Grécia: Papa celebra Missa com minoria católica, que convida a superar medos

Francisco presidiu à Eucaristia na principal sala de concertos de Atenas

Foto: Lusa/EPA

 

Atenas, 05 dez 2021 (Ecclesia) – O Papa presidiu hoje à Missa na sala de concertos Megaron, de Atenas, onde convidou a minoria católica da Grécia a superar medos e hesitações, testemunhando a sua fé na sociedade.

“Não temais a pequenez, porque a questão não é ser pequenos e poucos, mas abrir-se a Deus e aos outros. E não temais sequer a aridez, pois não a teme Deus, que nela nos vem visitar”, disse, na homilia da celebração, com transmissão online.

O Papa partiu das passagens bíblicas propostas para a liturgia do II domingo do Advento, o tempo de preparação para o Natal no calendário católica, que se centra na simbologia do deserto e da figura de São João Batista.

“Deus surpreende-nos, as suas opções surpreendem: não entram nas previsões humanas, não seguem o poder e a grandeza que o homem habitualmente lhe associa. O Senhor prefere a pequenez e a humildade. A redenção não começa em Jerusalém, Atenas ou Roma, mas no deserto”, referiu Francisco.

O Papa sublinhou o “paradoxo do deserto”, local escolhido para a vinda de Jesus.

“Aqui está outra mensagem encorajadora: agora como então, Deus volta o seu olhar para onde dominam tristeza e solidão”, acrescentou.

Queridos irmãos e irmãs, na vida duma pessoa ou dum povo, não faltam momentos em que se tem a impressão de encontrar-se no deserto. E é precisamente aí que se faz presente o Senhor, que muitas vezes não é acolhido por quem se sente bem-sucedido, mas pela pessoa que se sente incapaz de vencer”.

A homilia assinalou o “convite à conversão” deixado por São João Batista, que é mais do que “um esforço moral”.

O Papa usou o verbo evangélico para converter, “metanoéin”.

Foto: Lusa/EPA

“Compõe-se da preposição ‘meta’, que aqui significa além, e do verbo ‘noéin’, que quer dizer pensar. Assim converter-se é pensar além, isto é, ir além da maneira habitual de pensar, além dos nossos habituais esquemas mentais”, precisou.

Francisco alertou para esquemas que reduzem tudo ao “eu”, à “pretensão de autossuficiência”.

“Converter-se significa não dar ouvidos ao que enterra a esperança, a quem repete que nada mudará nunca na vida; é recusar-se a acreditar que estamos destinados a afundar nas areias movediças da mediocridade; é não ceder aos fantasmas interiores, que surgem sobretudo nos momentos de provação para nos desanimar”, observou.

A comunidade católica na Grécia, cerca de 1% da população do país,  integra fiéis de tradições litúrgicas latina, bizantina e arménia, com grande presença de imigrantes.

A celebração eucarística, que decorreu num dos principais espaços culturais de Atenas e não num estádio ao ar livre, como aconteceu no Chipre, teve orações em grego, arménio e inglês.

No final da Missa, o Papa agradeceu pelo acolhimento e manifestou “sentido reconhecimento” às autoridades civis, a começar pela presidente da República da Grécia, e a todos os que colaboraram na organização da visita.

“Amanhã, irei deixar a Grécia, mas não vos abandonarei. Irei levar-vos comigo, na recoração e na oração”, disse.

Antes de deixar a sala de concertos Megaron, o Papa recebe uma distinção do Município de Atenas.

Após a Missa, o arcebispo ortodoxo de Atenas, Jerónimo II, faz uma visita a Francisco na Nunciatura Apostólica (embaixada da Santa Sé).

A 35ª viagem internacional do atual pontificado iniciou-se na quinta-feira, no Chipre, e prossegue até segunda-feira, dia em que o Papa regressa ao Vaticano, desde Atenas.

OC

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