Guarda: D. Manuel Felício fez a última «prestação de contas» à diocese no dia em que assinalou 20 anos de ministério episcopal na região

Administrador apostólico agradeceu a nomeação do novo bispo diocesano, que aguardavam «há muito», e considerou «ser a pessoa certa no lugar certo»

Foto: Diocese da Guarda

Guarda, 17 jan 2025 (Ecclesia) – D. Manuel Felício, administrador apostólico da Guarda, celebrou 20 anos ao serviço da Igreja na região com uma “última” “prestação de contas à Diocese pelo exercício do Ministério Episcopal”, tendo como horizonte o novo bispo eleito.

“Começo por elevar ao Céu a minha ação de graças porque o Senhor nos enviou o Bispo que aguardávamos desde há muito”, disse D. Manuel Felício, esta quinta-feira, dia 16 de janeiro, na Eucaristia do 20º aniversário da sua entrada na Diocese da Guarda e “prestação de contas sobre o exercício deste Ministério”.

Na homilia, da Missa que presidiu na Sé, o administrador apostólico da Guarda destacou duas das “prioridades imediatas da ação pastoral” diocesana: “O renovado empenho na pastoral das vocações”” e a “formação permanente” de sacerdotes, diáconos, e outros ministérios laicais, incentivando a “valorizar cada vez mais o serviço da Escola Teológica de Leigos e Ministérios”.

Sobre o “renovado empenho na pastoral das vocações”, D. Manuel Felício destaca o Pré-Seminário e a “promoção das vocações sacerdotais”, em consequência, o “esforço continuado” para renovarem o Seminário Maior Interdiocesano para “dar a resposta devida às exigências atuais da formação sacerdotal”.

Na prestação de contas à Diocese pelo exercício do Ministério Episcopal, “que é a última”, D. Manuel Felício agradeceu “ao Senhor os sacerdotes” que encontrou há 20 anos e aqueles que ordenou, a sua “grande generosidade” tem permitido dar resposta às “legítimas expetativas dos fiéis e das comunidades paroquiais”, e aos restantes serviços diocesanos e movimentos de apostolado, mesmo que a diminuição do número dos sacerdotes tenha obrigado “a que mais paróquias estejam confiadas hoje ao mesmo pároco”.

Neste contexto, salienta que fica “recomendada a urgência” de avançarem “na valorização e organização das unidades pastorais”, cada uma com o seu coordenador, “o pároco, a sua equipa pastoral e o Conselho Pastoral da Unidade pastoral”.

O administrador apostólico da Guarda lembrou também os 23 Diáconos Permanentes ordenados ao longo de 20 anos para a diocese, e indica que precisam “saber gerir mais e melhor a sua cooperação com os Párocos e os outros ministérios não ordenados”.

D. Manuel Felício recordou também as visitas pastorais que, ao longo de sete anos, levaram-no “ao encontro das realidades pastorais e outras, nomeadamente as relações com sociedade civil”, que permitiram identificar caminhos, que “ficaram recomendados a cada paróquia ou conjunto de paróquias” e que ajudaram a descobrir que precisavam de “definir linhas de orientação globais para toda a ação pastoral”.

O responsável diocesano assinalou ainda que as orientações da assembleia geral de representantes de toda a diocese, que prepararam “em caminhada sinodal”, “estão longe de se encontrarem por inteiro aplicadas”.

Sobre o bispo eleito para a Diocese da Guarda, D. José Miguel Barata Pereira, nomeado pelo Papa Francisco, no dia 20 de dezembro de 2024, D. Manuel Felício, que o conhece há 22 anos, pensa “ser a pessoa certa no lugar certo”.

“Vem com vontade determinada de conhecer primeiro e depois dar cumprimento aos desígnios de Deus sobre esta porção do Povo de Deus que peregrina na nossa Diocese da Guarda. Vamos acolhê-lo bem e, desde a primeira hora, vamos manifestar-lhe a nossa vontade decidida de colaborar com ele para abrir novas portas ao futuro da Diocese”, acrescenta o administrador apostólico da Guarda.

O Papa aceitou a renúncia de D. Manuel Felício, que completou 75 anos em 2022, ao nomear D. José Miguel Barata Pereira; o bispo eleito, sacerdote do Patriarcado de Lisboa, é ordenado no dia 16 de março, na Sé da Guarda.

D. Manuel Felício vai ser homenageado, pelos seus 20 anos ao serviço da Diocese da Guarda, no dia 2 de fevereiro, o programa começa com a Missa, a partir das 17h00, na Sé.

CB/PR

Foto: Agência ECCLESIA/PR

Nascido a 6 de novembro de 1947, em Daire, Viseu, D. Manuel Felício frequentou os seminários de Fornos de Algodres e Viseu entre 1960 e 1968 e o Seminário de Cristo-Rei dos Olivais.

A ordenação sacerdotal aconteceu a 21 de outubro de 1973, na Igreja Matriz de Mangualde, na Diocese de Viseu, e nesse mesmo ano até 1988 integrou a equipa sacerdotal da paróquia de Mangualde.

Depois, empenhou grande parte do tempo na vida académica, tendo-se licenciado em Teologia, em 1975, pela Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, com a tese “A Infalibilidade da Igreja ‘in credendo’ na “Lumen Gentium”.

D. Manuel Felício trabalhou também no diálogo ecuménico e inter-religioso na Conferência Episcopal Portuguesa.

Foi secretário da Comissão Episcopal da Doutrina da Fé desde 1990, vice-reitor do Seminário Maior de Viseu até 2001, professor no polo de Viseu da UCP e também professor auxiliar da Faculdade de Letras desta mesma universidade, onde é membro efetivo do Conselho Científico.

D. Manuel Felício desempenhou o cargo de coordenador do processo da extensão em Viseu do Instituto Universitário de Ciências Religiosas, sediado em Lisboa, e responsável do processo de filiação do Seminário Maior de Viseu na Faculdade de Teologia de Lisboa da Universidade Católica Portuguesa, entre 1992 e 1995.

Dois anos depois tornou-se diretor do Instituto Superior de Teologia das dioceses da Guarda, Lamego e Viseu, que assumiu até 2001.
Em 2002, completa o doutoramento em Teologia na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa com a tese “Portugal e a Definição Dogmática da Infalibilidade Pontifícia: Teologia, Magistério, Debate Público”.

Entre os trabalhos publicados, contam-se “Ecumenismo. In Historia Religiosa de Portugal: Dicionário Temático” (2000), “Universidade Católica Portuguesa – Projecto com Identidade. Para uma leitura crítica dos seus estatutos” (1998), “Diálogo Ecuménico em Portugal. Elementos para a sua história” (1997), e “Para um Modelo Cristão de Desenvolvimento” (1992).

O Papa João Paulo II nomeou-o bispo auxiliar de Lisboa, acompanhando no Patriarcado as Vigararias do Oeste e animado o diálogo inter-religioso, em outubro de 2002.

A 21 de dezembro de 2004, o Papa João Paulo II nomeava D. Manuel Felício como bispo coadjutor da Diocese da Guarda, que tomou posse a 16 de janeiro de 2005, passando no dia 1 de dezembro do mesmo ano a bispo diocesano, por aceitação da renúncia de D. António dos Santos.

 

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