Bispo recorda experiências como pároco, professor e diretor do Instituto Superior de Teologia, apontando a «caminhos novos» para o futuro da diocese
Guarda, 27 dez 2023 (Ecclesia) – O bispo da Guarda, D. Manuel Felício, celebrou em 2023 as bodas de ouro sacerdotais e, em entrevista à Agência ECCLESIA, passa em revista 50 anos de vida ao serviço da Igreja, com três etapas centrais.
“Uma etapa foi o princípio, uma dúzia de anos, como pároco em Mangualde, da qual conservo as melhores recordações, porque foi lá também que me ordenei sacerdote, na igreja paroquial de Mangualde”, refere.
“A segunda etapa foram mais ou menos dúzia e meia de anos, que eu passei no Seminário de Viseu, na Universidade Católica Portuguesa e nos serviços diocesanos e a terceira etapa é a que estou a viver”, acrescenta D. Manuel Felício.
Cada etapa teve “a sua importância” na vida do atual bispo da Guarda, que recorda a fase “do entusiasmo”, das “experiências pastorais” e do “contacto com as pessoas”, no início do sacerdócio.
Depois daquela experiência em Mangualde – “muitas pessoas ainda me visitam” -, D. Manuel Felício recorda a etapa como formador no Seminário Maior de Viseu e as aulas na Universidade Católica Portuguesa.
“Propus ao meu bispo que eram fundamentais cooperações no Instituto de Estudos Teológicos: a primeira foi com o Lamego e a segunda foi com a Guarda”, “depois veio uma terceira cooperação, que foi Bragança”, recordou.
O atual bispo da Guarda passou dez anos como diretor do Instituto Superior de Teologia de Viseu, uma instituição que considera essencial “na formação dos sacerdotes, leigos, professores de Educação Moral e Religiosa Católica e pessoas da componente pastoral”.
“Vieram depois outras evoluções que nos obrigaram a interromper esse processo, mas agora estamos a repensá-lo”, disse D. Manuel Felício em entrevista ao Programa ECCLESIA, emitido hoje na RTP2
A terceira etapa começou em 2002, quando “D. José Policarpo bateu à porta”, sendo nomeado bispo auxiliar de Lisboa.
Manuel Rocha de Felício foi ordenado sacerdote, no dia 21 de outubro de 1973, em Mangualde, Diocese de Viseu; a 21 de outubro de 2002, foi nomeado bispo auxiliar de Lisboa, com o título de Aquae Flaviae, pelo Papa São João Paulo II.
O responsável foi ordenado bispo a 15 de dezembro de 2002, na Sé de Viseu, tendo sido nomeado bispo coadjutor da Guarda pelo Papa João Paulo II, a 21 de dezembro de 2004.
A 01 de dezembro de 2005, tomou posse como bispo da Guarda, sucedendo a D. António dos Santos.
“Resolvi, com os conselheiros, em vez de convocar um sínodo, convocar uma assembleia diocesana de representantes durante três anos, entre 2014 a 2017”, indicou.
Nessa assembleia diocesana foram aprovadas orientações, “33 proposições”, que foram compendiadas em “seis orientações e opções de fundo para a pastoral da diocese” na carta pastoral ‘Guiados pelo Espírito Igreja em Renovação’.
As linhas da evangelização, da celebração, da ação social e caritativa e também da participação generalizada são “as grandes linhas” colocadas nos seis capítulos do documento.
Em relação ao futuro, o responsável assume a inspiração que chega do processo sinodal lançado pelo Papa Francisco.
“É o passo que temos de dar, porque uma diocese com 365 paróquias e com 225 mil habitantes necessita de caminhos novos”, declarou.
Quanto à questão dos abusos sexuais na Diocese da Guarda, D. Manuel Felício afirmou que a Igreja “resolveu auditorar-se a si própria” e fez “uma revisão sobre si própria, sobre este problema concreto”.
“Eu vivi situações que preferia não viver”, lamentou o bispo da Guarda.
O responsável pediu, em 2019, a resignação ao Papa Francisco, por entender que a diocese precisa de um “virar de página”, esperando a nomeação de um sucessor até à próximo Quaresma.
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