Guarda: Bispo diocesano está a orientar o retiro do clero, para rezar «juntos» e revisitar «dimensões importantes»

D. José Pereira, há quase nove meses na diocese, partilhou preocupação com o seminário e reforma da cúria

Foto: Diocese da Guarda

Guarda, 28 nov 2025 (Ecclesia) – O bispo da Guarda está a orientar o retiro espiritual do clero, que termina hoje, para “poder estar um bocadinho com os padres”, partilhou preocupações com o seminário, e as reformas da Cúria diocesana.

“O meu desejo foi, ainda neste primeiro ano, poder estar um bocadinho com os padres, rezarmos juntos e revisitarmos algumas dimensões importantes da nossa condição de cristãos batizados, e de ministros ordenados ao serviço do povo de Deus”, disse D. José Pereira, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O bispo da Guarda convocou todos os padres da diocese para o retiro espiritual anual, que encerra esta sexta-feira (24 a 28 de novembro), e assumiu a pregação, explicou que não existe um tema geral, mas “um tema para cada uma das palavras”: “Desde consagrados como filhos no filho, consagrados como servos no servo, consagrados para servir na caridade pastoral, consagrados para servir em comunhão”.

“Rezarmos um bocadinho em conjunto, revisitarmos aquilo que somos, e renovarmos para o ano que já começámos, mas que agora vamos iniciar neste ritmo sinodal mais claro”, acrescentou, e “lançar para o ciclo Advento e Natal”.

O bispo da Guarda, numa carta ao clero, no final de setembro, apresentou como orientações fundamentais para o novo ciclo pastoral a vida espiritual, o caminho sinodal, e o cuidado com o seminário; esta diocese, com Bragança-Miranda, Lamego e Viseu, formam o Seminário Interdiocesano de São José, criado a 18 de julho de 2013, que mudou de Braga para Gondomar (Diocese do Porto) neste ano letivo 2025/2026.

“O que acontece é que a dimensão e a escala da comunidade foi diminuindo. Neste momento, para três etapas de formação – a etapa propedêutica, a etapa discipular, correspondente aos primeiros anos da Filosofia e início da Teologia, e a etapa configuradora, do terceiro ao sexto ano –, temos 11 seminaristas, e, portanto, não conseguimos ter a funcionar uma estrutura de etapas claras”, desenvolveu D. José Pereira, que destacou “o empenho e a generosidade da atual equipa formadora”.

O bispo da Guarda referiu também “outros ritmos de relação entre o seminário interdiocesano e as próprias dioceses, a pastoral vocacional”, e vai percebendo que “há um divórcio, um bocadinho”, e a causa “não é só a distância”, por isso, há questões a “repensar seriamente”, para verem se há condições de “continuidade”.

“Nestes 12 anos, enquanto funcionou com mais robustez, ajudou a formar os padres, mas tenho hesitações se consegue formar para os desafios do tempo de hoje e até da sinodalidade. Tenho medo que a gente esteja a formar um bocadinho para um ambiente de relações muito particulares, onde somos capazes de funcionar ali, mas depois não somos expostos suficientemente à multiplicidade, às tensões, e à necessidade de encontrar consensos nas diferenças.”

Foto: Diocese da Guarda

Na diocese há menos de nove meses, D. José Pereira, ordenado no dia 16 de março, tem realizado reformas na Cúria Diocesana, “era preciso tornar um bocadinho mais eficiente com outras colaborações”, uma necessidade para conhecer a diocese, e “apostar mais na evangelização, na espiritualidade, na construção da fraternidade e da comunhão”.

O bispo da Guarda fez nomeações para “necessidades mais prementes”, o novo vigário-geral “trabalha com o anterior, num processo de transição”, um notário para ajudar o chanceler, alguém para a Secretaria-Geral, e continuam com a ecónoma, e com o leigo que “há 20 anos é uma alma viva na relação da Cúria” com  as pessoas.

No gabinete de apoio ao bispo continuam as mesmas pessoas, e estão a tentar “dinamizar, alargar um bocadinho o Gabinete de Comunicação, e criar uma equipa para a comunicação pastoral e institucional, e reservar a pessoa que está para relações públicas e comunicação do bispo”.

“É muito bom trazermos mais leigos para trabalhar na Cúria, mas isso implica termos sustentabilidade para lhes pagar ordenados como deve ser, a não ser que sejam leigos com alguma idade, já tenham uma reforma, uma pensão e a gratificação que tenha que dar já não seja um vencimento”, indicou D. José Pereira.

A Diocese de Guarda apresenta o seu itinerário pastoral 2025/2026, no I Domingo do Advento, dia 30 de novembro, às 17h00, na Sé.

CB/OC

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