Projeto nascido há 13 anos é concretizado por toda a comunidade, atrai turistas e contraria a saída de uma localidade onde habitam 95 pessoas

Cabeça, 24 dez 2025 (Ecclesia) – A aldeia de Cabeça, na diocese da Guarda, transforma-se há 13 anos em «Aldeia Natal» através um projeto comunitário construído em cada ano com “aquilo que as serras verdejantes dão”.
“As decorações vêm da serra verdejante, que envolve a aldeia com beleza natural: as ramagens dos pinheiros, o desbaste das árvores, o musgo, as vides, as videiras, o caroço, que aqui chamamos o casulo do milho, o pinho, a lã da ovelha, tudo o que é abundante na serra recolhe-se para, com criatividade, fazer as decorações”, conta à Agência ECCLESIA a irmã Lurdes Lage.
Natural de Cabeça, conheceu a Liga dos Servos de Jesus, uma obra com 100 anos na Diocese da Guarda, mas em 2020 regressou a Cabeça e desde então acompanha a construção da «Aldeia Natal».
“O projeto nasceu há 13 anos procurando contrariar o esvaziamento da aldeia que hoje conta com 95 habitantes. Adquiriu-se este hábito de tornar esta aldeia um centro natalício e isso gerou aqui um ponto de atratividade também para muitas pessoas que descobriram este lugar”, regista.
A montagem da ‘aldeia’ tem início em outubro, depois de “os mais novos” subirem à serra para recolherem material que “a natureza dá”; junta-se tudo num armazém e os mais novos “contraiam o frio para se juntarem e fazerem as decorações”.
Paula Dias, habitante na aldeia de Cabeça, dá conta da “alegria” que a população local vive com a aproximação da abertura da «Aldeia Natal».
“Os habitantes gostam de receber. Podiam estranhar, podiam ficar fartos da confusão, mas não, ficam contentes, ficam satisfeitos e gostam de receber, porque isto também vem trazer nova energia às pessoas que cá residem, vem no fundo dar um dinamismo à aldeia”, regista.
A “base dos materiais mantem-se a cada ano” mas o projeto resulta “do que a natureza dá”.
No “Natal original de Cabeça” encontram-se “árvores de Natal, grinaldas, todos os enfeites, feitos pelos locais com bastante engenho e arte”, unindo a população na construção das decorações.









O projeto da «Aldeia Natal» atrai turistas apostados em conhecer os sabores da região e ajuda a promover os produtos regionais.
“Uma lojinha vende produtos regionais, como licores e outras bebidas; outra vende cestos; outra vende produtos artesanais feitos em madeira; outra faz doces ou pão. Tudo se vende aqui nesta altura do ano e o mercadinho de Natal dá muita vida à aldeia”, regista a irmã Lurdes Lage.
Os 95 habitantes que atualmente residem na aldeia de Cabeça mantêm as tradições religiosas que a irmã Lurdes, na ausência do padre, procura auxiliar.
“Aqui há Missa do Galo celebrada pelo padre e há fogueira, o célebre Madeiro, aqui à beira da igreja, onde as pessoas depois de sair se reúnem e convivem à volta da fogueira”, indica.
Na aldeia onde “não há Pai Natal” mas se procura celebrar “o verdadeiro e genuíno Natal”, as famílias também se reúnem à volta da mesa com o “tradicional bacalhau com batatas, broas, arroz doce, rabanadas e filhoses”.
Disponível para ser visitada até ao dia 1 de janeiro, a reportagem na «Aldeia Natal de Cabeça» na pode ser acompanhada no programa ECCLESIA na RTP2, pelas 15h, na véspera de Natal, 24 de dezembro.
HM/LS
