Bispo diocesano presidiu a Missa de ação de graças e destacou os acontecimentos que marcaram a diocese ao longo de 2023
Guarda, 17 jan 2024 (Ecclesia) – O bispo da Guarda celebrou, esta segunda-feira, 19 anos de ministério episcopal na diocese, com uma Missa de ação de graças, na Sé daquela cidade, dando continuidade à tradição de passar em revista o último ano.
D. Manuel Felício foi nomeado bispo coadjutor da Guarda pelo Papa João Paulo II, a 21 de dezembro de 2004, para auxiliar D. António dos Santos, com problemas de saúde, tomando posse a 16 de janeiro de 2005.
Nesse mesmo ano, a 1 de dezembro de 2005, sucedeu ao bispo diocesano, no seguimento da aceitação da renúncia deste ao governo pastoral pelo Papa Bento XVI; agora, com 76 anos e ao fim de 50 anos ao serviço da Igreja, D. Manuel Rocha Felício espera ser substituído, depois de ter apresentado a resignação ao Papa Francisco, por entender que a diocese precisa de um “virar de página”.
Na homilia da Eucaristia, enviada à Agência ECCLESIA, o bispo da Guarda lembrou os trabalhos da primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, iniciados a 4 de outubro, que o Papa Francisco decidiu que terá uma segunda etapa, em 2024.
“Vivemos também um ano de especial significado para a caminhada sinodal de toda a Igreja”, assinalou D. Manuel da Rocha Felício.
“Em toda a nossa Diocese da Guarda, com o precioso contributo da Comissão Sinodal Diocesana, procurámos promover e alimentar o empenho de todas as comunidades e serviços para, por um lado, estarem atentos ao que de novo fosse surgindo e, por outro, fazerem a sua devida aplicação, incluindo tendo em conta o primeiro esforço já anteriormente feito, que, através de relatório próprio, entrou na preparação deste Sínodo”, destacou.
O bispo diocesano evocou também a jornada diocesana sobre a espiritualidade, realizada no dia 1 de dezembro, orientada por Jose San Jose Prisco, um dos peritos que participou na XVI Assembleia do Sínodo dos Bispos.
Segundo D. Manuel Felício este constituiu-se um “momento importante” da caminhada diocesana, “mas também o foram e continuam a ser as propostas do programa pastoral diocesano do corrente ano essencialmente orientadas para o exercício imediato e simples da caminhada sinodal, que envolve sempre tempos de diálogo conjugados com o silêncio e a oração”.
“O que está em causa é a escuta do Espírito Santo mediada pela nossa escuta mútua. Em concreto temos de aprender a escutar-nos uns aos outros para ouvirmos o que Deus nos quer dizer”, indicou.
A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023 foi outro dos momentos destacados pelo bispo: “Rumamos a Lisboa, com um grupo de mais de três centenas para estarmos com o Papa Francisco, de 1 a 6 de agosto. Foram dias de graça que ocuparão sempre lugar à parte na nossa memória e sobretudo nos continuam a motivar para seguir em frente no compromisso com os nossos jovens”.
“Os discursos do Papa, sempre curtos e diretos aos assuntos, continuam a incentivar-nos na caminhada que temos pela frente”, manifestou.
D. Manuel da Rocha Felício não esqueceu ainda “o esforço que a Igreja em Portugal fez para identificar erros e abusos praticados no seu seio e procurar as formas mais ajustadas de os erradicar”.
A Comissão Independente para os estudos dos abusos sexuais de crianças na Igreja apresentou o relatório final dos trabalhos, no qual depois a Conferência Episcopal Portuguesa trabalhou, “com o objetivo de fazer da Igreja em Portugal, no conjunto das suas comunidades e serviços, lugares cada vez mais seguros e com garantias de plena confiança, para as pessoas em geral”, recordou o bispo.
“O trabalho das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Vulneráveis, com a sua Coordenação Nacional e o apoio momentâneo do chamado grupo VITA, são o rosto visível desta louvável preocupação e do esforço que continua a ser feito para a efetivar. Estamos perante uma iniciativa da Igreja em Portugal que a todos nos dignifica”, realçou.
D. Manuel da Rocha Felício salienta que “tocar em assuntos melindrosos como este dos erros e abusos, dentro de um horizonte temporal que envolveu mais de 70 anos, é sempre doloroso”.
“Mas a dor, quando acontece para reajustar comportamentos, temos de a aceitar e mesmo sublimar, o que continuaremos a tentar fazer”, expressou.
Além destes acontecimentos, o bispo diocesano nomeou ainda outros momentos de cada um dos meses do ano, nomeadamente os passos que se deram no processo de beatificação “do venerável servo de Deus D. João de Oliveira Matos”, em maio; a celebração do centenário das Irmãs Servas de Nossa Senhora de Fátima, em outubro; e a abertura, na ExpoEcclesia, da exposição sobre a Liga dos Servos de Jesus e fundador, em dezembro.
“Fazemos agora votos para que o novo ano nos ajude a aprender e pôr em prática a lição que hoje nos vem do processo da escolha do Rei David. Precisamos de ver as coisas e sobretudo as pessoas na sua interioridade, sem nos deixarmos iludir pelas aparências”, concluiu.
Guarda: D. Manuel Felício, 50 anos de percurso sacerdotal ao serviço da Igreja (c/vídeo)
LJ/OC