o livro do Profeta Isaías. No final enrolou-o e entregou-o ao ajudante e disse: “Cumpriu-se, hoje mesmo, esta passagem da Escritura”.
Jesus aplicou a si mesmo esta passagem de Isaías, Ele que o Pai enviou para oferecer ao mundo a verdadeira libertação anunciada no Evangelho, a qual implica a consolação na dor, levar a alegria às situações de tristeza e o conforto a tantos que estão angustiados, ontem como hoje.
Na celebração que estamos a viver, também a nós sacerdotes é dirigida a mesma profecia, com a obrigação de a sabermos aplicar como Jesus, que a viveu até às últimas consequências.
Por isso, também nos sentimos os ungidos do Espírito Santo, com a missão de pastorear o Povo de Deus, que tem em Jesus o seu único Bom Pastor.
De facto, nós somos, para utilizar as palavras do Profeta, “Ministros do nosso Deus”, pelo Sacramento da Ordem, configurados com Cristo, cabeça e pastor do seu Povo.
A Ele, que é a testemunha fiel, o princípio e o fim de tudo, o Senhor do Universo, queremos, como sacerdotes da nova e eterna Aliança, prestar-lhe honra e louvor, contando hinos, como recomenda o Apocalipse.
As promessas sacerdotais, que solenemente fizemos no dia único da nossa Ordenação, para aí nos orientam. E por isso as queremos hoje renovar, dando conta de como telas nos recomendam a união íntima com Cristo e, n´Ele, a comunhão sacerdotal, em Presbitério. Isso implica, como igualmente hoje vamos prometer, renunciar a nós mesmos para colocar em primeiro lugar sempre o bem da Igreja, a Diocese e o bem do Presbitério e, assim, podermos cumprir o Ministério que nos está confiado.
Por sua vez, com a bênção dos Santos Óleos nesta mesma Missa Crismal, o Senhor diz-nos que está sempre ao nosso lado e nos ajuda a conduzir o seu Povo, nomeadamente naquela porção pela qual somos imediatamente responsáveis.
A bênção dos Santos óleos remete-nos para os sacramentos da Iniciação Cristã, com o Óleo dos Catecúmenos e o do Santo Crisma e também para o cuidado devido aos membros sofredores da comunidade, os quais mereceram sempre a especial atenção do Senhor Jesus e também agora devem merecer a nossa.
Desta forma, vemos a comunidade a construir-se, com o nascimento e o crescimento, na Iniciação Cristã e depois com o contributo positivo daqueles e daquelas que completam em si mesmos o que falta à Paixão de Cristo, palavras estas do Apóstolo Paulo.
Caros Padres e Diáconos, irmãos e irmãs:
O dia de hoje coloca diante de nós sacerdotes, mas também diante de todo o Povo de Deus, seus ministérios e serviços, a Pessoa de Jesus, único Bom Pastor. Ele quer dizer-nos quais são os caminhos para cuidar bem do seu Povo, fazendo-o crescer e com a garantia de que os mais frágeis e que mais sofrem são devidamente atendidos.
Para isso quer contar com o especial contributo do nosso Ministério Sacerdotal, que, por sua vez, só pode servir bem o Povo de Deus, aceitando e promovendo a cooperação dos outros Ministérios, a começar pelo Ministério Ordenado dos Diáconos e alargando-se depois aos não ordenados e também com a cooperação de todos os membros do Povo de Deus.
Para isso temos de ser verdadeiros líderes.
Ora o líder não se limita a fazer a gestão corrente dos assuntos da comunidade com vista a garantir a sua manutenção, mas procura construir uma visão e um projeto de futuro e a partir daí tomar as decisões que se impõem.
Quer na procura desta visão de futuro quer na definição dos meios humanos e outros para lá chegar, o líder nunca pode ficar sozinho. Pelo contrário, é sua obrigação envolver o mais possível toda a comunidade, na pluralidade dos seus membros, procurando mesmo, quanto possível, não deixar ninguém de fora.
O grande objetivo é procurar conjuntamente a verdade e o bem, em caminhada sinodal. E aqui contam as muitas e variadas formas de reunir as pessoas e os diferentes carismas para os ouvir, destacando-se a importância dos conselhos pastorais. E nestes não queremos somente ouvir-nos nós mesmos uns aos outros e decidir por maiorias, à maneira de qualquer parlamento, mas principalmente criar condições para cada um escutar primeiro a voz do Espírito Santo, em clima de silêncio e oração, para depois partilhar com os outros o que Ele lhe diz e assim todos poderem progredir na procura dos desejados consensos.
Claro que a última palavra, nas decisões, pertence sempre à autoridade e portanto a nós sacerdotes. Mas a penúltima já não nos pertence e muito menos as outras que a precedem.
Peçamos ao Senhor, neste momento de tão grande significado para a vida da Diocese e do seu Presbitério, a graça de sabermos progredir na prática da sinodalidade, para bem das comunidades que nos estão confiadas e de todo o Povo de Deus.
Hoje é também dia de fazer especial ação de graças pelos jubileus sacerdotais que se cumprem este ano.
Assim, O Reverendo Padre José Soares Coelho cumpre, no próximo dia 2 de abril, 75 anos de Padre.
Ordenado pelo Sr. D. Domingos da Silva Gonçalves, exerceu o Ministério sempre entre os conselhos de Gouveia e Seia, com forte ligação ao seminário dos Missionários de S. João Baptista, onde exerceu funções docentes. Esta ação de graças é reforçada pelos 100 anos de vida que o Reverendo Padre Coelho celebrou, no passado dia 2 do corrente mês de março.
Cumprem 65 anos de exercício do mesmo Ministério os Reverendos Padres Fernando Brito dos Santos, António Carlos Dias Gama e António Brás Carreto.
O primeiro, atualmente Pároco da Paróquia da Conceição, na Covilhã, tem na sua importante folha de serviços prestados à Igreja, além de outros, a responsabilidade da pastoral Juvenil Diocesana, o acompanhamento da Pastoral Operária, a docência no ensino público e as funções de Pároco que continua a exercer.
O segundo, atualmente capelão da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia do Fundão, foi docente nas escolas públicas e Pároco e continua prestar valiosos serviços pastorais, cooperando com os Párocos da zona.
O terceiro, atualmente a residir na Casa Sacerdotal do Patriarcado de Lisboa, está ao serviço desta Diocese Patriarcal desde o ano de 1976.
Os três foram ordenados pelo Sr. D. Domingos da Silva Gonçalves.
Celebram 25 anos de ordenação sacerdotal os Reverendos Padres José Luís dos Santos Farinha e Rafael Fernando Melo e Castro Forjaz Morão, este da Companhia de Jesus.
O Reverendo Padre José Luís Farinha foi ordenado pelo Sr. D. António dos Santos, na Sé da Guarda, em 27 de junho de 1999 e integrou, a partir do ano seguinte, a equipa formadora do Seminário Maior.
De 2004 a 2011 fez experiência de vida religiosa num mosteiro de vida contemplativa.
Regressou á Diocese, tendo exercido até agora responsabilidades de Pároco, primeiro, no concelho do Fundão e agora, nos da Covilhã e de Belmonte. É membro da Comissão Promotora do novo órgão de tubos da Sé da Guarda, estando a acompanhar muito de perto os trabalhos da construção.
O Reverendo Padre Rafael Morão foi ordenado, na Covilhã, pelo Sr. D. António dos Santos, em 3 de julho de 1999. Para trás ficava já longo percurso de formação, na Companhia de Jesus, incluindo a licenciatura em Direito Civil na Universidade Católica (Lisboa), formação essa que haveria de completar com a componente do Direito Canónico, mais tarde, na Universidade Gregoriana de Roma. Para depois ficaram os últimos votos de Profissão Religiosa, com integração definitiva na Companhia de Jesus, no ano de 2006. Foi Reitor da Igreja de S. Roque e Capelão da Santa casa da Misericórdia de Lisboa. Desde 2014 exerce o Ministério na Covilhã, agora como Capelão do Hospital Pero da Covilhã e desde 2023.
Associamo-nos à especial ação de graças destes sacerdotes que celebram datas jubilares e confiamos à especial oração do Povo de Deus o Ministério Sacerdotal de todos os nossos Padres, pois saber renunciar a si mesmo e viver inteiramente para serviço da Igreja, suas comunidades e serviços, à maneira do único Bom Pastor, é atitude absolutamente necessária, que supera as nossas forças humanas; mas com a graça de Cristo vamos lá chegar.
E que Maria Santíssima, Rainha do Clero, nos ensine a viver sempre da contemplação do Mistério de Cristo, no exercício do Ministério que Ele mesmo nos confia.
D. Manuel da Rocha Felício, bispo da Guarda