Grécia: Rede Europeia Anti-Pobreza alerta para consequências de «políticas de austeridade»

Outra preocupação é a «crise humana nas fronteiras da União Europeia»

Bilbau, País basco, 08 jul 2015 (Ecclesia) – Os participantes no Congresso Estratégico da Rede Europeia Anti-Pobreza (EAPN) e na Assembleia Geral da organização manifestaram “profunda e sentida solidariedade” com o povo grego que sofre as consequências de “programas de austeridade perigosos”.

“Continuar com uma abordagem de austeridade ultrapassada e perigosa significa despojar um país de seus ativos mais valiosos: capital humano e deixar as pessoas em situação de pobreza extrema. A pobreza e a exclusão social deixaram um quarto da população da Europa sem direitos”, afirmou o presidente da EAPN, Sérgio Aires, que foi reeleito nesta reunião para mais um triénio.

Num comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, a EAPN revela que os representantes de 31 redes nacionais e 18 organizações europeias apelaram aos chefes de Estado e de Governo para darem “prioridade ao bem-estar das pessoas” em vez de privilegiarem os interesses “puramente financeiros, beneficiando uma minoria”.

“Apelaram ainda à disponibilização imediata de fundos para apoiar serviços essenciais e os rendimentos e promover o emprego na Grécia e noutros países que sofrem as consequências das políticas de austeridade” que agravaram a pobreza e devastaram a vida de pessoas por toda a Europa, acrescenta sobre o encontro realizado em Bilbau, Espanha.

Os delegados ao Congresso Estratégico da EAPN consideram que é tempo de reconhecer a necessidade “imediata” de uma redução substancial da dívida “se não mesmo o alívio da dívida”.

“A pobreza é um dos problemas mais graves que atualmente enfrentamos. Uma sociedade civilizada não pode permanecer calada perante a injustiça e as desigualdades, nem deixar ninguém à margem. A pobreza é insustentável e intolerável”, alertou o presidente da Câmara de Bilbau, cidade que acolheu o encontro, Juan Maria Aburto.

Outra preocupação saída da Assembleia Geral da EAPN é a crise humana que continua a verificar-se nas “fronteiras da União Europeia e, em particular, no Mediterrâneo”.

“Este é o momento em que a União Europeia (UE) tem de demonstrar que está comprometida com os seus princípios fundadores da solidariedade, e do respeito pela democracia e pelos Direitos Humanos”, alerta o comunicado final que apela aos responsáveis políticos de cada país e à Comissão Europeia a aplicação da Convenção Europeia dos Direitos do Homem.

Os delegados pediram em concreto um “follow up tangível” do acordo dos Chefes de Estado e de Governo do passado mês de abril; “Os Estados-Membros partilhem a responsabilidade do acolhimento dos requerentes de asilo”; “A UE vá mais longe no combate às causas económicas e políticas da migração involuntária”.

Foi ainda saudada a decisão do Conselho Europeu em acolher 40 mil refugiados mas expressam “uma dúvida fundamental” sobre este número com o número real dos que “arriscam as suas vidas para chegar à Europa”.

Neste contexto, foi pedida às instâncias europeias ajuda para combater o “crescente racismo e xenofobia” na Europa através de uma “melhor compreensão” do contexto social, cultural e económico de quem pede asilo.

Por fim, os delegados reforçaram a necessidade de dar prioridade ao “desenvolvimento de políticas sociais” para erradicar a pobreza, a exclusão social e combater as desigualdades crescentes e firmam os seus alertas na estimativa de “22 mil migrantes mortos” no Mar Mediterrâneo”, entre 2000 e 2014 e os “mais de 121 milhões de pessoas” em situação de pobreza na EU.

CB

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Agência ECCLESIA

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