Cardeal português comovido e grato pela distinção que traz «associado o nome» de uma pessoa de quem foi «amigo» e da qual recebeu tanto

Lisboa, 11 abr 2025 (Ecclesia) – D. José Tolentino Mendonça é o vencedor da 21.ª edição do Prémio Eduardo Lourenço, numa decisão do júri “por unanimidade” durante a reunião realizada hoje, na sede do Centro de Estudos Ibéricos (CEI), na Guarda.
“Devo dizer que pessoalmente me comove esta distinção por trazer associado o nome de uma figura de quem fui amigo e da qual recebi tanto; estou muito grato”, disse o cardeal português, ao Jornal diocesano ‘A GUARDA’, em declarações enviadas à Agência ECCLESIA.
D. José Tolentino Mendonça salientou que o ensaísta e escritor português Eduardo Lourenço ajudou “a pensar e a viver a europa enquanto projeto cultural”, realçando que “nesse sentido, procurou escutar a morfologia da sua alma”.
“Que o tenha feito refletindo em particular o contributo da Península ibérica, que ele dizia ser «uma espécie de Europa antes da própria Europa», constitui para nós um extraordinário legado e um desafio cheio de atualidade. Para a minha geração – e, estou certo, para outras que se seguirão -, Lourenço é um mestre que nos ensina o idioma espiritual das duas nações ibéricas, revelando o mapa interior que as avizinha”, desenvolveu o colaborador do Papa.
O Centro de Estudos Ibéricos, por ocasião dos 25 anos, informa que distingue, na personalidade de D. José Tolentino Mendonça, “o valor da Educação e da Palavra”, como “fontes de inspiração para fortalecer laços que cruzam todas as fronteiras e dos quais o diálogo ibérico tem sido exemplo”.
“O Júri reconheceu o perfil do intelectual, do humanista e do poeta que marca inequivocamente a cultura portuguesa contemporânea. Igualmente reconheceu o pensador ecuménico e do diálogo que, com a sua obra, nos ensina que a fronteira é um mistério de encontro”, lê-se no comunicado divulgado pelo Centro de Estudos Ibéricos, esta sexta-feira.
O Prémio Eduardo Lourenço, instituído em 2004 em homenagem ao seu mentor e patrono, tem como objetivo galardoar personalidades ou instituições “com intervenção relevante no âmbito da cultura, cidadania e cooperação ibéricas”, no montante de 7.500,00€ (sete mil e quinhentos euros).
![]() O cardeal português D. José Tolentino Mendonça é o prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação (Santa Sé), nomeado no dia 26 de setembro de 2022, e faz parte do Dicastério para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, desde 7 de setembro de 2023. A 26 de junho de 2018, o Papa nomeou D. José Tolentino Mendonça como arquivista do Arquivo Secreto do Vaticano e bibliotecário da Biblioteca Apostólica, elevando-o à dignidade de arcebispo; o até então vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa orientou nesse ano o retiro de Quaresma do Papa Francisco e seus mais diretos colaboradores. D. José Tolentino Mendonça nasceu em Machico (Diocese do Funchal) em 1965 e foi ordenado padre em 1990 e bispo a 28 de julho de 2018; é doutorado em Teologia Bíblica, tendo desempenhado, entre outras funções, os cargos de reitor do Colégio Pontifício Português, em Roma, de diretor da Faculdade de Teologia da UCP e diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura. Foi criado cardeal pelo Papa Francisco, a 5 de outubro de 2019. Biblista, investigador, poeta e ensaísta, Tolentino Mendonça foi condecorado com o grau de Comendador da Ordem de Sant’lago da Espada por Aníbal Cavaco Silva, presidente da República, em 2015. Em dezembro de 2019, D. José Tolentino Mendonça tornou-se a sétima personalidade a receber a Medalha de Mérito da Região Autónoma da Madeira, numa cerimónia que decorreu na Assembleia Regional. Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República, escolheu-o como presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas 2020. Em 2022, D. José Tolentino Mendonça venceu a primeira edição do Prémio Ilídio Pinho, atribuído pela Fundação Ilídio Pinho. |
Segundo o Centro de Estudos Ibéricos, esta 21ª edição do Prémio Eduardo Lourenço destacou-se pela “elevada qualidade e diversidade das candidaturas apresentadas”, e foi atribuído por um júri constituído pelos membros da direção do CEI: o presidente do Município da Guarda, Sérgio Costa, e os vice-reitores das Universidades de Coimbra (UC) e de Salamanca, Delfim Leão e Matilde Olarte, Manuel Santos Rosa e Luís Umbelino, da UC, Antonio Notario e María Isabel Martín Jiménez, da USAL.
Também foram convidados para integrar esta edição do júri do Prémio Eduardo Lourenço, indicados pela Universidade de Coimbra, António Apolinário Lourenço e Désirée Pedro, e sugeridos pela Universidade de Salamanca, Juán Andrés Blanco e María Teresa Conesa.
Foi “com enorme alegria”, que a Quetzal Editores reagiu a esta distinção atribuída a D. José Tolentino Mendonça, em nota enviada à Agência ECCLESIA onde recorda que a sua obra mais recente, ‘A Vida em Nós’, publicada em novembro de 2024.
O Prémio Eduardo Lourenço, informa o CEI, já foi atribuído a personalidades “de relevo de Portugal e Espanha”, como Isabel Soler, investigadora e ensaísta (2024), a escritora Lídia Jorge (2023), Fundação José Saramago (2021); Maria Helena da Rocha Pereira, professora catedrática de Cultura Greco-Latina (2004), o jornalista Agustín Remesal (2006), a pianista Maria João Pires (2007), o poeta Ángel Campos Pámpano (2008), os escritores César António Molina (2010), Mia Couto (2011) Agustina Bessa-Luís (2015) e Luis Sepúlveda (2016), o teólogo José María Martín Patino (2012).
CB/PR