Guarda: Bispo afirma que ressurreição de Jesus «é um acontecimento sobrenatural que ocorre no mundo e na história e os transforma radicalmente»

D. José Miguel Pereira presidiu à Vigília Pascal na diocese pela primeira vez, alertando que urge voltar a «cultivar a dimensão interior espiritual»

Foto: Diocese da Guarda

Guarda, 19 abr 2025 (Ecclesia) – O bispo da Guarda afirmou hoje, na celebração da Vigília Pascal a que presidiu pela primeira vez na diocese, que a ressurreição de Jesus “é um acontecimento sobrenatural que ocorre no mundo e na história e os transforma radicalmente”.

“A ressurreição de Jesus não é um voltar atrás, uma intervenção para logo tudo voltar a ser como era. É um avanço adiante, é uma nova criação”, referiu D. José Miguel Pereira, na homilia enviada à Agência ECCLESIA.

Sobre o impacto no mundo, o bispo diocesano refere que a “ressurreição de Cristo torna possível que o universo criado, contingente e finito, possa vir a tomar parte da transformação operada por Jesus”.

De acordo com D. José Miguel Pereira, os “olhos não chegam para mergulhar no mistério da ressurreição; a lógica racional também não”, bem como também “não chegam os estados de alma e a inteligência emocional”.

“Todas essas dimensões são fundamentais enquanto permitem a operação dos sentidos, da inteligência, da memória, da emoção, necessárias para captarmos a realidade. Mas falta-lhes a vida interior, sede da relação teologal, isto é, da relação que permite reconhecer a presença e a obra de Deus”, destacou, na Sé da Guarda.

Na homilia, o bispo alertou que urge voltar a “cultivar a dimensão interior espiritual, capaz de acolher a ação do Espírito Santo e da graça de Cristo”, defendendo que só assim cristãos podem “ser elevados a Deus”, ser transformados para que a imagem de Deus em cada um “ganhe cada vez mais a semelhança em Cristo, e abrir todos “à sua presença e ação no mundo”.

Sem vida interior, seremos incapazes de acreditar na ressurreição de Jesus. Seremos incapazes de a reconhecer como o acontecimento decisivamente transformador da história e do mundo […] Reduzi-la-emos a um facto prodigioso que aconteceu a Jesus ou substitui-la-emos por uma espiritualidade imanente que aceita a reencarnação, ou a fusão numa energia cósmica, ou simplesmente a diluição no nada”, assegurou.

No entanto, “se cuidarmos da vida interior e nos deixarmos mergulhar na novidade da ressurreição de Jesus, a nossa vida leva uma volta”, assinala o bispo, que considera que “não se trata apenas de uma iluminação da inteligência para compreender e aceitar o que aconteceu a Jesus”.

Foto: Diocese da Guarda

“É uma transformação da nossa vida a vários níveis”, disse D. José Miguel Pereira enunciando três delas: quanto ao sentido pessoal da existência, quanto à possibilidade da relação com aqueles que já morreram e quanto à relação com o mundo.

“Renovados, assim, pela ressurreição de Jesus, não fiquemos na mesma. Não nos deixemos andar à toa. A nossa vida está escondida com Cristo em Deus. É na manifestação de Cristo que a vamos descobrindo e construindo”, salientou.

O bispo da Diocese da Guarda convidou a assembleia a afeiçoar-se às coisas de Cristo e a preferi-las “às coisas passageiras e ilusórias”.

“Despojemo-nos do homem velho com as suas ações e revistamo-nos do homem novo, que […] se vai renovando à imagem do Senhor”, finalizou.

A Igreja Católica celebra nas últimas horas deste sábado e nas primeiras de Domingo de Páscoa o principal e mais antigo momento do ano litúrgico, assinalando a ressurreição de Jesus, elemento central da fé cristã.

Cinco elementos compõem a liturgia da Vigília Pascal: a bênção do fogo novo e do círio pascal; a proclamação da Páscoa, que é um canto de júbilo anunciando a Ressurreição do Senhor; a série de leituras sobre a História da Salvação; a renovação das promessas do Batismo, por fim, a liturgia Eucarística.

LJ

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