Pároco local sublinha necessidade de valorizar tradições e proteger a Serra da Estrela



Guarda, 28 set 2022 (Ecclesia) – O pároco de Fernão Joanes (Guarda) considera que a transumância tem conseguido manter “unidos os pastores”, mas o conceito em si “desapareceu”, porque “já não existem rebanhos”.
“Neste momento não temos os pastores nem os rebanhos a sair da Serra da Estrela a caminho das campinas da Idanha, agora só temos a recordação e as vivências de memórias”, disse à Agência ECCLESIA o padre Francisco Barbeira.
A localidade de Fernão Joanes, situada a perto da cidade da Guarda, celebrou a festa da transumância, a 24 e 25 de setembro, e no domingo realizou-se uma Eucaristia de homenagem aos pastores.
“Dar uma nova forma de vivência às tradições e valorizar o trabalho dos pastores” foi o objetivo da festa.
Este ano, a Serra da Estrela foi fustigada pelos incêndios, juntamente com a idade avançada dos pastores fez com que “muitos deles” de desfizessem dos rebanhos.
Na celebração, os pastores estavam vestidos a rigor porque gostam “daquilo que fazem e até chamam as ovelhas pelo nome”, frisou o padre Francisco Barbeira.
“Já não há quem faça cajados e chavelhos como fazia o José Camilo, um pastor com 91 anos”, realçou o pároco de Fernão Joanes.
O pastor “mais antigo” da Serra da Estrela disse à Agência ECCLESIA fez “muitas vezes a transumância para a Idanha-a-Nova e para zonas perto da raia”.

José Camilo, que já recebeu homenagens de “várias entidades”, recorda que os pastores saiam com os seus rebanhos de Fernão Joanes “depois dos santos e demoravam quatro dias certinhos até chegar à Idanha”.
Uma vida difícil porque tinham “de dormir nos cabeços e sem condições nenhumas”, acentuou o pastor José Camilo.
O presidente da Câmara Municipal da Guarda, Sérgio Costa, esteve presente na celebração de homenagem aos pastores em Fernão Joanes e sublinhou à Agência ECCLESIA que é “fundamental reinventar e recriar estas velhas e boas tradições”.
“Estas tradições são as raízes deste povo ligado à pastorícia”, frisou o edil.
LFS/OC