Guarda: Bispo desafia «Fazenda da Esperança» a regressar «às comunidades» e partilhar histórias de vida (c/vídeo)

«É uma forma até inovadora de enfrentar as situações de dificuldade», salientou D. Manuel Felício, que apadrinhou projeto há mais de 12 anos

Foto: Agência ECCLESIA/CB

Celorico da Beira, 10 nov 2024 (Ecclesia) – O bispo da Guarda, que acolhe a única ‘Fazenda da Esperança’ em Portugal, desafiou os responsáveis e utentes a revisitar a diocese, para divulgar “forma inovadora de enfrentar as situações de dificuldade”, e a desenvolverem “um centro de espiritualidade”.

“Quando a Fazenda da Esperança, os missionários e também os utentes da Fazenda da Esperança vão por aí às comunidades, falam às pessoas, dão o seu testemunho, dizem ‘estamos aqui para’, isso é um caminho importante que pode gerar dinamismo de dentro da fazenda para fora, e entusiasmo de fora para dentro”, disse D. Manuel Felício, em declarações à Agência ECCLESIA.

A Fazenda da Esperança nasceu no Brasil, em 1983, para acolher pessoas que querem recuperar a sua vida da dependência principalmente do álcool, das drogas, e também do jogo, com um processo de tratamento assente no tripé ‘espiritualidade, trabalho, convivência’.

A primeira casa em Portugal foi inaugurada há 12 anos, a única ainda deste projeto internacional em território nacional, a Fazenda da Esperança «Mártires do Brasil» abriu as portas no dia 6 maio de 2012, numa quinta em Maçal do Chão (Celorico da Beira), na Diocese da Guarda.

Nós temos de estar atentos àqueles que mais precisam. E é verdade que a Fazenda da Esperança cuida de um conjunto de pessoas que representam uma porção significativa daqueles que mais precisam. São os pobres de outra natureza, são os pobres com dificuldades em orientar a vida, os pobres com dificuldades em se organizar pessoalmente ao nível das suas famílias e que geralmente caíram em certas dependências, e se não tiverem quem os ajude eternizam a sua situação de pobreza.”

D. Manuel Felício, que destinou a renúncia quaresmal de 2010 para este projeto, recorda que também visitou esta comunidade terapêutica, antes de ser implementada na diocese, em Guaratinguetá (Brasil), onde tinha estado o Papa Bento XVI em 2007, e descobriu “uma filosofia de vida, uma forma de abordar a vida interessante”, onde as pessoas com dificuldade “entram ali e procuram ser ajudadas pelo trabalho, pela oração, pelo encontro consigo, pela dimensão espiritual da vida”.

Segundo o bispo da Guarda quando “começou houve entusiasmo das pessoas, houve mobilização, interesse pela instituição”, com os missionários da Fazenda da Esperança a percorrerem “bastante esta diocese”.

“O recuperar esta ida da gente da esperança às comunidades, para dizer-lhe o que é, o que é que pretendemos, como é que é uma forma até inovadora de enfrentar as situações de dificuldade que nós temos, e muitas delas até encobertas, porque as pessoas sentem-se mal, vivem com dificuldade, não identificam logo porquê”, desenvolveu.

A Fazenda da Esperança «Mártires do Brasil», na Diocese da Guarda, acolhe, atualmente, nove pessoas: Sete utentes, o responsável, e um voluntário, e, neste momento, destaca o bispo diocesano, “está num alto com uma procura muito grande de quem queira vir recuperar-se”.

D. Manuel Felício tem outro desafio para a ‘Fazenda da Esperança’ em Maçal do Chão, que possa ser também um “centro de espiritualidade para os utentes que vêm procurar a sua saúde, mas também para as pessoas” que vão encontrar ali “um espaço diferente, um encontro com a natureza, e pela natureza é um encontro de Deus”.

Nós, que fazemos a nossa vida normal, temos que ter lugares e tempos especiais para não nos deixarem esquecer o essencial. Se não a vida não tem a dimensão espiritual e se não se cuida da relação com Deus, a vida, é um desgaste contínuo. E nós estamos aqui não é para o desgaste, estamos aqui também para procurar horizontes novos de viver.”

A Fazenda da Esperança ‘Mártires do Brasil’, na Diocese da Guarda, está em destaque no Programa ‘70*7’ deste domingo, dia 10 de novembro, a partir das 07h30, na RTP2.

CB/OC

 

Para além de Bento XVI, o Papa Francisco também já acolheu a Fazenda da Esperança, recebeu os seus fundadores, no dia 21 de agosto deste ano, no Vaticano, e cerca de 1200 participantes, pelos 40 anos da fundação deste projeto, no dia 29 de setembro de 2023.

“Esta é uma motivação grande, claro que não resolve todos os problemas. Cada um de nós é um problema, mas um problema que se há de resolver pelo bem e se há de resolver pelo caminho que o Espírito nos inspira. É verdade que a solidariedade institucional com que a Igreja olha esta instituição é muito importante e nós valorizámo-la e damos graças a Deus por ela”, salientou D. Manuel Felício, acrescentando que “é também uma responsabilidade para todos”.

O responsável pela Fazenda da Esperança «Mártires do Brasil», que vive em Portugal há dois anos, a audiência do Papa Francisco “é ser visto”.

“Aquele que um dia já foi excluído da sociedade, hoje está sendo recebido pelo Papa como ressuscitado. Não só eu, mas como todos que fazem parte dessa fazenda, que são mais de 10 mil voluntários internos”, acrescentou Tiago Sousa Silva, um jovem brasileiro de 30 anos, que também se recuperou da adição nunca comunidade terapêutica.

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Agência ECCLESIA

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